Teste do bafômetro: Goiânia responde por quase 60% das autuações

03 julho 2023 às 10h47

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A falta de educação, aliada à irresponsabilidade fez com que o número de motoristas parados com sinais de embriaguez, mas que se recusaram a fazer o teste do bafômetro chegasse a 2.395 nos primeiros quatro meses de 2023, em Goiás. Segundo os dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), por dia, são em média 20 autuações, o que gera quase 600 ocorrências mensalmente.
Apenas Goiânia foi responsável por registrar, entre o período de 1ª de janeiro a 30 de abril, 1,4 mil motoristas que optaram por não soprar o aparelho. Ou seja, 58,4% de todas as infrações ocorreram na capital, conforme o órgão. Porém, se comparado ao mesmo período do ano passado, o número de autuações tanto no estado quanto em Goiânia sofreu redução de 17,2% e 9,6%, respectivamente. Isso porque, em 2022, foram registradas 2.920 e 1.550 ocorrências.
Vale ressaltar que, mesmo tendo o direito de não fazer o teste, o motorista que se recusar pode ser autuado por infração gravíssima, gerando multa de mais de R$ 2,9 mil, além da suspensão do direito de dirigir por 12 meses, de acordo com o Código de Trânsito.
Se constatado que o teor alcoólico é maior do que o permitido (0,06%), o condutor pode sofrer as mesmas penalidades. O agravo deste tipo de punição, no entanto, seria a proibição do direito de dirigir e a prisão de no máximo três anos.
Acidente deixa quatro mortos
A estudante de psicologia, Kárita Branquinho, de 41 anos, perdeu o filho, Gabriel Branquinho, de 22 anos, no dia 20 de maio de 2022 por conta desta grave imprudência no trânsito: a alcoolemia. Além do filho, a mulher também perdeu a nora Stéphanie Michelle Lourenço, a sogra e a mãe da nora, que acompanhavam Gabriel.
As vítimas morreram após o carro em que estavam capotar na GO-164, em Santa Helena de Goiás, depois de serem atingidos por outro veículo. O motorista responsável pela colisão era Luís Antônio Arantes Ferreira Tosta, de 18 anos, que estava embriagado quando provocou o acidente. Apenas ele, entre os cinco ocupantes dos dois carros, sobreviveu.
Luiz chegou a ser indiciado pela Polícia Civil (PC) por homicídio doloso, quando há intenção de matar, mas acabou sendo liberado. Mais de um ano depois, Kárita ainda sente a perda do filho, que planejava começar uma família com a companheira também falecida.
“Ele me tirou o direito de ser avó, tirou o irmão das minhas filhas. No último dia das mães que meu filho passou comigo, ele disse que estava pensando em ser pai”, afirmou.
A estudante diz que recebeu a notícia do acidente na manhã de um sábado, após acordar com o marido aos prantos. Enquanto chorava, o marido de Kárita disse o que havia acontecido com o filho do casal. Devido à gravidade do acidente, Gabriel não conseguiu nem mesmo esperar pelo socorro e morreu no local.
“Acordei com meu marido aos prantos na sala, no primeiro momento foi choque e neguei que era meu filho. Até hoje é difícil definir uma sensação. Sinto impotência e uma certa revolta. Sinto muito falta dele e espero que a Justiça seja feita”, disse.
Operação Balada Responsável
Semanalmente, o Detran realiza 12 operações da Balada Responsável, em Goiânia, de acordo com o presidente do Detran, Waldir Soares. As ações são realizadas em parceria com a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), a Polícia Militar (PM) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM).
Waldir conta ainda que o órgão tem investido em educação e concentrado esforços na fiscalização para inibir condutas que coloquem em risco a vida do cidadão. Para ele, a combinação de álcool e direção é responsável por grande parte das mortes no trânsito e, ao evitar que os condutores dirigem bêbados, vidas são salvas, inclusive, a vida do motorista.
“Hoje não tem mais aquele balão gigantesco identificando os locais. As operações são levadas a vários pontos de Goiânia, sendo que alguns ocorrerem mais fiscalização, como no Setor Marista, devido à grande quantidade de bares e infratores naquele local”, explicou.
Crimes
Conforme o delegado Hellyton Carvalho, da Delegacia de Crimes de Trânsito (Dict), o fato de dirigir embriagado pode enquadrar em uma série de crimes, principalmente se o motorista se envolver em um acidente. Entre os crimes estão: embriaguez ao volante, lesão corporal leve ao volante, lesão corporal grave ou gravíssima ao volante e homicídio culposo ao volante.
O investigador afirma que o álcool afeta os sentidos do condutor, como os reflexos e o raciocínio, fazendo com que ele fique vulnerável a provocar acidentes, inclusive, com mortes. Para ele, os números de motoristas alcoolizados refletem a falta de educação no trânsito.
“O álcool faz com que o motorista assuma condutas de alto risco, como excesso de velocidade e o não uso do cinto de segurança. A arma mais eficaz para esse tipo de comportamento é a educação. É necessário investir cada vez mais na educação dos nossos motoristas para que haja conscientização”, concluiu.
Lei Seca
Criada em 2008, a Lei Seca evoluiu e tem contribuído para a redução de acidentes e mortes no
trânsito. Além de tolerância zero para o álcool, a legislação permitiu que o condutor que se
negasse a realizar o teste do etilômetro pudesse ser penalizado.
O condutor flagrado dirigindo sob efeito de álcool é multado no valor de R$ 2.934,70, tem o
veículo retido e a CNH suspensa por 12 meses. Se for constatada a embriaguez, além das
sanções administrativas, o condutor é encaminhado à Polícia Civil e pode pegar pena de seis
meses a três anos de detenção.