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Uma pesquisa coordenada pelo professor e médico oncologista Ruffo Freitas-Júnior, gerente do Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (CORA), do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG), encontrou resultados acima do esperado como parte do Projeto Itaberaí. O projeto, que conta com apoio do Ministério Público de Goiás (MP-GO), se move há mais de três anos e conseguiu reduzir os diagnósticos de câncer de mama avançados pela metade no município de Itaberaí. 

De acordo com o professor da UFG, em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o projeto veio com as altas taxas de tumores avançados diagnosticados nas mulheres, cerca de 50% a nível nacional e 70% só em Goiás. Ou seja, a maioria dos tumores encontrados nas mulheres goianas já estão nos estágios 3 e 4 da doença, com possibilidade de metástase para outras partes do corpo. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), esta taxa deveria estar entre 15% e 20%. 

Com isso, Freitas-Júnior afirma que a pesquisa se baseou em testes randômicos feitos entre as mulheres do município com faixas etárias para uma possível predisposição à doença. A pesquisa tinha a meta de reduzir as altas porcentagens de diagnósticos tardios em 20%, contudo, afirma que conseguiu ir muito além do objetivo, com uma redução pela metade dos resultados encontrados no grupo de controle. 

Parte destes resultados ocorreu pelo método em que o projeto foi desenvolvido, sendo através da capacitação das agentes de saúde do município para instruírem as mulheres com o autocuidado, além de oferecer a possibilidade de fazer o exame do tato. “Achamos [as taxas de diagnóstico] no grupo controle o que é encontrado no Brasil, ou seja, em torno de 60% de casos em estágio três e quatro”, explica. “Já no grupo de intervenção, nesse grupo em que as mulheres foram treinadas a fazer o exame das mamas na casa das mulheres, esse número baixou para 30%.” 

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Capacitação das agentes de saúde de Itaberaí | Foto: Divulgação / Fundahc

Para o professor, ocorre uma negligência com a atenção à saúde primária das mulheres que leva a um tratamento tardio da doença. “A gente tá tentando mostrar que [esse problema] dá para ser resolvido, nós não criamos nenhuma máquina específica, ele pode ser altamente reproduzível só com a educação e o treinamento”, afirma.

“Nós fizemos a educação e o treinamento dessas agentes [de saúde] com a coordenação adequada das unidades básicas de saúde (UBS), nós conseguimos reduzir o tamanho do tumor nos diagnósticos e reduzir o tempo até o diagnóstico e o início do tratamento.”

Com estes resultados, afirma que outras cidades já estão em contato com a equipe de pesquisa para reproduzir o programa nos municípios, como: Ponta Grossa, no Paraná, Presidente Prudente, em São Paulo, Aragominas, no Pará, e Araguaína, no Tocantins. Além destes municípios, o coordenador afirma que pretende apresentar o programa ao MS e ao Instituto Nacional de Câncer (INCA) para que seja incluído no Sistema Único de Saúde (SUS). “O nosso objetivo é que em uma década nós possamos demonstrar pela primeira vez uma redução da mortalidade por câncer de mama em uma localidade do país.”

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