AGL e Asmego: unidas pela cultura goiana

27 junho 2025 às 09h28

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Itaney F. Campos
Especial para o Jornal Opção
Participei na noite de quinta-feira, 26, na condição de presidente da Comissão de Memória e Cultura do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, de importante evento cultural na sede social da Associação dos Magistrados de Goiás (Asmego).
Achavam-se ali vários intelectuais, magistrados e escritores em geral. Destacavam-se as presenças da juíza Patrícia Carrijo, presidente da Asmego, do promotor e historiador Jales Guedes de Mendonça, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), e do acadêmico Aidenor Aires, presidente da Academia Goiana de Letras ( AGL).
A reunião foi motivada por acontecimentos de grande regozijo: o primeiro, consistente do lançamento da 2ª edição do livro “Concursos da Magistratura 1937-2025”, atualizado, cuja produção resultou de uma parceria da dra. Patrícia Carrijo, presidente da Asmego, dr. Jales Mendonça, presidente do IHGG, e Thales Murillo Costa, pesquisador e historiador de admirável cultura.
O livro tem apresentação de um dos maiores magistrados da história judiciária goiana, o ministro — hoje aposentado — Sebastião de Castro Filho, que foi desembargador do TJGO, integrou o STJ — a Corte da Cidadania —, e exerceu o magistério universitário aqui e em Brasília. Subscrevera o prefácio da 1a. Edição o insigne ministro Luiz Felipe Salomão, também do referido Superior Tribunal de Justiça.
A dra. Patrícia é uma juíza de múltiplos talentos: magistrada admirada, líder de sua classe, mãe e esposa extremosa, atuante na orientação de concursos, incansável na realização de suas metas, em defesa da magistratura goiana, por isso exerce o terceiro mandato consecutivo na Asmego; Jales Mendonça, destacado promotor de Justiça, é doutor em História pela UFG, e presidente pela segunda vez do IHGG, onde vem realizando uma administração de excelência.

Seu livro “A Invenção de Goiânia” é o mais profundo estudo disponível sobre o contexto social e político em que se engendrou a proposta ousada da criação da nova capital de Goiás, esta pujante cidade de Goiânia, erguida sob a enérgica batuta do dr. Pedro Ludovico Teixeira, na década de 1930, com o batismo cultural em 1942.
O dr. Jales incursionara, já há algum tempo, sobre a evolução institucional do Ministério Público de Goiás, ao trazer à lume o título “O Exército de um Homem Só” e também do Poder Judiciário, ao avançar pelas entranhas da composição inicial dos membros da magistratura goiana, levantando de forma metódica os certames realizados para composição dos quadros da magistratura de Goiás.
Convidou para essa incursão a presidente dos magistrados, Patrícia Bretas, como ele, uma presidente de incomparável dinamismo e energia. Essa dupla faz história, deixa exemplos magníficos. São imaginativos, inquietos, ambiciosos, mobilizadores dos seus segmentos sociais.
Merecem muitos aplausos.
O prefácio de Castro Filho é bastante preciso ao registrar a importância da obra para a memória institucional e social da Justiça e sociedade goianas. A memória tem o importante papel de permitir o conhecimento, o senso de pertencimento e de valorização institucional. Valorizar o PJ é valorizar a democracia.
Tive a honra de, como membro da magistratura e do IHGG, ser convidado para participar desse empreendimento histórico e intelectual, subscrevendo o texto da orelha da capa do livro sobre concursos. Honrou-me sobremaneira o convite, ao ladear tão expressivas personalidades. E ainda pela oportunidade que me foi dada de me dirigir aos meus pares, magistrados e acadêmicos.
Também nos reunimos ali para brindar a eleição de Jales Mendonça para integrar a Academia Goiana de Letras, sodalício que reúne a fina flor da intelectualidade de Goiás, desde o seu nascimento, em 1939, na infância desta bela capital, fruto que foi, essa entidade, da semeadura procedida pelo professor Colemar Natal e Silva. Nos seus umbrais transitaram os mais relevantes nomes das letras goianas, do romance, do conto, da crônica, do ensaio e da poesia, de Cora Coralina à Bernardo Élis.
Jales engrandece as instituições que integra, e na AGL não será diferente. É participativo, agregador, cheio de iniciativas e, enfim, um intelectual realizador, de que estamos sempre precisados porque cultura, neste país, não é prioridade dos governos. Sem agentes culturais atuantes corremos o risco de ver predominar as sombras do obscurantismo, do fundamentalismo religioso, da anticultura, enfim, da ignorância como princípio do Poder.
Acredito firmemente que Jales vem como um Quixote, para cultivar conosco as sementes da criação cultural. As portas da Casa Colemar Natal e Silva abrem-se com alegria para acolhê-lo.
Itaney F. Campos, desembargador do TJ-Goiás, é escritor e colaborador do Jornal Opção.