“Após a alta, a gente ia ficar perdido“, conta mãe de paciente que recebeu atendimento domiciliar do Hugol
28 outubro 2025 às 16h00

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O Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) celebra quatro anos do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), que oferece cuidado especializado fora do ambiente hospitalar.
Para Ester Rocha, mãe de João Pedro de Melo Silva Rocha, de 17 anos, o serviço foi essencial após o filho sofrer um acidente de bicicleta que resultou em traumatismo cranioencefálico.
“Após a alta, a gente ia ficar meio perdido com os cuidados. Mas o serviço do SAD veio e nos ajudou com a fisioterapia, com o fonoaudiólogo, com o enfermeiro. Então foi muito bom”, relatou Ester ao Jornal Opção. A atenção domiciliar, segundo a mãe, garantiu não apenas a continuidade do tratamento, mas também a prevenção de complicações.
“A grande importância que eu achei foi que, devido a esses cuidados, ele não adquiriu nenhuma daquelas doenças de pele que geralmente aparecem em feridas. Ele não teve nada, graças a Deus, e não ficou com rigidez, porque recebeu acompanhamento de fisioterapia. O atendimento trouxe até uma motivação extra para a recuperação”, destacou.
Serviço de Atendimento Domiciliar
Para Camilla Christina de Oliveira Pires, supervisora do serviço, os resultados vão além da recuperação clínica, impactam também na organização do sistema de saúde e na segurança das famílias.
“Nesse período de duração do nosso programa, conseguimos observar a melhora clínica de muitos casos. São pacientes que têm condições de alta, mas que ainda têm algumas pendências a serem resolvidas. A população é leiga no cuidado desse novo perfil de paciente que volta para o domicílio, e a gente auxilia prestando orientações, apoio na realização de curativos, de forma que os cuidadores vão se empoderando e tendo mais segurança para prestar o cuidado que esse paciente ainda demanda no pós-alta”, explica Camilla.
O serviço atende cerca de 30 pacientes por mês, liberando leitos hospitalares e otimizando recursos. “Conseguimos aumentar o giro de leitos e, ao mesmo tempo, garantir que o paciente continue recebendo assistência no domicílio. Ele já tem estabilização do quadro clínico e, permanecendo na unidade, demandaria investimento financeiro maior”, afirma a supervisora.
O atendimento multiprofissional é um dos pontos centrais do SAD. “Temos pacientes em alta hospitalar com dispositivos como sonda nasoenteral, traqueostomia ou sonda vesical de demora. Durante o atendimento domiciliar, conseguimos evoluir esses dispositivos. O paciente pode voltar a se alimentar pela via mais fisiológica, respirar sem a traqueostomia. Ele recebe visitas do nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, enfermeiro e médico, garantindo um cuidado completo”, detalha Camilla.
Para Ester, a equipe multidisciplinar foi o ponto alto do serviço. “Eu acho que o que mais apoiou foi a questão da equipe múltipla. Todos foram ótimos. Desde a nutrição, fisioterapia, até a enfermeira. Cada um deles nos ajudou um pouco. Não tem como escolher o que foi melhor”, afirmou.

Desafios
Apesar dos resultados, a supervisora aponta desafios importantes. “O maior desafio é que o ambiente domiciliar não é controlado. O paciente precisa estar engajado com o tratamento, e a equipe precisa empoderar os familiares para que sigam as orientações. Muitas vezes visitamos uma vez por semana, às vezes duas, dependendo da complexidade, e precisamos garantir que o cuidado seja contínuo”, afirma.
A articulação com unidades básicas de saúde e o programa estadual Melhor em Casa também é fundamental para a continuidade do tratamento.
“Nosso serviço matricia outros serviços, principalmente em cidades do interior, e realiza treinamento das equipes para dar continuidade ao cuidado nos dias que não estamos presentes. O paciente e o acompanhante recebem orientações sobre a necessidade desse vínculo, e realizamos encaminhamentos para as especialidades necessárias”, explica Camilla.
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