Wanderlei toma posse como o primeiro tocantinense eleito governador
01 janeiro 2023 às 00h02

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O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) precisou apenas de um ano de gestão para mostrar competência administrativa e conquistar a confiança do eleitor para continuar no comando do Palácio Araguaia, por mais quatro.
O vice-governador que se tornou governador há um ano e três meses do término do mandato, quando o cenário político parecia plenamente controlado pelo então governador Mauro Carlesse (Agir), que detinha um volume considerado de recursos para investir no último ano de governo e se eleger senador, protagonizou uma virada histórica na política do Estado. De vice apagado e ignorado, ao tomar posse da caneta de governador, virou o jogo. Conseguiu entregar resultado, se projetando como um gestor ágil, coerente e líder popular. O suficiente para virar fenômeno eleitoral.
Wanderlei, que até então, corria o sério risco de se contentar em ser candidato a deputado federal com poucas chances de eleição, conquistou uma das maiores votações para o governo do Estado, 58, 37% dos votos válidos. Só perdeu para os ex-governadores Marcelo Miranda, na sua primeira reeleição em 2002 que obteve 60,60% e Siqueira Campos, na reeleição em 1998 que obteve 61,5% dos votos válidos.
Wanderlei, ainda conquistou a cadeira do Senado, com a Professora Dorinha (UB); a maioria da bancada federal e a maioria absoluta da Assembleia Legislativa, 16 dos 24 deputados. Na prática, Wanderlei tende a contar com apoio de pelo menos 20 dos 24 deputados.
Expectativa
Até agora Wanderlei Barbosa cometeu pouquíssimos erros, se considerar o tempo que ocupa o Palácio Araguaia e a pouca experiência no Executivo, até então. Se pode afirmar que em 15 meses à frente do Palácio Araguaia o governador foi impecável no trato político e na condução da gestão. Salvo em duas ou três situações em que o governador agiu por impulso ou orientado por bajuladores, foi muito bem em suas decisões.
Do ponto de vista político a declaração de apoio ao presidente [Jair] Bolsonaro no segundo turno, pode ser considerada como uma decisão equivocada, visto que tinha zero por cento de possibilidade de mudar algum resultado, mas tinha o risco de fortalecer o discurso da oposição. Um gestor tem todo o direito de seguir determinados candidatos. Mas neste caso, Wanderlei tinha muito a perder e nada a ganhar. Em ligação com o presidente Lula tinha acabado de empenhar a palavra de que manteria a neutralidade na disputa presidencial, que fez muito bem no primeiro turno.
Ao que se sabe, Wanderlei antedeu aos apelos de familiares próximos ao anunciar apoio ao Bolsonaro. O resultado é que o governador perdeu a oportunidade de ser um líder influente em Brasília e agora terá que depender da boa vontade de líderes lulistas para abrir as portas do Palácio do Planalto. O prestígio da senadora Kátia Abreu (PP), junto ao governo Lula, indica que o governador vai precisar recorrer a adversários como interlocutores para construir pontes no novo governo.
Do ponto de vista administrativo, o Projeto de Emenda à Constituição da Reforma da Previdência pode ser visto como um erro grave do governador, visto que causou um desconforto inclusive entre deputados da base. O deputado Ricardo Ayres (Republicanos) pediu para retirar a proposta da pauta de votação da Assembleia Legislativa, aparentemente surpreso com a medida. A declaração do deputado realça bem a crise que o governo deve enfrentar ao revelar uma faceta autoritária, pouco dias após às eleições.
“Queria pedir ao governador Wanderlei Barbosa que retire a proposta da Assembleia. Nem ele, e nem a equipe dele, jamais apresentaram essa ideia na campanha e nem antes para discutir com os servidores. Agora, protocolaram uma PEC desse jeito, que nos faz mal”, afirmou o deputado Ricardo Ayres (Republicanos) relator da proposta, ao solicitar a retirada da matéria da pauta da Comissão de Constituição, Justiça e Redação.
Fora esses poucos deslizes, Wanderlei Barbosa, surpreendeu no comando do Palácio Araguaia nesses 15 meses de gestão. Principalmente, quando se observa que o governador não tinha nenhuma experiência no Executivo, a não ser o curto período como subprefeito do distrito de Taquaruçu, o que só ressalta a pouca experiência. Wanderlei não só surpreendeu administrativamente como virou fenômeno eleitoral.
É com esta condição que o filho ilustre de Taquaruçu assume o mandato, neste domingo 1º de janeiro de 2023, em meio a enorme expectativa, como o primeiro tocantinense eleito governador. Wanderlei tem mais quatro anos de mandato e uma oportunidade rara de entrar para a história como um dos melhores gestores do Tocantins. O que fez até aqui o coloca como forte candidato. É preciso ter vigilância para não deixar o poder subir à cabeça e terminar na vala comum da história. Neste caso, os erros cometidos são muitos importantes. Servem como limites prudenciais do que se pode e do que não se deve fazer no comando do principal cargo do Estado, a chefia do governo.