Situação do Samu Goiânia se deteriora e capital conta apenas com cinco ambulâncias em circulação

05 julho 2024 às 12h02

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Ao Jornal Opção, um funcionário do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia, que preferiu permanecer anônimo, compartilhou a escala do dia quatro de julho de 2024, última quinta-feira. Na mensagem, é possível ver que apenas cinco ambulâncias estão em circulação pelo Samu de Goiânia. Ao mesmo tempo, representante da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou, na manhã desta sexta-feira, 5, que o “Samu segue com sete ambulâncias circulando”. Veja abaixo.

Um outro funcionário do Samu, que também preferiu o anonimato, disse que “existe a frota aqui, se consertar dá pra gente trabalhar até resolver o problema”. Após denunciar descaso da gestão em resolver as carências do Serviço de Urgência, o servidor desabafa: “a gente morre de trabalhar, é insustentável, você não consegue. Não dá tempo nem de você tomar água”.
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“Desproporcional”: procurador-geral de Goiânia avalia decisão de TCM de afastar Wilson Pollara
A reportagem tentou contato com o 192 na manhã desta sexta-feira, 5, a fim de solicitar uma ambulância enquanto paciente, mas, após quatro tentativas, só obtivemos a mensagem de “Número ocupado, tente novamente mais tarde”. O servidor que compartilhou a escala de ontem, 4, finalizou dizendo: “Os servidores do SAMU estão preocupados pois a Prefeitura não arruma nem a frota existente para atender a população”.
A reportagem tentou contato com a SMS a fim de conseguir novas atualizações sobre a situação do Samu e dos contratos suspensos, mas não obteve resposta até o momento de publicação desta matéria.
Relembre o caso
Ao longo do último mês estourou escândalo envolvendo a SMS e o Samu, que acabou levando ao afastamento de 90 dias do então chefe da pasta, Wilson Pollara. Servidores denunciavam tentativa de privatização do Samu e superfaturamento na compra de itens para o Serviço. O Tribunal de Contas do Município (TCM) havia suspendido uma licitação para contratação de ítens para o Samu no intuito de intensificar o combate à dengue. O Tribunal encontrou irregularidades ligadas à natureza das contratações e suspendeu o texto. Entretanto, a pasta reenviou um projeto quase idêntico pouco tempo depois, o que levou à recomendação do afastamento de Pollara.
Desde então, servidores do Samu entraram em greve protestando contra a tentativa de privatização do serviço público e do sucateamento das condições de trabalho da categoria. Atualmente, Quesede Henrique está no comando da pasta de forma interina até o fim do afastamento de 90 dias de Pollara.
Em coletiva de imprensa na última terça-feira, 2, o procurador-geral do município, José Carlos Issy, avaliou a decisão do TCM como “desproporcional” e disse que a Prefeitura vai trabalhar para reverter o afastamento de Pollara ao mesmo tempo que vai modificar as licitações enviadas a fim de se adequar aos padrões do Tribunal.
Governo Federal
Na tarde de ontem, 4, o Governo Federal anunciou a entrega de 280 ambulâncias para o Samu de 248 municípios. O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê verba de R$ 89 milhões para substituir veículos com mais de seis anos de uso. A expectativa do Governo Federal, segundo informações da Agência Brasil, é de que outras 1.780 ambulâncias sejam entregues aos municípios.
“Como você pode imaginar ficar 10 anos sem renovar a frota do Samu? Porque uma ambulância tem que estar bem de manutenção, ela tem que estar boa. Como é que pode você chegar numa cidade e ter uma ambulância escancarada? Então, nós resolvemos, depois de um longo e tenebroso inverno, nós resolvemos renovar outra vez a frota do Samu”, afirmou o presidente Lula durante evento na cidade de Salto, no interior de São Paulo, na unidade responsável pela fabricação dos veículos.
Quando questionada se alguns dos 280 veículos já entregues pelo Governo Federal viriam para Goiânia, a representante da SMS disse que “nada mudou”.