Hercy Filho: “Não conheço outro lugar com o potencial turístico do Tocantins”
11 junho 2023 às 00h01

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O secretário de Turismo do Tocantins, Hercy Filho, defende que a indústria do ramo no Estado está caminhando para ocupar um espaço cada vez maior na composição do Produto Interno Bruto (PIB) local, bem acima do porcentual nacional, que é de 10%. O gestor acredita que a atividade turística no Tocantins já responde por esse índice, mas ainda longe de alcançar o nível desejado de exploração compatível com o seu potencial. O secretário projeta um crescimento rápido e significativo das atividades turísticas, em função dos investimentos do governo na organização da cadeia produtiva.
Hercy Filho aponta que os atrativos turísticos do Tocantins compreendem sete grandes regiões: os encantos do Jalapão; Serras Gerais; Palmas/Serras e Lago; vales dos grandes rios Araguaia e Tocantins; Bico do Papagaio, praias e Encontro das Águas; Cantão, praias e lagos; e Ilha do Bananal. Desses, segundo ele, pelo menos três – Jalapão, Serras Gerais e Ilha do Bananal – despontam como atrativos de interesse internacional e que podem ajudar a colocar o Tocantins entre os Estados com maior potencial para o desenvolvimento do turismo.
“Pela atividade que exerci nos últimos anos, eu não conheci o Brasil indo aos locais, mas o Brasil veio a mim, porque estava no Ministério do Turismo e todos os municípios procuravam o ministério. Eu devo dizer que dificilmente tem um Estado com tantas oportunidades diferentes de atrativos de turismo como o Tocantins. Temos um destino consolidado, conhecido no mundo inteiro, que é o Jalapão, uma joia rara que temos, e estamos fazendo todo um trabalho para ampliar seu potencial no sentido de atrair mais turistas para o Tocantins”, defende o secretário, ao falar das ações do governo para incrementar o turismo no Estado.
Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, concedida em seu gabinete na Secretaria do Turismo, Hercy Filho teceu críticas à falta de visão dos governos brasileiros, que quase nada investem em turismo; revela que o compromisso com o Tocantins o fez trocar o Ministério do Turismo pela Secretaria de Cultura e Turismo do Tocantins – hoje, apenas Secretaria do Turismo. Hercy conta que o sentimento nativista o acompanhou durante andanças pelo Brasil, em que fazia questão de mencionar Dianópolis, sua cidade natal – a antiga São José do Duro, famosa por ser palco do conflito coronelista que serviu de inspiração para a obra O Tronco, de Bernardo Elis.
Hercy Ayres Rodrigues Filho, de 62 anos, é engenheiro agrônomo e advogado. Foi prefeito de Dianópolis de 1993 a 1996, diretor de Habitação do Estado do Tocantins, chefe de gabinete do Detran-TO, chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Políticas do Turismo, chefe de gabinete da Embratur e chefe de gabinete do Ministério do Turismo, tendo nesse cargo por cinco vezes assumido interinamente o cargo de ministro.

As sete maiores praias do Tocantins movimentaram mais de R$ 135 milhões
A temporada de praia de água doce do Tocantins se destaca como uma das maiores do País e movimenta a economia das cidades ribeirinhas neste período do ano. Como o sr. avalia o investimento que se faz na temporada de praia e a resposta como produto turístico?
A palavra que você usou – investimento – é a palavra certa. Vou dar um dado ilustrativo do poder de geração de emprego e renda que a temporada representa: em 2022, as sete maiores praias do Tocantins [Araguacema, Caseara, no Rio Araguaia; e Peixe e Pedro Afonso, no Rio Tocantins, entre outras] movimentaram algo em torno de R$ 135 milhões em vendas. As sete principais praias, sem incluir as outras. Isso demonstra que a atividade é altamente dinâmica, no sentido da garantia do retorno para a sociedade dos investimentos que o poder público faz.
Nós temos a grata satisfação de a natureza nos ter permitido que no mês de julho possamos trabalhar para estruturar, para qualificar nossas praias de forma que o Tocantins vire uma referência nacional e internacional, porque no Nordeste chove nesse período, e mar com chuva não é uma boa atração. O Sul é frio. Frio não é um turismo popular, é mais elitizado. Onde é que tem essa quantidade de atrativos, com fácil acessibilidade? Toda a Amazônia tem, mas com a acessibilidade do Tocantins é difícil encontrar. Se você for fazer um passeio no Alto Amazonas, tem de andar dois dias de barco. Nada contra, tem quem goste. E tem quem faça. Mas aqui a praia está a cinco quilômetros do asfalto. A praia de Palmas, se você quiser, desce de paraquedas dentro dela, do aeroporto direto para a praia. Temos no sul do Estado, Peixe e Paranã; passando pela Ilha do Bananal, a alta estação do Jalapão, vem a região central, com Palmas, os rios Araguaia e Tocantins até na confluência dos dois lá no Bico do Papagaio. Então, nós temos praia neste Tocantins inteiro.
A temporada de praia permite que muitos tocantinenses trabalhem
O que se pode esperar da temporada de 2023?
O governador vai lançar, na terça-feira, 13, a temporada 2023, um pouco mais elaborada, bem mais protegida, com envolvimento de todos os órgãos no sentido transversal que o governo vai atuar. Na proteção ao banhista, na questão ambiental da sustentabilidade, na questão da oportunidade para que os micros e pequenos empresários possam atuar nesse período. A gente tem exemplos que os dois maiores festejos de São João, o Carnaval com a dimensão que tem no Rio de Janeiro e São Paulo, as pessoas trabalham naquele período e praticamente sobrevivem o resto do ano daquilo que adquiriram. Em Caruaru (PE), em Campina Grande (PB), no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP). Então, nós temos a oportunidade de permitir que muitos e muitos tocantinenses também tenham a oportunidade de trabalhar, de ter uma ocupação, de ter a sua sustentação garantida para o restante do ano, trabalhando na atividade de fornecer alimentos, bebidas e serviços outros, que fazem a travessia e tudo mais. Envolve uma grande quantidade de atores econômicos envolvidos neste processo de forma que além de curtir uma bela natureza daremos ao Tocantins uma oportunidade de geração de renda para as pessoas.
Os 800 lagos do Cantão formados neste período representam grande potencial turístico, que é a pesca esportiva
A temporada de praia no Tocantins termina sendo muito curta para o grande investimento que recebe, apenas no mês de julho. O que é possível fazer para ampliar mais o período da temporada?
Um desses locais de praia que é o Rio Araguaia, tem impedimento em função da sazonalidade. No período chuvoso o Araguaia se torna um rio mais restrito a esse acesso. As praias ficam inundadas. Inclusive, os 800 lagos do Cantão, que estão sendo formados neste período, representam outro grande potencial turístico que é a pesca esportiva, e que nós estamos tratando de organizar para ampliar os nossos atrativos. Esse fenômeno só existe neste período. Mas não só o mês de julho. Julho é a alta estação. Nós temos o mês de julho como o ápice, alta estação, mas a partir do momento que os rios vão baixando e as praias vão sendo formadas, até agosto, setembro, outubro, nós temos atividades com frequência nessas praias. Só que agora, com as férias escolares há um investimento maior neste sentido. Nós temos que trabalhar sim. Nós estamos qualificando as pessoas que cuidam do transporte aquaviário em parceria com a Marinha do Brasil; nós estamos estruturando acampamentos na Ilha do Bananal para que os indígenas possam vender seus pacotes, agregados a muitos valores além da cultura, observação de aves, de animais, pesca, então nós estamos buscando estender a temporada de praia, para que esse período seja maior, para dar mais oportunidade de geração de renda para a pessoas. Mas nunca vai deixar de ser o mês de julho a grande estação desse período.
Começamos a estruturar pontos de visitação nas aldeias qualificando os próprios indígenas para receber turistas
A pesca esportiva e o étnico-turismo podem finalmente viabilizar a abertura da Ilha do Bananal, considerada que a maior ilha fluvial do mundo e que abriga o Parque Nacional do Araguaia e a reserva indígena Karajá?
Os produtos naturais estão lá. Os povos originários estão lá. Na Ilha tem a tradição do uso, até de uma forma que talvez não seja ambientalmente sustentável, os proprietários de rebanho bovino usam a pastagem para engorda gerando renda para os indígenas com aluguel das terras que são deles, o turismo gera muito mais, com muito menos trabalho e sem impacto ambiental. Pelo contrário, preservando o meio ambiente. No ano passado, numa atitude do governador Wanderlei, e aí não podíamos dar a devida divulgação, em função da vedação do período eleitoral, nós patrocinamos a passagem do Rally dos Sertões, que é um evento certamente nacional e internacional, por dentro da Ilha do Bananal, respeitando todas as regras ambientais, com a permissão dos órgãos responsáveis, Funai, Ibama, Icmbio e dos povos originários por meio dos caciques. A partir daí, começamos a estruturar alguns pontos de visitação, nas aldeias Santa Isabel [do Morro], Fontoura, para recepção dos turistas, qualificando os próprios indígenas para saber receber os turistas. Desde alimentação deles, o que mostrar, as trilhas que eles podem fazer, daí é um processo contínuo. Primeiro, precisamos despertar na comunidade [indígena] o potencial que eles têm.
A festa do Hetohoky, ritual de passagem que eles promovem, aquilo é maravilhoso. Eu sou um entusiasta. Você achar uma coisa natural, genuína, pra você mostrar para o mundo, não se tem ideia. Vai lá no Alto do Xingu, uma festa que atrai milhares de visitantes e a nossa aqui que não deixa nada a desejar, não tem essa visitação. Tudo isso nós estamos trabalhando no sentido de fazer com que a Ilha seja um local de acesso. Desde o presidente Juscelino [Kubistchek] que lá tinha uma estrutura física para receber visitantes, já recebeu o Príncipe Charles [Charles III, rei do Reino Unido], e outros visitantes ilustres. Todo menino aprende em Geografia que a Ilha do Bananal é a maior ilha fluvial do mundo, no Tocantins, antes é era Goiás, hoje pertence ao nosso Tocantins. Então nós estamos fazendo todo esse trabalho de qualificação, formatação daquele produto, de regulamentação do que se faz uso. Lá nós temos observatório de aves e a pesca esportiva, é cercado de água por todos os lados. O indígena sabe levar o pescador onde tem peixe. Ele sabe mais do que ninguém como conduzir esse pescador, como orientá-lo, como recebê-lo bem para que ele vire um divulgador dos nossos encantos. E uma coisa boa, estamos trabalhando em parceria, prefeitura, governo do Estado e governo federal, para colocar uma rota aérea no aeroporto de Gurupi. Para quê? Para aproximar o turista dos atrativos, além de representar um apoio importante para o turismo de negócios que Gurupi tem potencial.

Dificilmente tem um estado com tantas oportunidades diferentes de atrativos de turismo igual ao Tocantins
Com essas iniciativas, a tendência é de que a Ilha do Bananal seja aberta para o turismo?
Pela atividade que exerci nos últimos anos, eu não conheci o Brasil indo aos locais, mas o Brasil veio a mim, porque estava no Ministério do Turismo e todos os municípios procuravam o ministério. Eu devo te dizer que dificilmente tem um estado com tantas oportunidades diferentes de atrativos de turismo igual ao Tocantins. Temos um destino consolidado, conhecido no mundo inteiro que é o Jalapão, que é uma joia rara que nós temos e que estamos fazendo todo um trabalho para ampliar seu potencial no sentido de atrair mais turistas para o Tocantins. Nós temos um segundo destino que também está caminhando a passos largos para se consolidar que é a Serra Gerais, que situa numa confluência de muita proximidade de Brasília e isso fortalece muito o turismo do destino Serras Gerais. Somos vizinhos da Chapada dos Veadeiros, que também já é um destino nacionalmente e mundialmente conhecido, e agora estamos falando de um terceiro destino que é a Ilha do Bananal. Nós temos muitas coisas a trabalhar. Eu não tenho dúvidas que aumentou a demanda por serviços turísticos na Ilha do Bananal do ano passado para cá e com essa promoção que estamos fazendo, com certeza vamos ganhar mais um destino com enorme atratividade. Mas o que nós temos que fazer é buscar a profissionalização. Não é turismo de massa, não se leva o turista de qualquer jeito, temos que ter condições de receber o turista para que ele vire multiplicador de divulgação do destino. Tenho certeza que a Ilha do Bananal e o Cantão, num breve espaço de tempo, serão também muito frequentados.
O governador Wanderlei é um entusiasta e dá a oportunidade de trabalhar naquilo que a gente tem experiência e competência
Talvez por sua experiência no Ministério do Turismo neste governo, o turismo vem ganhando certo destaque com inovações como o etnicoturismo e a abertura da Ilha do Bananal. O que efetivamente pode se consolidar como destino turístico?
Preciso registrar que tem um ator nesta história que faz com que o turismo do Tocantins tenha essa dimensão toda que é o governador Wanderlei. Ele faz com amor ao divulgar o que é dele, do seu estado, com o pertencimento de filho daqui, como pessoa daqui que quer ver as pessoas serem bem recebidas. É um entusiasta e me dá a oportunidade de trabalhar aquilo que a gente tem experiência e competência pra fazer. Eu tenho que fazer esse registro porque é ele quem me demanda por serviços. Ele fala não por ouvir dizer, ele sabe onde é. Esses dias me perguntou: “Hercy, você já visitou as cachoeiras de Wanderlândia?” Não sabia que tinha tantas e ele já sabia. Wanderlândia tem 53 cachoeiras, que agora, na gestão dele foram licenciadas para poder abrir para visitação. Olha só, dificilmente o Tocantins sabe de todo esse potencial. Lá no encontro dos rios Araguaia e Tocantins é outra maravilha que forma o Bico do Papagaio. Nós temos ainda nove povos indígenas distribuídos em todo o território, de Tocantinópolis a Formoso do Araguaia, que é outra fonte de atração.
Nós temos sete regiões turísticas no Tocantins identificadas conforme suas características: Palmas/Taquaruçu, cidade administrativa, com esse lago maravilho e com essa serra que é um espetáculo; temos no médio-norte Filadélfia [Parque das Árvores fossilizadas] na margem do rio Tocantins com apelo das praias; Bico do Papagaio com o encontro das águas Araguaia e Tocantins; temos na região sudeste as Serras Gerais; Jalapão; Palmas; Ilha do Bananal e o Cantão. Sete regiões que vamos trabalhar explorando suas características e seus atrativos que são bem diversos. Temos que dinamizar nossas regiões de acordo com suas características, mas todo o Estado tem potencial enorme para o turismo.

Quando me solicitam alguma informação sobre o Jalapão, falo: não deixe de tomar um café no Mumbuca ou Povoado do Prata
Como o sr. aponta, o Tocantins tem potencial para todo tipo de turismo, mas talvez pela cultura interiorana tenha maior vocação para o turismo de experiência. Por que esse tipo de turismo não é tão incentivado?
Quando me solicitam alguma informação sobre o Jalapão que algum estrangeiro vem junto, eu falo: podem visitar os rios, os fervedouros, mas não deixa de tomar um café no Mumbuca ou povoado do Prata, feito pelos moradores de lá, aí você vai ver a riqueza que é a vida daquelas pessoas, o que elas podem contar de experiência que o mundo não conhece. Como é que as pessoas conseguiram viver o que viveram neste período todo, naquele mundão de meu Deus, isolado. Isso para os visitantes parece que é coisa de cinema, como é que existe gente que viveu daquele jeito? E essas pessoas estão lá firmes, fortes, prosperando, almejando outros espaços na vida. Esse é o turismo de hoje. Quando veio a pandemia, que foi um grande mal para a humanidade, o olhar para a natureza, para as comunidades ficou maior, porque os grandes conglomerados assustam as pessoas. Então nós temos ainda mais essa vantagem que contribui para potencializar o Tocantins neste novo momento que é o turismo em pequenas comunidades, com vivências das experiências que elas têm. O que temos que fazer? Qualificar essas pessoas locais para saber vender e receber os turistas. Essas pessoas precisam saber que aquilo que elas vivem, que fazem, é um atrativo. É uma experiência a ser vivida e que vale dinheiro. Para isso o Estado aplicou R$ 7 milhões no Sebrae, na Fecomércio [Federação do Comércio], no Senac, e na secretaria [do Turismo] para que a gente possa qualificar, desde o empresário, o gestor, guia local e todo mundo para saber valorizar a potencialidade que cada local tem, para que possa ser bem vendido como experiência que vale a pena, que é o que se faz hoje no mundo, é o turismo de experiência.

O Brasil não investe na promoção internacional do turismo. Essa é a grande verdade. Falo do Brasil como um todo
Por tudo que se conhece o Brasil é um pouco negligente ou demasiadamente amador na promoção do seu turismo. O Tocantins também não carece de uma política mais agressiva no sentido de atrair mais turistas?
Perfeita sua colocação. Você foi no ponto crucial. O Brasil não investe na promoção internacional do turismo. Essa é a grande verdade. Falo do Brasil como um todo. Nós estamos estagnados no momento pré-pandemia em seis milhões de turistas. Seis milhões de turistas, Cancun, no Mexico, com apenas 15 quilômetros de extensão, nós temos oito mil quilômetros de praia, tem o dobro desses seis milhões no ano. Mas o Brasil em 2019 aportou 18 milhões de dólares para fazer a atração do turismo internacional, o Mexico aportou 400 milhões de dólares. Essa conta é suficiente para saber todos os meios que o Mexico contou para “vender” os seus atrativos turísticos, em todos os meios de comunicação possíveis do mundo, para atrair o turista para lá. O turista só vai onde ele sabe que existe. Mas nós, que estamos em passos lentos, e seguros, vamos também trabalhar agora em feiras internacionais, vendendo o turismo tocantinense. Nós estamos nos preparando para pelo menos, uma feira internacional, estamos este ano, em um nicho de mercado que atrai, que tem o Tocantins como opção, que é a Europa. É mais charmoso para um americano ir para Europa do que para a América do Sul, mas o europeu quer vir para cá. Então, nós estaremos em Londres, já temos a autorização do governador para fazer isso, vender e nós vamos avançar mais. Mas precisamos trabalhar num tripé que é a estruturação, a qualificação para se fazer a promoção. Eu tenho a consciência que não posso vender aquilo que não dou conta de entregar. Então ainda carece o Tocantins desta parte da estruturação e qualificação. Nós estamos trabalhando muito nisso para que a gente amanhã possa trazer este turista e ser o início de um processo que só vai aumentar. Temos sim que fazer a promoção.
Estudos na Fundação Getúlio Vargas apontam que para cada 1 dólar investido no turismo na promoção internacional retorna 20 dólares.
A Embratur está lá batendo na porta do Congresso, buscando recursos para sobrevivência da empresa. O órgão de turismo para fazer a promoção internacional do Brasil é a Embratur. E os governos não percebem que a Embratur não tem condições de sobreviver sem recursos. Ninguém vem para o Brasil porque é Brasil, vem se você mostrar o que tem de bom e de melhor e para concorrer com outros destinos. Argentina, neste mesmo ano que o México investiu 400 milhões de dólares ela investiu 120 milhões de dólares e nós investimos 18 milhões de dólares, então não dá para comparar. Estudos na Fundação Getúlio Vargas: para um dólar investido no turismo na promoção internacional retorna 20 dólares. Essa conta a gente precisa saber que vender o Brasil para fora custa, vender o Tocantins custa, mas o retorno é muito mais saudável.
Nós impactamos 53 atividades econômicas diretamente quando fazemos turismo
O que representa a receita do turismo na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Tocantins?
O nosso observatório não nos dá condições de ter uma resposta precisa sobre este percentual, mas eu falo do Brasil que o Tocantins está inserido, o turismo corresponde a 10% do PIB é o que gera no Tocantins. Em termos de futuro e brinco, mas uma brincadeira séria. Eu digo, cuidado agro, que nós estamos chegando. O agro tem mais de 20% do PIB nacional, mas nós impactamos 53 atividades econômicas diretamente quando fazemos turismo. Muitas atividades industriais e até a própria agricultura familiar quem consome é o turista. Então nós temos muita influência no PIB nacional de forma direta e indireta. Eu não tenho dúvida que estes 10% do Brasil é também o PIB do turismo no Tocantins.

O mundo tem que buscar cada dia mais tecnologia para permanecer com a floresta em pé. Essa é uma questão inegociável
A gente vê um certo entusiasmo do governo com o agronegócio que tem forte impacto ambiental. Como avalia o crescimento destes dois segmentos são incompatíveis ou complementares?
Eu sou agrônomo. Então eu tenho uma visão muito clara da questão da produção. O mundo tem que buscar cada dia mais tecnologia para permanecer com a floresta em pé. Essa é uma questão inegociável. O mundo caminha neste sentido e não pode ser diferente. O agro tem evoluído e vai evoluir cada dia mais. Temos que usar as terras degradadas para voltar a ser produtivas. Não entendo como incompatíveis. Agora eu entendo, e é natural do crescimento da indústria turística. Se você quer preservar faça turismo. O turismo não vive sem aquele patrimônio natural. Se não é preservado corre-se o risco de acabar. Então, nós temos uma energia limpa de um retorno rápido e sustentável. Não vejo incompatibilidade. Vejo sim, a sinergia entre esses dois vetores econômicos, cada um com as suas características, mas gerando renda para o Estado. O Tocantins é um estado do agro? É, não podemos desconhecer a potencialidade é evidente e temos que fazer disto um ativo econômico para o Estado, como temos a natureza que nos favoreceu para que o turismo também seja um ativo econômico para o Estado. Eu acredito que estas duas indústrias andam de forma paralela, mas no sentido de somar em termos de renda e qualidade de vida para a população.
Muito feliz pela experiência em Brasília e muito mais feliz por ter voltado ao Tocantins e emprestar o nosso trabalho ao Estado
Como foi trocar Brasília por Palmas, o Ministério do Turismo pela Secretaria de Turismo do Tocantins?
Eu não sei quem é o filósofo, mas é uma bela frase: “Se queres ser universal, pinte a sua aldeia”. Eu sou um homem que, onde eu estive, o Tocantins e Dianópolis, para ser mais preciso, estiveram juntos. Eu lembro de lançar um programa nas Olimpíadas, como secretário nacional interino na Praia de Copacabana (RJ), eu falei do Tocantins e de Dianópolis. Para onde eu ia colocava lá um capim dourado. Na Casa Brasil, aí vem a Abav, eu colocava Serra Gerais, ainda atuando no ministério. Voltar pra cá é um orgulho de quem tem este estado belíssimo, voltar a emprestar a nossa experiência e aprender muito, porque são diferentes as atuações. Tenho, como já falei, uma grande colaboração do governador [Wanderlei Barbosa] que é muito turístico também, voltado para esta questão do desenvolvimento. A satisfação é muito grande a gente aqui Tocantins está mais em casa, juntos com os amigos, é mais pressionado também, não tenha dúvida. É mais exigido, mais cobrado, mas muito feliz, pela experiência em Brasília e muito mais feliz ter voltado ao Tocantins e emprestar o nosso trabalho ao Estado.