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A presença feminina segue restrita nos espaços de maior poder da Câmara dos Deputados. Segundo o Índice de Influência Parlamentar (IFI), apenas 12% dos parlamentares mais influentes do biênio 2025-2026 são mulheres — número inferior à própria composição da bancada feminina, que representa 18% do total de cadeiras na Casa. Dentre as 12 deputadas, há uma de Goiás: Flávia Morais (PDT).

A influência, de acordo com o levantamento, está concentrada principalmente em deputados homens de partidos do Centrão, como PP, PL, União Brasil e Republicanos. Já entre as mulheres, a distribuição é mais plural, com representantes tanto da direita quanto da esquerda: PL e PSOL aparecem com três nomes cada, seguidos por Novo, PCdoB, PDT, PSD, PT e União Brasil, com uma parlamentar cada.

Tabela com colocação das 12 deputadas que aparecem no Índice de Influência Parlamentar | Foto: Reprodução

O relatório foi divulgado nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem) em parceria com o Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Diversidade entre as mulheres

Apesar da baixa presença numérica, o estudo destaca a diversidade geracional, regional e ideológica entre as mulheres que figuram no ranking. Há desde jovens deputadas, como Yandra Moura (União-SE), Chris Tonietto (PL-RJ), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG), todas com 35 anos ou menos, até veteranas, como Benedita da Silva (PT-RJ), de 83 anos.

“Ainda que a participação feminina no top 100 seja pequena, a diversidade ideológica, geracional e regional entre essas mulheres é significativa”, analisa Maiane Bittencourt, cientista política e pesquisadora da UFPR, uma das autoras do estudo. Ela também destacou o protagonismo de parlamentares indígenas e de esquerda em relatorias estratégicas, o que, segundo a pesquisadora, pode indicar novos padrões de inserção institucional, ainda que discretos.

Como é medido o índice

O IFI avalia os 513 deputados com base em três critérios principais:

  • Concentração de poder: cargos que permitem forte influência nas decisões;
  • Liderança unitária: funções que só podem ser ocupadas por uma pessoa por vez;
  • Duração: cargos que não são temporários.

As notas são atribuídas considerando presidência da Mesa Diretora ou de comissões, relatorias de projetos relevantes e liderança partidária — incluindo ocupações em legislaturas anteriores, desde 1999. A partir disso, os pesquisadores aplicam uma média ponderada, numa escala de 0 a 10, para calcular o potencial de influência de cada parlamentar.

Importância estratégica

Para Bittencourt, o índice permite enxergar além dos indicadores tradicionais, como número de proposições apresentadas ou presença em plenário. “Ao mensurar, com base empírica, a ocupação de cargos estratégicos, ele traduz uma dimensão muitas vezes invisível, mas determinante, da política legislativa: quem tem acesso aos mecanismos decisórios”, afirma.

Segundo ela, o IFI pode servir como insumo estratégico para gestores públicos, sociedade civil e imprensa. “Ele oferece uma fotografia detalhada de quem tem poder decisório dentro da Câmara, permitindo identificar quais parlamentares têm maior capacidade de pautar, travar ou acelerar agendas legislativas”, completa.

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