A liberdade de expressão seletiva do senador Wilder Morais

31 julho 2025 às 17h30

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O senador Wilder Morais (PL) se apresenta como um intransigente defensor da liberdade de expressão, ecoando o discurso bolsonarista contra qualquer tentativa institucional de regulação das redes sociais. Porém, na prática, o comportamento do parlamentar revela uma face bem diferente daquele que prega o livre fluxo de ideias e opiniões.
Nos últimos meses, Wilder protocolou ao menos três ações judiciais na Justiça goiana com o objetivo de retirar do ar conteúdos jornalísticos que, segundo ele, seriam prejudiciais ao seu projeto político. As matérias, publicadas em meios de comunicação independentes e na internet, foram classificadas por sua assessoria como “inverídicas”, um rótulo que, na visão do senador, justificaria a censura e a indenização.
A Justiça de Goiás, por sua vez, não concordou com a tese do parlamentar. Em pelo menos duas das ações impetradas por Wilder, os juízes não viram elementos concretos que sustentassem a concessão de tutela antecipada de urgência. Em outras palavras: as publicações contestadas permanecem disponíveis, respaldadas pelo princípio constitucional da liberdade de imprensa.
A insistência de Wilder em buscar, por via judicial, a remoção de reportagens revela não apenas intolerância à crítica, mas uma apontada contradição entre o que o senador diz defender e aquilo que efetivamente pratica.
Wilder Morais se junta com entusiasmo a seus correligionários para criticar as decisões do Supremo Tribunal Federal, especialmente aquelas que envolvem a moderação de conteúdo nas plataformas digitais. Acusa o STF de censura, de autoritarismo, de atacar liberdades civis. Mas, aparentemente, não hesita em tentar usar o aparato judicial para silenciar veículos de comunicação locais que divulgam fatos e análises que o desagradam.
Esse comportamento seletivo corrói a credibilidade do discurso bolsonarista em defesa da liberdade de expressão. Ao recorrer sistematicamente ao Judiciário para calar a imprensa, Wilder Morais não apenas fere o princípio democrático da pluralidade de vozes, como também expõe seu verdadeiro compromisso: não com a liberdade, mas com o controle da narrativa em benefício próprio.