Após mais de sete anos, servidores da UFG devem ser desligados do Ipasgo

15 outubro 2025 às 07h59

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Depois de mais de sete anos de continuidade no serviço, os servidores da Universidade Federal de Goiás (UFG) que são atendidos pelo Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo Saúde) devem ser desligados do plano em até 60 dias. A decisão — tomada pela Reitoria da UFG — ocorre após um impasse sobre a responsabilidade da universidade quanto ao déficit financeiro da autarquia estadual.
O desentendimento teve início em setembro de 2025, quando uma nova minuta de convênio começou a ser elaborada entre as instituições. Após as tratativas, o texto apresentado pelo Ipasgo foi rejeitado pela Procuradoria Federal e pela UFG, por exigir que a universidade assumisse responsabilidade financeira sobre o eventual déficit do instituto.
Diante disso, a UFG decidiu rescindir o contrato e comunicou aos servidores vinculados ao plano que o desligamento ocorrerá em 60 dias, no mês de dezembro. Funcionários que realizam tratamentos contínuos pela operadora, no entanto, deverão permanecer com a cobertura até a conclusão dos procedimentos.
Em nota, o Ipasgo Saúde informou que os mais de 274 patrocinadores — entre prefeituras, câmaras municipais e os institutos federais IFG e IF Goiano — optaram por manter o convênio com a autarquia. A instituição também destacou que a cláusula de responsabilidade financeira está prevista no Termo de Compromisso nº 01/2024, firmado junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Confira a nota do Ipasgo na íntegra:
O Ipasgo Saúde lamenta a decisão da Universidade Federal de Goiás (UFG) de não renovar o convênio de adesão que garantia assistência aos seus servidores e dependentes. A decisão foi formalizada pela própria Universidade por meio do Ofício nº 56/2025, encaminhado à operadora de saúde.
O Ipasgo Saúde esclarece ainda que, após diversas reuniões e tentativas de conciliação entre as equipes técnicas e jurídicas das duas instituições, não houve consenso quanto às cláusulas contratuais necessárias para regularizar o convênio.
Ressalta-se que todos os demais 274 patrocinadores — incluindo prefeituras, câmaras municipais e os institutos federais IFG e IF Goiano, que estão na mesma condição jurídica da UFG — aceitaram as cláusulas exigidas e renovaram seus convênios. Assim, a UFG foi a única entidade a não firmar o contrato.
O ponto central foi a cláusula de responsabilidade financeira por eventuais déficits, exigência prevista no Termo de Compromisso nº 01/2024, firmado pelo Ipasgo junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Pelas regras da ANS, cada patrocinador deve garantir o equilíbrio financeiro da sua própria massa de beneficiários, assumindo eventuais déficits. A UFG, contudo, recusou-se a incluir essa cláusula, alegando não possuir mecanismos legais para assumir tais responsabilidades. O Ipasgo sustentou que abrir exceção violaria as normas regulatórias e criaria risco de subsídio cruzado, situação em que o Estado ou outros patrocinadores arcariam com despesas indevidas.
O Ipasgo vai notificar individualmente todos os beneficiários da UFG, informando sobre a suspensão do plano, e ressalta que não haverá interrupção para pacientes em tratamento contínuo, que continuarão a receber assistência até a conclusão dos procedimentos.
Histórico
O convênio entre o Ipasgo e a UFG estava sem vigência contratual desde maio de 2019, sendo mantido em caráter excepcional até o fim do prazo regulatório estabelecido pela ANS.
Em 20 de setembro de 2024, a Agência Nacional de Saúde Suplementar confirmou a permanência definitiva de cerca de 10 mil servidores federais e celetistas no plano do Ipasgo Saúde — decisão publicada no Diário Oficial da União no dia seguinte. A medida beneficiou 16 entidades, entre elas a UFG.
A decisão atendeu a um recurso administrativo interposto pelo Ipasgo e teve como objetivo impedir a exclusão de beneficiários já vinculados ao plano após o registro da autogestão na ANS. Ela também garantiu que os servidores continuassem com cobertura assistencial plena, dentro de um plano não regulado, preservando suas características originais.
Segundo a ANS, a deliberação levou em conta a missão institucional do Ipasgo Saúde de zelar pelo interesse público e garantir a continuidade da assistência aos beneficiários, evitando que ficassem desassistidos no sistema de saúde suplementar.”
O que diz a UFG
A Universidade Federal de Goiás (UFG) esclarece que desde maio de 2019 está vencida a vigência do convênio com o Ipasgo Saúde. No entanto, não houve descontinuidade de atendimento aos beneficiários do plano de saúde neste período, já que o contrato é feito diretamente com o servidor.
Em abril de 2024, após a mudança da natureza jurídica do Ipasgo Saúde, foi enviada uma minuta de convênio a ser firmada com a UFG como condição para a continuidade da assistência aos servidores da Universidade.
Após diversas tratativas e reuniões entre as equipes técnicas e jurídicas de ambas as instituições, foi ajustada uma minuta que contemplava os novos interesses do Ipasgo Saúde e, ao mesmo tempo, conferia segurança jurídica à UFG.
Assim, em 19 de setembro de 2025, a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, assinou o Convênio de Adesão 036/2025/Ipasgo-Saúde, nos termos pactuados entre as partes, documento disponibilizado pela própria entidade por meio Sistema Eletrônico de Informações.
Entretanto, houve mudança no entendimento do Ipasgo Saúde e o presidente da entidade não assinou o referido documento, já assinado pela reitora. Em seguida, uma nova minuta foi encaminhada pelo Ipasgo, contendo cláusulas que tornam impeditivas a celebração do convênio, conforme apontado pela pela Procuradoria Federal.
Portanto, a nova versão do instrumento não ofereceu segurança jurídica e nem atendeu às determinações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de que a instituição UFG não pode figurar como patrocinadora.
Além disso, a UFG informou à ANS o histórico das negociações e solicitou manifestação sobre a situação, considerando o Termo de Compromisso já firmado entre o Ipasgo e a ANS e a necessidade de resguardar a continuidade do atendimento aos beneficiários da Universidade.
No dia 10 de outubro de 2025, o Ipasgo Saúde notificou a UFG sobre a descontinuidade da prestação de serviços assistenciais aos beneficiários vinculados à Universidade e comunicou que vai notificá-los sobre o encerramento da cobertura assistencial prestada.
Por fim, a Universidade Federal de Goiás, para garantir a ampla ciência sobre a descontinuidade dos serviços prestados pelo Ipasgo, enviou comunicado aos servidores, alertando que devem entrar em contato diretamente com a operadora para obter informações específicas sobre contratos, coberturas e eventuais tratamentos em curso.
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