12 escritores brasileiros que merecem o Nobel de Literatura. Saiba quais são os favoritos globais

06 agosto 2025 às 15h45

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O Prêmio Nobel de Literatura será anunciado em 10 de outubro de 2025, numa sexta-feira, em Oslo, na Noruega.
A Academia que premia o Nobel muitas vezes desagrada leitores e escritores. Os nomes para mais cotados para este ano saíram em listas especulativas anteriores. Em 2024, a sul-coreana Han Kang foi a vencedora. Por isso há quem acredite que o novo Nobel não virá da Ásia. Mas o japonês Haruki Murakami aparece na lista dos favoritos.
Lista de nomes cotados
Adonis — O poeta e ensaísta sírio sempre figura na lista dos altamente cotados. Sua poesia é de rara excelência.
Anne Carson — A poeta e ensaísta canadense é uma aposta frequente para o Nobel. É uma grega que nasceu na América. Há história vívida — de uma finura que faz o cérebro tremer de prazer — em sua bela poesia.
António Lobo Antunes — Considerado o maior escritor vivo de Portugal, é polêmico e, por isso, às vezes desagrada acadêmicos.
Can Xue — O atual quadro geopolítico pode atrapalhá-la ou ajudá-la? A chinesa é uma escritora brilhante, modernista.
César Aira — O escritor argentino merece o Nobel de Literatura. Sua prosa é de alta qualidade. Como ignorou Jorge Luis Borges, a Academia poderia escolher Aira para compensar o erro que cometeu com Borges. Aira é também crítico literário, dos melhores. Escreveu inclusive sobre brasileiros, num dicionário de autores latino-americanos, com rara perspicácia crítica.
Haruki Murakami — O japonês não sai das listas dos cotados. É best-seller global.
Ian McEwan — O escritor britânico escreveu um romance, “Reparação”, que, por si, vale o Nobel de Literatura. É uma espécie de “A Montanha Mágica” da Velha Albion.
Jamaica Kincaid — Escritora antiguana. Das melhores. Merece, e muito, o Nobel.
Joyce Carol Oates — A notável escritora americana merece o Nobel de Literatura há anos. Mas a Academia nórdica parece ignorá-la sistematicamente, como se fosse a Philip Roth de saia. “A Filha do Coveiro” é um de seus romances mais relevantes.
Julian Barnes — O escritor britânico é tão bom quanto Ian McEwan e Martin Amis. Escreve uma prosa variada, às vezes usando a imaginação — a ficção — para compreender, de maneira mais vívida, o real. A realidade é mais bem assimilada quando a ficção a potencializa.
Ludmila Ulitskaya — Escritora russa, é um nome forte para o prêmio.
Mircea Cărtărescu — O escritor romeno Mircea Cărtărescu, recém-descoberto no Brasil, é avaliado como possível ganhador.
Salman Rushdie — Escritor de primeira linha, sempre perseguido, se ganhar, será um prêmio à sua literatura e à sua luta pela liberdade de expressão. E, claro, de ficar vivo.
Fatores que influenciam a escolha
A Academia Sueca, responsável pelo Nobel, busca reconhecer obras que promovam a paz e a fraternidade entre os povos.
A diversidade geográfica e de gênero também são critérios importantes na escolha.
A Academia Sueca não divulga a lista de indicados e mantém em sigilo os nomes por 50 anos.
O anúncio do Prêmio Nobel de Literatura de 2025 está previsto para outubro de 2025. (Informações da Wikipédia)
12 brasileiros que engrandeceriam o Nobel de Literatura
No Brasil há vamos nomes que merecem o Nobel de Literatura, uma lista mínima inclui 12 nomes, listados a seguir em ordem alfabética, e não de importância.
1
Adélia Prado

Maior poeta viva da Língua Portuguesa. Guardadas as diferenças, é uma espécie de John Donne tropical. Trata-se de uma poeta lírica. Porém, por mais que não seja avaliada assim, há uma contenção, que segura o “drama” — seu derramamento —, traduzida numa linguagem refinada. Sua poesia é tão cerebral quanto a de João Cabral, mas sem perder a força do lirismo, às vezes contido, hora não. É autora de “Bagagem” e “Deus e Eu no Jardim”.
2
Ana Maria Gonçalves
É preciso tratá-la como grande escritora, como reinventora da literatura brasileira, e não só como “escritora negra”. O romance “Um Defeito de Cor” tem lugar garantido entre “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, “Perto do Coração Selvagem”, de Clarice Lispector, e “As Meninas”, de Lygia Fagundes Teles. Em suma, é, ao lado de Raduan Nassar, Cristóvão Tezza e Lobo Antunes, a maior prosadora viva da Língua Portuguesa.
3
Augusto de Campos

Há quem postule que é mais tradutor (e crítico) do que poeta. Mas é importante ressaltar: tem uma obra bem avaliada pela crítica. Um dos pais do concretismo, ao lado de Haroldo de Campos e Décio Pignatari.
4
Bernardo Carvalho

Trata-se de um dos mais importantes escritores brasileiros, com uma obra consolidada (e em construção). É autor de “Nove Noites” e “Simpatia”. Ele tem uma qualidade literária média. Mais para o alto do que para baixo. O crítico Wilson Martins foi um dos primeiros a notá-lo como um escritor diferenciado.
5
Chico Buarque

O cantor e compositor é, também, um prosador de primeira linha (filho do noveau roman?). “Estorvo”, “Benjamin” e “Leite Derramado” são romances de qualidade.
6
Cristóvão Tezza

Nascido em Santa Catarina, é apresentado como escritor do Paraná, onde mora. É um prosador tão bom quanto Ana Maria Gonçalves e Raduan Nassar. Basta conferir “O Filho Eterno”, “O Fotógrafo”, “A Tradutora” e “A Tirania do amor”. É ensaísta de primeira linha.
7
Edival Lourenço

Além de poeta dos melhores, é um prosador da estirpe de Ana Maria Gonçalves (os leitores desta ganharão se ler o parça de profissão). No romance “Naqueles Morros, Depois da Chuva” reinventa, por meio da ficção, a história brasileira. Não no sentido de torná-la negativa ou positiva, e sim de compreendê-la de maneira ampla e vívida. Ele escreveu outro belo romance, “Centopeia de Neon”.
8
Itamar Vieira Júnior

Trata-se de um epígono tardio do realista socialista? A rigor, não. “Torto Arado” o consagrou nacional e internacionalmente.
9
Jeferson Tenório

Se Jeferson Tenório fosse americano ou europeu, seu excelente romance “O Avesso da Pele” já teria sido levado ao cinema. Trata-se de uma obra notável.
10
Maria José Silveira

Uma das melhores prosadoras da atualidade. Trata-se de uma escritora que aprendeu tudo com os modernistas, mas não está presa a nenhuma camisa de força literária. O romance “A Mãe da Mãe de Sua Mãe e Suas Filhas” é equivalente, em qualidade literária, a “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves. Sua literatura é o que se pode chamar de simples-sofisticado ou refinado. Se os americanos o descobrirem poderão fazer filme e série.
11
Milton Hatoum

“Relato de um Certo Oriente” e “Dois Irmãos” garantem o Nobel para qualquer um. Menos para um brasileiro? Trata-se de uma voz global partir do local, o Brasil.
12
Raduan Nassar

“Lavoura Arcaica” e “Um Copo de Cólera” são pequenos diamantes para o cérebro dos grandes leitores. Sua obra, pequena, o consagrou como um dos mais importantes escritores globais. Quase um Tchékhov dos trópicos.