Empresário aceita convite para ser o vice na chapa de Kátia Abreu para o governo-tampão e afirma que os tocantinenses precisam de quem “dá conta de governar”

Marco Antônio Costa | Foto: Reprodução

Fiel escudeiro da senadora Kátia Abreu (PDT), o empresário Marco Antô­nio Costa (PSD) foi novamente convocado a integrar uma campanha eleitoral, uma vez que já foi eleito suplente de senador na primeira ascensão dela ao cargo. Desta feita, o empresário é candidato a vice-governador nas eleições suplementares de junho de 2018, por acreditar que o Estado passa por um momento muito delicado, como também, por estar convicto que a senadora tocantinense é a candidata mais preparada para comandar o Palácio Araguaia.

Marco é tocantinense de Porto Nacional, graduado em Enge­nharia Civil pela Universi­dade de Brasília (UnB) e pós-graduado em ciências políticas, empresário no Tocantins, no ramo automobilístico e, também, na construção de usinas hidroelétricas e produção de energia elétrica. Foi presidente da Com­pa­nhia de Desenvol­vimento do Estado (Codetins) no governo de Moisés Avelino (1990 a 1994) e, posteriormente, na condição de suplente da senadora Kátia A­breu, assumiu o mandato por quatro vezes, durante a legislatura o­corrida entre 2007 e 2014, tendo exercido, inclusive, o cargo de líder do PSD no Senado em 2012.

O que lhe motiva a encarar o desafio de compor a chapa PDT/PSD co­mo candidato a vice-governador do Estado?
O momento é extremamente delicado, urge, portanto, novas ações, enérgicas e rápidas, porque um Estado tão promissor como este não poderia estar passando pela terceira instabilidade política, em 30 anos de existência.

Passamos estes primeiros anos sonhando em fazer história no que se refere ao desenvolvimento econômico, contudo, o marco histórico que restou registrado foram os acontecimentos policiais e judiciais. Aqueles que governaram o Tocantins até hoje desvirtuaram por completo os conceitos da coisa pública. Isso é motivo de muita amargura para nossa gente e nós precisamos mudar esse cenário, trazendo desenvolvimento e benefícios concretos para nossa população. Em razão do grande conhecimento que a senadora Kátia Abreu possui, acredito que é possível alterar imediatamente esse quadro, sob pena de nos tornarmos, em breve, um novo Rio de Janeiro.

Sua relação com a senadora Kátia Abreu é antiga e duradoura, o sr. foi suplente dela no primeiro mandato. Qual é, efetivamente, a base dessa parceria?
A nossa proximidade e afinidade ocorre porque ela, no campo político, e eu, no campo empresarial,

temos muitas semelhanças e, principalmente, a primazia pela realização. Participei, desde os primórdios, da luta pela emancipação deste Estado, investi minhas economias nesse território, abri empresas, gerei emprego e renda. É a segunda vez que saio do empreendedorismo para entrar para a política, justamente em parceria com ela, porque tenho certeza que seu espírito de luta e determinação serão capazes de mudar os destinos do Estado do Tocantins. Isso me move.

Em relação ao convite para compor a chapa na condição de candidato a vice-governador, para se ter uma ideia, ela foi tão sincera que não pude recusar. Disse-me ela que a convocação se dava porque via em mim a pessoa ideal para poder ajudá-la a gerir as grandes dificuldades e batalhas que precisamos enfrentar. Se, por acaso, ela necessitasse ser substituída – por razões alheias à sua vontade – eu cumpriria bem o papel, por não estar atrelado a conchavos políticos, artimanhas ou barganhas. Ela reiterou que não queria a figura de um vice decorativo e sim, participativo. Diante disso, não pude dizer não.

Qual a sua percepção acerca da escolha do vice nas chapas majoritárias, uma vez que o país e a capital do Tocantins estão sendo governados por eles? Os eleitores passaram a avaliar o perfil dos indicados aos cargos de vices?
A discussão sobre a qualificação e o perfil dos vices ainda não é, infelizmente, como deveria ser. Já foi iniciada, é bem verdade, contudo, ainda necessita de mais filtros. Kátia já disse, em entrevistas, que me escolheu pela capacidade e não pelos conchavos políticos. Ela entende que o vice não pode ser apenas uma figura decorativa e isso deveria ser uma postura de todos os candidatos que encabeçam chapas majoritárias.

E quanto ao PT, que estava acertado para compor a chapa indicando o candidato a vice-governador?
Não participei das negociações com o PT, mas, logicamente, seria natural eles solicitarem a vaga de vice na chapa dela, mesmo porque havia uma parceria dela com a sigla. Contudo, independente dos embates políticos, minha reflexão é que ela optou por formar uma chapa para um governo de desafios.

Como membro honorário do PSD e, na qualidade de integrante da chapa que concorrerá nas próximas eleições, como o sr. vislumbra o quadro político que se formou para a eleição suplementar?
Avalio de forma simples e direta: a sociedade tocantínia vai ter um cuidado muito grande nesse pleito, porque está cansada de decepções e mais decepções. Na interlocução com amigos, funcionários, entre outros, sinto que todos terão uma atenção especial sobre a capacidade de cada candidato, ou seja, quem dá conta de resolver realmente. A percepção que eu tenho é que o eleitorado está entendendo que a Kátia é capaz de assumir o governo e, de forma arrojada e competente, dar outros rumos para o nosso Estado, retirando-o do marasmo. Isso vai prevalecer na escolha final dos eleitores.

O temperamento um tanto quanto austero da senadora não pode atrapalhar?
A despeito desses traços comportamentais, creio que o povo já se cansou de tapinha nas costas e que isso, na ampla maioria das vezes, traz surpresas desagradáveis no futuro. Uma pessoa mais autêntica, que não vive de fingimentos, certamente trará resultados mais positivos.

O Estado é muito bem situado, a Ferrovia Norte-Sul é grandiosa e abre horizontes. Temos um grande projeto que queimará etapas de desenvolvimento, tão importante quanto a criação do Tocantins, que é o Matopiba”

Na sua visão de empresário, que sempre pensa a longo prazo, caso a chapa obtenha êxito, não seria um período muito curto – julho a dezembro – para operacionalizar políticas governamentais e mudar a cara da gestão?
Há um fator importante a ser considerado neste contexto: desde o ano passado a senadora vem trabalhando, fortemente, na intenção de governar o Estado do Tocantins. Viajando de automóvel – abrindo mão completamente do avião – ela percorreu todo nosso território, vivenciando os problemas, ouvindo as comunidades e pensando em soluções. Naturalmente, a eleição extemporânea não estava prevista, todavia, ela estava se preparando para a disputa de outubro. Por estas circunstâncias, ela já tem um plano de governo pronto e estudado.

A anomalia da cassação nos trouxe surpresas, mas vamos ter que enfrentar a situação. Estamos preparados para governar o Tocantins, desde já. É necessário ganhar essa eleição suplementar e colocar imediatamente em prática uma série de medidas emergenciais, já preparando o Estado para os próximos quatros anos, quando entra o planejamento a longo prazo, ora questionado.

Hoje, por exemplo, não temos nenhum grande projeto de desenvolvimento em andamento, nem tampouco uma de nossas vocações sendo explorada. Estamos em estado de inércia, em compasso de espera. Precisamos de ações urgentes e imediatas para acelerar as ações governamentais, priorizar a destinação dos recursos e definir políticas públicas para a educação, saúde e desenvolvimento social.

Sua experiência como empresário e a da senadora em 16 anos de parlamento seriam preponderantes para a governabilidade, como também, para retomar o crescimento econômico do Estado?
A personalidade combativa dela realmente chama a atenção. Não há preguiça para trabalhar pelo povo do Tocantins. Ela reúne experiência e qualidades incontestáveis e possui traquejo internacional, após comandar o Ministério da Agricultura. Há uma enormidade de ações que trouxe resultados práticos para o Brasil e para o Tocantins, articulando, de forma ímpar, junto aos mercados asiático e europeu para a retomada das exportações de carne e grãos, por exemplo. Evidentemente, essa capacidade, esse conhecimento, essa credibilidade será de extrema valia para nosso Estado, já que necessitamos desses impulsos.

No que concerne à logística do Estado do Tocantins, percebe-se que ainda é inexplorado em toda sua capacidade. Qual a sua visão?
O Estado é muito bem situado, a Ferrovia Norte-Sul é grandiosa e abre horizontes. Temos um grande projeto que queimará etapas de desenvolvimento, tão importante quanto a criação do Tocantins, que é o Matopiba, última e grande fronteira agrícola mundial, lançado e desenvolvido quando a senadora Kátia era ministra da Agricultura.

Para desenvolver o Matopiba é necessário pavimentar a estrada que liga aquela região até a Ferrovia Norte-Sul, nosso grande patrimônio em termos de logística. Precisamos alavancar essa rota de escoamento da nossa produção agrícola. Todavia, é necessário ressaltar que a saída da senadora tocantinense do Ministério da Agricultura praticamente paralisou o projeto Matopiba no que concerne à obtenção de financiamentos e, principalmente, na questão tecnológica da produção de grãos no Cerrado – desenvolvida pela Embrapa – que, infelizmente, não teve seguimento.

Por algumas vezes, o sr. assumiu a cadeira de senador, na legislatura de 2007 a 2015. Como foi essa experiência?
Sem dúvida, magnífica. Com­preendi que há muitos homens e mulheres corretos no Congresso Nacional, mas, infelizmente, também há muitos “picaretas”. Fiz tudo que pude, dentro da minha condição de suplente, mesmo porque o mandato não era originalmente meu. Não poderia desvirtuar o mandato do titular. Contudo, respondendo seu questionamento, digo que o Congresso precisa ser passado a limpo, porque o legislativo está desrespeitado, desmoralizado, inerte, calado e omisso e, muitas vezes, em razão do rabo preso. Essa concepção precisa ser alterada, não apenas pelos políticos, como também pelos eleitores que os colocam lá.