Um adolescente de 14 anos foi preso em Itaperuna (RJ) depois de confessar ter assassinado os próprios pais e o irmão de apenas três anos. O crime é investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ), que apura se o adolescente tentou obter R$ 33 mil do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do pai. A suspeita surgiu quando os policiais encontraram uma pesquisa no celular do menino com a expressão “como receber FGTS de falecido”, embora ele tenha afirmado em depoimento que só fez a consulta após os assassinatos, o que pode afastar uma possível premeditação.

O crime ocorreu no último sábado, 21, logo após o adolescente ter sido impedido pelos pais de viajar para o Mato Grosso e se encontrar com uma adolescente de 15 anos. Durante a perícia doméstica, conforme relatou o titular da 143ª DP, o delegado Carlos Augusto Guimarães, “encontramos uma bolsa de viagem já pronta para viajar. Nela, estavam os celulares das vítimas.”

Ainda segundo o delegado, “o adolescente não deu muitos detalhes sobre a namorada, mas falou que eles se conheceram nesses jogos online. Ao que tudo indica, ele teria ficado descontente com a proibição dos pais sobre a viagem para o Mato Grosso”.  As autoridades também estão em contato com o Mato Grosso para localizar a garota envolvida.

Declaração à polícia e descoberta dos corpos

Inicialmente, o garoto apareceu na delegacia junto com a avó paterna para reportar o desaparecimento da família. Ele alegou que o irmão havia se engasgado com um caco de vidro e que os pais teriam saído para socorrê-lo. No entanto, o delegado Guimarães revelou que não havia qualquer registro do movimento da família em hospitais da cidade.

Levados a casa pelos agentes para uma perícia, os policiais encontraram manchas de sangue no colchão do casal, roupas ensanguentadas com indícios de queimadura e um forte mau cheiro. Os corpos foram achados na cisterna do terreno, onde havia grande quantidade de sangue.

“A quantidade de sangue era incompatível com o acidente doméstico que ele narrou para a gente. Depois que localizamos o corpo, ele confessou o crime. Disse ter dado um tiro na cabeça do pai e da mãe; no irmão, foi no pescoço. Perguntamos porque ele matou o menino, e ele disse que foi para poupá-lo da perda dos pais”, revelou o delegado.

Em depoimento, o adolescente explicou que aproveitou o momento em que os pais dormiam para agir, ele dormia no quarto dos pais pois era o único cômodo com ar-condicionado. 

“Ele revelou que, na noite do crime, tomou um pré-treino para ficar acordado. Depois que todos dormiram, pegou a arma escondida embaixo do colchão do casal — que pertencia ao pai — e cometeu os assassinatos”, relata o delegado.

Após matar a família, o garoto usou um produto de limpeza para limpar o chão e arrastou os corpos até a cisterna, localizada a cerca de quatro ou cinco metros do quarto.

“Ele foi muito espontâneo ao contar como cometeu os crimes. É um menino frio, sem remorso. Perguntamos se ele se arrependia, e ele disse que não, que faria tudo de novo. As respostas que ele nos deu foram rápidas e o tempo todo ele se autoafirmava como homem. Tinha um “que” de psicopatia. Ele pode ter premeditado tudo ou é um menino muito inteligente”, concluiu o delegado.

A arma usada no crime foi encontrada na casa da avó paterna, que relatou ter recolhido o objeto por receio de que o neto pudesse se ferir. Até o momento, a Polícia Civil não acredita que ela tenha participado do crime. 

As autoridades seguem apurando o caso para esclarecer todas as circunstâncias e identificar o que de fato motivou o adolescente a cometer os assassinatos.

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