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Políticos começam a sair do gabinete para angariar votos pelo Estado

Carlos Amastha come chambaril em boteco: vale tudo na busca pelo voto para o mandato-tampão de governador | Foto: Divulgação

A campanha eleitoral extemporânea começou de vez. A ampla maioria dos políticos saiu dos gabinetes, definitivamente, para pedir votos. Cidades ou povoados, cujas populações nunca haviam sentido sequer o cheiro desses “representantes do povo”, agora convivem com sua rotineira presença, ao som de jingles animados, efusivos abraços e a garantia de que dias melhores virão. Será?

Pois bem, devidamente autorizados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os candidatos começaram as peregrinações pelo Tocantins afora. Vicentinho Alves (PR) e Kátia Abreu (PDT) iniciaram o giro pela região do Bico do Papagaio, pobre por natureza, todavia, rica em número de votos. Conquistar o norte do Estado como um todo e, por consequência, a região, é meio caminho andado, na visão dos pretendentes ao cargo de governador.

O roteiro sempre conta com ca­minhadas, cavalgadas, carreatas e até “canoadas” se a cidade possuir características ribeirinhas. Não foi diferente com ambos os candidatos, que enfrentaram toda sorte de intempéries – inclusive pouso de aeronaves em pistas de terra – em busca do famoso “votinho de confiança”.

Em suma, os dois senadores e ora candidatos ao governo do Tocantins reuniram milhares de pessoas no pequeno “tour”, demonstrando a força que possuem junto aos prefeitos, cujo irrestrito apoio certamente está atrelado aos vínculos partidários ou em razão das emendas parlamentares direcionadas às cida­des ao longo dos anos. Para ambos foi, sem dúvidas, um bom começo de jornada, que segue agora para outras regiões, nos próximos dias.

Já o candidato Mauro Carlesse (PHS) ainda não colocou o “pé na estrada”. Ainda não se sabe se isso se deve ao deslumbramento pelo exercício do cargo interinamente, se foi pelos próprios compromissos institucionais ou se ele ainda tem dúvidas que o registro de sua candidatura será deferido, uma vez que o registro junto ao TRE foi feito fora do prazo, com 33 minutos de atraso.

O governador interino formou – sabe-se lá ao custo de quais promessas – um forte grupo político (basicamente aquele mesmo que apoiou Raul Filho nas eleições municipais e perdeu). Essa gama de políticos reunidos tem capacidade de angariar muitos votos para o candidato em todas as regiões do Estado, inclusive no Bico do Papagaio. Contudo, antes de eles iniciarem essa jornada atrás do eleitorado, é necessário que o candidato o faça antes. Portanto, está demorando muito para Carlesse entrar de vez no ritmo de campanha eleitoral.

E causa interesse o candidato Carlos Amastha (PSB). A despeito de muito barulho midiático, o candidato perdeu, já na saída, um incontável número de votos ao anunciar a coligação com os esquerdistas PT e PCdoB. Um enxame de comentários do tipo “perdeu meu voto” obrigou a assessoria da coligação a deletar o post da rede social Facebook, que transmitiu a convenção do partido.

Após isso, Amastha foi o primeiro a iniciar a campanha. Logo na primeira viagem, um trágico acidente que acabou por vitimar o ex-deputado Junior Coimbra, colocou uma espécie de “pé no freio” no entusiasmo do ex-prefeito. Com a perda da liderança que iria introduzir seu discurso pelo interior (dizem as más línguas – e as boas também – que Amastha só tem votos em Palmas), a campanha ficou capenga e desnorteada. O candidato concluiu que não tem outro líder – entre os companheiros que restaram – com tamanha penetração nas cidades interioranas.

Como não há retrocessos, o candidato pessebista seguiu em frente em caravana liderada pelo que apelidou de “busão do Amastha”. Fiascos à parte, os comícios e palestras têm tido pouquíssima audiência, ao ponto de o candidato ouvir as reivindicações populares de dentro do ônibus mesmo, face ao inexpressivo número de pessoas interessadas em assediá-lo.

No entanto, a campanha eleitoral segue forte nas redes sociais, num misto de demagogia e populismo que toma conta dos posts, na vã tentativa de classificá-lo como um candidato popularesco, ora degustando um prato do tradicional chambaril numa bodega da esquina, ora andando de bicicleta com uma criança pobre na garupa.

O que não pode deixar de ser reconhecido é que Amastha aprendeu muito de política após cinco anos à frente da Prefeitura de Palmas. Já pode, inclusive, ser classificado como “velha raposa”. O que nos garante que ele não está usando esta campanha, na eleição suplementar, para rodar por todo o Estado e se tornar conhecido? O que nos garante que o verdadeiro foco do ex-prefeito é a eleição de outubro e ele está fazendo desse pleito apenas um trampolim?

Olho vivo, muitas vezes o sujeito pode ter só a cara e o jeito de bobo.