6 livros gays mais importantes e decisivos da história da literatura

02 setembro 2025 às 14h05

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Ao longo dos séculos, a literatura foi a grande responsável por quebrar tabus, modificar pensamentos e trazer à tona novas formas de ver o mundo. Ora adorados, ora odiados, às vezes temidos e até proibidos, há livros que, inevitavelmente, ao explorarem temas considerados “chocantes” para à época de publicação, tornam-se marcos históricos de uma revolução realizada por meio de tinta e papel.
A homossexualidade – que, ao contrário do que pregam fundamentalistas, é tão natural, antiga e presente na sociedade quanto o próprio início da civilização – é um desses temas retratados em obras literárias que causaram o furor de reacionários, mas contribuíram para a expansão irreversível do pensamento acerca do amor de um indivíduo por outro do mesmo sexo.
O Jornal Opção lista, neste artigo, seis livros com romances homossexuais que se estabeleceram como uma referência no gênero. De forma sutil e doce ou escancarada e sexual, cada uma dessas obras trouxe, ao seu modo, uma visão de como o amor não conhece limites de gênero.
1 – Maurice, de E. M. Forster
Publicado originalmente em 1971, mais de 50 anos após ser escrito (depois, inclusive, da morte do autor), Maurice, do inglês E. M. Forster, traz a história de um rapaz, que dá nome à obra, e sua atração por outros homens. De sua adolescência à fase adulta, Maurice Hall aparece na figura do homem inglês tradicional, mas que, por dentro, almeja se ver livre das pressões e amarras da sociedade para viver seus reais desejos. Um livro essencial para entender como um ser humano pode entrar em conflito com sua identidade em uma época em que a sociedade diz que ela não pode existir.
O livro, inclusive, deu origem a um filme de mesmo nome, de 1987.

2 – O Quarto de Giovanni, de James Baldwin
Considerado um clássico do gênero, O Quarto de Giovanni tem referências autobiográficas do autor, o norte-americano James Baldwin, e acompanha uma relação bissexual envolvendo o americano David, sua namorada Hella e Giovanni, um garçom italiano por quem David se apaixona. Nesta história, o amor homoafetivo se divide com o heterossexual, mostrando o que significa a bissexualidade: ao contrário do que muitos erroneamente pensam, não é indecisão, mas sim a capacidade de sentir-se atraído igualmente por ambos os sexos.

3 – Confissões de uma Máscara, de Yukio Mishima
Este romance autobiográfico traz a história de um jovem japonês que se descobre gay em um tempo de profunda turbulência: a Segunda Guerra Mundial. Confissões de uma Máscara se passam em uma época em que a homossexualidade era tratada como um distúrbio, e também expõe os conflitos internos de Koo-chan, que até tenta, mas não consegue se interessar por mulheres.
É uma daquelas obras em que o desejo sexual é explorado de maneira crua. Na história, Koo-chan nutre fetiches que mesclam o impulso sexual com a violência sadomasoquista. O jovem chega a imaginar um “teatro da morte”, no qual jovens lutadores se enfrentariam como gladiadores, exclusivamente para seu prazer.

4 – Morte em Veneza, de Thomas Mann
A obra retrata a paixão platônica e avassaladora de um escritor de meia idade, o alemão Gustav Aschenbach, pelo belo e jovem Tadzio. Para Aschenbach, a velhice causa repulsa, enquanto a presença do jovem o arrebata. É como se nele reconhecesse a própria essência da beleza. Em termos platônicos, essa contemplação significa a ascensão do espírito a seu grau máximo de pureza. Uma obra de intertexto filosófico , e que inspirou livros e filmes por gerações adiante.

5 – Bom Crioulo, de Adolfo Caminha
O livro conta a história de Amaro, um escravo fugitivo que encontra na Marinha a chance de concretizar seu desejo por liberdade. Forte e robusto, ele logo se destaca como um marinheiro prestativo e generoso, recebendo o apelido de “Bom Crioulo”. Amaro, então, conhece Aleixo, e a partir daí se desenrola uma narrativa marcada pelo desejo, pela frustração e pela tragédia. A obra foi publicada em 1895 e, ao retratar a relação homoafetiva entre um homem negro e um branco, causou grande controvérsia na época.

6 – O Barão de Lavos, de Abel Botelho
Publicado em 1891, o Barão de Lavos, do português Abel Botelho, conta a história de Sebastião, um aristocrata que se envolve com Eugénio, jovem humilde e interesseiro. A paixão leva o barão a romper convenções, entregar fortuna e prestígio, até mergulhar em ruína moral e material. Sob a ótica naturalista, o romance associa a relação homoerótica à degeneração, refletindo os preconceitos da época, mas também revelando a falência da aristocracia portuguesa do século XIX.
O Barão de Lavos é considerada a primeira obra literária com um protagonista abertamente homossexual de um romance em língua portuguesa.

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