“Posso fazer mais e melhor pelo Estado do que fiz por Palmas”

27 maio 2018 às 00h00

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Ex-prefeito da capital e candidato a governador na eleição suplementar minimiza indeferimento do registro de sua candidatura pelo TRE e se diz seguro de que o TSE terá entendimento contrário

Afirmando-se como o novo na política tocantinense, Carlos Amastha se apresenta como candidato a governador do Estado do Tocantins nas eleições suplementares, pelo PSB. Dentre sua plataforma de propostas, a principal delas é reproduzir os avanços, progressos e políticas públicas implementadas por ele no município de Palmas, quando prefeito da capital, a todas as cidades tocantinenses.
Carlos Enrique Franco Amastha é colombiano de Barranquilla, naturalizado brasileiro desde 1990 e radicado em Palmas desde 2007. Empresário no ramo de educação à distância e de shopping centers. Polêmico ao extremo, elegeu-se prefeito de Palmas em 2012 pelo PP, com 49,6% dos votos, e reeleito em 2016, já pelo PSB, após conquistar 52,3% dos votos válidos.
Porque o sr. quer ser governador do Tocantins?
Eu fui um empresário de sucesso e hoje sou orgulhosamente um político. Quando empresário eu estava vendo minha cidade ir literalmente para o buraco e resolvi me candidatar. Hoje, Palmas é uma das melhores cidades do Brasil para se viver. Mas, como prefeito de Palmas, como presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, eu vi que a gente não pode ficar construindo ilhas e prosperidade enquanto a maioria do povo está sofrendo. E é exatamente isso que está acontecendo no Tocantins. Palmas se destacando e o Tocantins gemendo nas filas de hospitais, sem aproveitar o potencial econômico.
Eu quero ser governador porque tenho absoluta tranquilidade de que vou conseguir transformar potencial econômico em qualidade de vida para o povo. Se não houvesse potencial eu nem me arriscaria. Eu não tenho dúvidas de que posso fazer muito mais e melhor pelo Tocantins do que fiz por Palmas. São apenas 1,5 milhão de habitantes, menos que a Grande Goiânia.
Como o sr. recebeu a notícia do indeferimento do registro de sua candidatura, por parte do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Estado?
Eu sabia da inexperiência da corte em lidar com uma eleição suplementar. É a primeira vez que o Tocantins passa por isso. Há poucas jurisprudências que tratam do tema, o que dá margem para interpretações diversas. Tivemos o parecer favorável do procurador e o voto do relator. Eu não entraria numa eleição se não estivesse tranquilo da legalidade da candidatura. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai aprofundar a análise e eu tenho certeza do nosso deferimento.
Em relação ao recurso ao TSE, que o sr. já protocolizou, sua candidatura não trilharia os caminhos da insegurança jurídica? Esse fato não poderia ser explorado pelos adversários, em forma de fake news, que caso o sr. ganhe a eleição não assumiria o cargo?
Na minha trajetória política enfrentei as fake news mais cabeludas que se possa imaginar. Já me chamaram de traficante, ateu, o diabo a quatro. Mas a sabedoria popular está muito acima disso e tenho uma coisa muito forte a meu favor: o povo tocantinense conhece os políticos. Isso me favorece.
Sobre sua campanha, como tem sido a receptividade da comitiva “Busão do Amastha” pelo interior do Tocantins?
O povo do Tocantins está carente de atenção, não de visita de político que passa em cima da carroceria de um caminhão. O povo quer falar e também quer ser ouvido. E esta é a essência do “Busão”. Eu paro e converso. Gasto o tempo que for preciso com qualquer cidadão que tenha algo a me dizer. Não importa se vou caminhar dez metros ou um quilômetro. Dou a devida atenção, porque o povo está com um nó na garganta, precisando desabafar. E é assim que vou construindo minhas propostas. Chego em cidades onde há apenas 10% de pessoas empregadas. Isso mesmo, empregadas. Essas pessoas têm muito o que dizer. Estão desesperadas. Acho que nunca tiveram a oportunidade de conversar tão de perto com um candidato como estão tendo agora.
O sr. é considerado pela mídia como um grande marqueteiro e que utiliza muito as redes sociais para mandar recados, expor algumas situações à população, além de expressar suas opiniões, não raras vezes, polêmicas. Nos dias atuais, no campo político, a internet é o meio de comunicação mais eficiente, superando até mesmo a TV e o rádio?
Seria se o nosso povo tivesse renda. Se a infraestrutura de comunicação do Estado fosse eficiente e moderna. A internet ainda é privilégio de uma pequena parcela de tocantinenses. O que é dramático, principalmente para os jovens que se sentem excluídos, porque não têm acesso a internet. Até conseguem ter o aparelho smartphone, mas não têm dinheiro para pagar os planos de dados. Então, a internet ainda não é decisiva no meio político. Mas ainda será, não apenas no campo político, mas na educação, na saúde, porque nós vamos levar pontos de internet wi-fi gratuitos para todas as cidades nos equipamentos públicos, exatamente como fizemos em Palmas, que tem internet até nos pontos de ônibus.
Eu acredito muito na força da TV, do rádio e até na influência do jornal impresso. O Tocantins precisa de uma estratégia de comunicação social eficiente para acabar com o isolamento de algumas regiões que hoje se comunicam mais com os Estados vizinhos.

Considerando que o mandato-tampão terá duração de apenas seis meses, qual é a sua grande ideia para dar um basta na crise de gestão, política e financeira pela qual passa o Estado do Tocantins?
Eu não preciso prometer nada em relação a isso, porque tenho o exemplo do que fiz em Palmas. Gastar apenas o que arrecadamos e imprimir eficiência na máquina pública. Isso não acontece da noite para o dia. É uma cultura de governança que será implantada. Mas, uma coisa já dá pra fazer nos primeiros dias: combater desperdícios, funcionários fantasmas e pagamentos irregulares. Quem me conhece sabe que isso será combatido no primeiro dia.
Como seria esse novo modelo de gestão?
O Estado vai gastar menos com a máquina e mais com o povo. Tentar ampliar os serviços públicos com o mesmo número de funcionários. Fizemos isso em Palmas. A cidade hoje tem o mesmo número de servidores que tinha em 2013 e ampliamos creches, escolas, 19 unidades de saúde, trânsito, “Resolve Palmas”, coleta de lixo, iluminação. Tudo se ampliou e o número de servidores não aumentou. Mas os salários deles melhorou e ainda criamos o primeiro programa de meritocracia para servidores do Tocantins.
O sr. disse em várias oportunidades que não vai esperar os empresários virem investir no Tocantins, alegando que vai buscá-los. Além da logística e da plataforma multimodal da Ferrovia Norte-Sul, o que mais o sr. poderia oferecer a esses investidores?
Segurança jurídica. Estabilidade política. Seriedade nos acordos e contratos de incentivos fiscais. É só isso que o empresário sério quer. O restante a nossa natureza já oferece.
Há quem diga que sua aliança com o PT é um tiro no pé. Outros consideram uma jogada de mestre, visto que muitos eleitores apoiariam um candidato apoiado pelo ex-presidente Lula, um ícone para eles. Quais foram as suas razões para compor sua chapa com os petistas?
Esta parte do eleitorado já se conscientizou que não foi o PT quem quebrou o Estado. Já sabem que os deputados do PT no Tocantins não se envolveram em escândalos e a qualidade do nosso vice é muito superior aos demais. Esse debate aconteceu e nos favoreceu. Esse eleitorado entendeu que a emergência pela qual o Tocantins atravessa não se resolve com ódio e sim, somando forças.