Tudo pelo eleitor

06 maio 2018 às 00h00

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Políticos começam a sair do gabinete para angariar votos pelo Estado

A campanha eleitoral extemporânea começou de vez. A ampla maioria dos políticos saiu dos gabinetes, definitivamente, para pedir votos. Cidades ou povoados, cujas populações nunca haviam sentido sequer o cheiro desses “representantes do povo”, agora convivem com sua rotineira presença, ao som de jingles animados, efusivos abraços e a garantia de que dias melhores virão. Será?
Pois bem, devidamente autorizados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os candidatos começaram as peregrinações pelo Tocantins afora. Vicentinho Alves (PR) e Kátia Abreu (PDT) iniciaram o giro pela região do Bico do Papagaio, pobre por natureza, todavia, rica em número de votos. Conquistar o norte do Estado como um todo e, por consequência, a região, é meio caminho andado, na visão dos pretendentes ao cargo de governador.
O roteiro sempre conta com caminhadas, cavalgadas, carreatas e até “canoadas” se a cidade possuir características ribeirinhas. Não foi diferente com ambos os candidatos, que enfrentaram toda sorte de intempéries – inclusive pouso de aeronaves em pistas de terra – em busca do famoso “votinho de confiança”.
Em suma, os dois senadores e ora candidatos ao governo do Tocantins reuniram milhares de pessoas no pequeno “tour”, demonstrando a força que possuem junto aos prefeitos, cujo irrestrito apoio certamente está atrelado aos vínculos partidários ou em razão das emendas parlamentares direcionadas às cidades ao longo dos anos. Para ambos foi, sem dúvidas, um bom começo de jornada, que segue agora para outras regiões, nos próximos dias.
Já o candidato Mauro Carlesse (PHS) ainda não colocou o “pé na estrada”. Ainda não se sabe se isso se deve ao deslumbramento pelo exercício do cargo interinamente, se foi pelos próprios compromissos institucionais ou se ele ainda tem dúvidas que o registro de sua candidatura será deferido, uma vez que o registro junto ao TRE foi feito fora do prazo, com 33 minutos de atraso.
O governador interino formou – sabe-se lá ao custo de quais promessas – um forte grupo político (basicamente aquele mesmo que apoiou Raul Filho nas eleições municipais e perdeu). Essa gama de políticos reunidos tem capacidade de angariar muitos votos para o candidato em todas as regiões do Estado, inclusive no Bico do Papagaio. Contudo, antes de eles iniciarem essa jornada atrás do eleitorado, é necessário que o candidato o faça antes. Portanto, está demorando muito para Carlesse entrar de vez no ritmo de campanha eleitoral.
E causa interesse o candidato Carlos Amastha (PSB). A despeito de muito barulho midiático, o candidato perdeu, já na saída, um incontável número de votos ao anunciar a coligação com os esquerdistas PT e PCdoB. Um enxame de comentários do tipo “perdeu meu voto” obrigou a assessoria da coligação a deletar o post da rede social Facebook, que transmitiu a convenção do partido.
Após isso, Amastha foi o primeiro a iniciar a campanha. Logo na primeira viagem, um trágico acidente que acabou por vitimar o ex-deputado Junior Coimbra, colocou uma espécie de “pé no freio” no entusiasmo do ex-prefeito. Com a perda da liderança que iria introduzir seu discurso pelo interior (dizem as más línguas – e as boas também – que Amastha só tem votos em Palmas), a campanha ficou capenga e desnorteada. O candidato concluiu que não tem outro líder – entre os companheiros que restaram – com tamanha penetração nas cidades interioranas.
Como não há retrocessos, o candidato pessebista seguiu em frente em caravana liderada pelo que apelidou de “busão do Amastha”. Fiascos à parte, os comícios e palestras têm tido pouquíssima audiência, ao ponto de o candidato ouvir as reivindicações populares de dentro do ônibus mesmo, face ao inexpressivo número de pessoas interessadas em assediá-lo.
No entanto, a campanha eleitoral segue forte nas redes sociais, num misto de demagogia e populismo que toma conta dos posts, na vã tentativa de classificá-lo como um candidato popularesco, ora degustando um prato do tradicional chambaril numa bodega da esquina, ora andando de bicicleta com uma criança pobre na garupa.
O que não pode deixar de ser reconhecido é que Amastha aprendeu muito de política após cinco anos à frente da Prefeitura de Palmas. Já pode, inclusive, ser classificado como “velha raposa”. O que nos garante que ele não está usando esta campanha, na eleição suplementar, para rodar por todo o Estado e se tornar conhecido? O que nos garante que o verdadeiro foco do ex-prefeito é a eleição de outubro e ele está fazendo desse pleito apenas um trampolim?
Olho vivo, muitas vezes o sujeito pode ter só a cara e o jeito de bobo.