Burocracia de plano de saúde impõe barreiras para tratamento de hidrocefalia em idosa de 73 anos, revela filha
08 fevereiro 2023 às 17h43

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Maria Bárbara Pires Cardoso, de 73 anos, foi diagnosticada com hidrocefalia em abril de 2021. O problema é que, na verdade, ela nunca foi informada pelo hospital. A descoberta ocorreu apenas agora, depois que a idosa sofreu um acidente e precisou passar por novos exames, a princípio, não relacionados.
Sandra Friedenhain, professora de educação física e personal trainer, filha de Maria Bárbara, conta que na última quarta-feira, 1, precisou levar a mãe ao médico depois que ela caiu descendo do carro e abriu um corte na cabeça. As duas foram ao hospital Jardim América, onde os médicos deram ponto no corte e pediram exame de ressonância. Uma vez que o exame não ficava pronto a tempo, porém, Maria Bárbara foi orientada a voltar para casa e aguardar sem medicamentos, mesmo sentindo dores.
A surpresa veio quando o resultado da tomografia saiu.
De volta à clínica, a família foi informada que a paciente nunca deveria ter voltado para casa, pois está com hidrocefalia em necessidade de cirurgia. A revelação ainda maior do que a descoberta da condição foi a de que o diagnóstico já havia sido feito em abril de 2021, no mesmo hospital, mas ninguém foi informado.
Sandra conta que a mãe já vinha apresentando alguns problemas de uns tempos para cá, como de coordenação motora, por exemplo, e o diagnóstico trouxe algumas explicações.
Entraves burocráticos
Orientada a procurar um neurologista com urgência, Sandra encaminhou a mãe a uma unidade do plano de saúde Hapvida, do qual é cliente. Com necessidade de urgência, a paciente só encontrou consultas disponíveis a partir de maio, e por teleconferência. Diante da pressa, consultou-se com um neurologista particular, que confirmou quadro de hidrocefalia grave e requisitou novos exames.
Ao retornar ao Hapvida, a cliente encontrou entraves para fazer os exames, uma vez que eles haviam sido requisitados por médico em consulta particular, fora do plano.
Denúncia
De acordo com Sandra, a unidade nem mesmo tinha neurologistas disponíveis no momento, o que mudou após a primeira denúncia à imprensa. Ao Jornal Opção, ela revelou que assim que a Hapvida tomou conhecimento do caso, por contato da reportagem, o tratamento foi completamente diferente.
Ela revela que em algumas horas, arrumaram um médico para consulta já nesta quinta-feira, 8, e apresentaram os resultados de todos os exames, prestando o apoio que até então estava sendo barrado por burocracias.
Até o fechamento da reportagem, a assessoria de imprensa do Hapvida ainda não havia emitido nota oficial, mas confirmou que está fazendo esforços para solucionar o problema, dando o “olhar humano que o caso precisa para além de informações em um sistema.”