Os possíveis candidatos a prefeito das principais cidades da região Sudoeste de Goiás
21 fevereiro 2015 às 10h47

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Partidos e políticos começam a se articular em Rio Verde, Jataí, Mineiros, Santa Helena e Quirinópolis de olho no pleito de 2016. Briga nas urnas promete ser acirrada

Frederico Vitor
Em política não existe cedo, somente tarde demais. Distante em mais de um ano das eleições municipais de 2016, os principais partidos que dominam a cena política goiana já se movimentam nos bastidores em busca de maior capilaridade eleitoral. Esta pelo menos tem sido a realidade nas principais cidades da região Sudoeste de Goiás, como Rio Verde, Jataí, Mineiros e Santa Helena, onde o duelo entre as legendas que compõem a base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB) com os partidos de oposição, notadamente PMDB e PT, promete elevar a temperatura da política local que tem sido quente.
No Sudoeste de Goiás se concentra a maior parte da produção agropecuária do Estado que, mais recentemente, vem se destacando como polo de atração de investimentos agroindustriais. Tal potencialidade se traduz em grande pujança econômica que é refletida no forte comércio e na presença de grandes indústrias de transformação de produtos primários. Chefiar um Executivo com expressiva arrecadação é o sonho de qualquer político. Trata-se de uma excelente vitrine para qualquer homem público que almeja voos mais altos, ou que queira estar muito próximo do centro das decisões políticas do Estado.
Neste cenário, as conjunturas atuais apontam para um panorama desafiador aos grupos políticos. Até o período de formatação de chapas e alianças, as lideranças partidárias vão precisar de muito jogo de cintura para aparar arestas internas e externas de suas respectivas legendas. Construir uma engenharia política forte e eficiente, que proporcione uma estrutura mínima vai ser a principal meta dos chefes partidários. Aliás, a palavra “estrutura” deverá ser entendida como algo prioritário. Sem ela, a chance de obtenção de vitória nas urnas, em qualquer um dos municípios que compõem a região, fica mais distante.
Porém, o histórico de eleições passadas prova que muito dinheiro não é o suficiente para galgar resultados. Por isso, ter capilaridade política e aproveitar do humor do eleitorado junto à situação presente das prefeituras é uma estratégia que será bastante utilizada. Das cinco cidades, apenas duas são governadas por aliados do governo estadual: Rio Verde, Juraci Martins (PSD); e Quirinópolis, Odair Rezende (DEM). O PMDB, principal partido de oposição a Marconi está no comando em Jataí (Humberto Machado), Mineiros (Agenor Rezende) e Santa Helena (Judson Lourenço).
Destes prefeitos, três devem disputar reeleição. Apesar da baixa aprovação e das dificuldades em que passa a prefeitura de Mineiros, Agenor Rezende deve ser avaliado nas urnas. Em Santa Helena, mesmo não confirmando, Judson Lourenço deve ser candidato mais uma vez. Em Quirinópolis, Odair Resende também deve ir à reeleição. Em Rio Verde e Jataí, as duas maiores cidades do Sudoeste, os atuais prefeitos — Jaraci Martins e Humberto Machado — não podem se candidatar, pois encerram em 31 de dezembro de 2016 seus segundos mandatos seguidos. Contudo, ambos trabalham para fazer seus sucessores.
Rio Verde: Heuler Cruvinel, Paulo do Vale e Karlos Cabral vão se enfrentar
Na maior cidade da região Sudoeste, o candidato do atual prefeito será o deputado federal Heuler Cruvinel (PSD). Juraci Martins tem enfrentado desgastes e precisa, até o desenrolar do processo eleitoral, tentar acertar a mão de sua administração impopular, repleta de escândalos e totalmente inoperante. A reportagem apurou com fontes locais que a impressão que se passa é de que a prefeitura não dialoga com os rio-verdenses, ou seja, o prefeito não está próximo do povo. Este será o grande desafio de Heuler Cruvinel: tentar restabelecer o diálogo com eleitorado ao mesmo tempo em que precisa — uma missão difícil — descolar sua imagem do atual prefeito.

Tal como Juraci, Heuler Cruvinel vem de uma família de produtores rurais e tem ligações estreitas com o setor agropecuarista da região. Jovem, tido como bom articulador, ele foi reeleito deputado federal com 90.877 votos nas eleições de 2014. Heuler tem dito que só disputará eleições se tiver aprovação da sociedade, por isso, atualmente, tem focado na atividade parlamentar na Câmara dos Deputados, em Brasília. Aliás, este pode ser seu diferencial para se tornar leve e impedir que a rejeição de Juraci o atinja. Se conseguir dialogar com a população e convencê-la de que tem prestígio na capital federal para a captação de recursos na União visando suprir as carências do município, o jovem pessedista pode agradar o eleitor mais exigente.
Na oposição, o nome que mais tem sido comentado é o do peemedebista Paulo do Vale. O médico confrontou diretamente a máquina eleitoral de Heuler Cruvinel ao se candidatar a deputado federal e ter centrado sua campanha na região Sudoeste, onde conquistou mais de 40 mil votos. Saiu derrotado, mas cimentou, politicamente, o caminho para se cacifar à disputa da prefeitura de Rio Verde. Ele afirma que ainda está cedo para falar em candidatura, mas não nega a vontade do PMDB de bancar candidatura própria ao Executivo com seu nome na cabeça de chapa. Há possibilidades do DEM do deputado federal Ronaldo Caiado — desafeto declarado de Juraci Martins — substituir o PT como parceiro preferencial dos peemedebistas de Rio Verde, em 2016. “Tudo vai depender da sinalização em âmbito estadual. Enquanto isso, vamos trabalhar para construir nomes fortes.”

O ex-deputado estadual Karlos Cabral é outra peça no xadrez político que está se movimentando em vistas a 2016. Ele já concorreu à prefeitura nas eleições de 2012, quando o PMDB e o PT, numa circunstância totalmente diferente da atual, lideraram uma ampla aliança formada por 11 partidos. O petista afirma que está pronto para enfrentar Heuler Cruvinel ou qualquer outro eventual candidato do prefeito nas urnas, se assim o PT entender. Em relação a uma nova composição com o PMDB, Karlos Cabral diz que é preciso diálogo e desprendimento acerca da questão da cabeça de chapa. Caso contrário, segundo ele, não haverá espaço para conversações. “Se forem nos chamar apenas para compor chapa não vai ter diálogo.”

Jataí: Leandro Vilela terá missão de suceder Humberto Machado e pode enfrentar Victor Priori
Diferentemente de Rio Verde, o cenário na segunda maior cidade da região Sudoeste é favorável ao grupo político situacionista. O prefeito Humberto Machado vai encerrar sua terceira administração — a segundo seguida — com altos índices de aprovação, apesar de ser visto como distante da população e de pouco diálogo com a sociedade. Para sucedê-lo, o ex-deputado federal Leandro Vilela foi escalado para que o time peemedebista continue o histórico vitorioso nas urnas de Jataí. Primo do deputado federal Daniel Viela (PMDB) e sobrinho do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), o peemedebista pode contar ainda com a ajuda do empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, para ter uma estrutura de campanha extremamente forte.

Na oposição, que muitos dizem estar em frangalhos após sucessivas derrotas, há uma movimentação em torno de dois nomes: o produtor de soja Victor Priori e o do vereador Vinícius Luz, ambos do PSDB. O primeiro vem de dois reveses para a prefeitura — 2008 e 2012, derrotado nas duas ocasiões por Humberto Machado — e dois ao Legislativo — 2010 e 2014. Mesmo com as experiências eleitorais não exitosas, Victor Priori tem cacife para mais um teste nas urnas por conta do poder de levantar recursos para se bancar. Portanto, ele tem caminho livre para nova disputa, caso pretenda mais uma vez enfrentar a máquina peemedebista.

Vinícius Luz, vereador que já foi secretário de Administração e de Saúde em Jataí, é outro nome tucano que pode disputar eleição. Ele afirma que o PSDB jataiense tem feito discussões internas em relação ao projeto de 2016, incluindo as questões que envolvem seu nome e o de Victor Priori. Ele defende que a sigla do governador Marconi precisa articular uma ampla aliança envolvendo seis partidos (PSD, PP, PTB, DEM, PTN e PR) para conseguir ter capilaridade eleitoral no ano que vem. “Precisamos fazer discussões internas para definirmos a melhor estratégia e aliança para virmos fortes nas eleições de 2016.”

Mineiros: prefeito desgastado do PMDB vai disputar reeleição contra três mulheres
Em Mineiros, a terceira maior cidade do Sudoeste, o atual prefeito Agenor Rezende (PMDB) terá a difícil missão de se reeleger. Isso porque sua administração é mal avaliada e tem provocado a movimentação política da oposição que apresenta três nomes de mulheres. Os partidos fora do poder perceberam que será fácil destronar o peemedebista. Até mesmo políticos aliados têm abandonado o barco. Recluso e distante do povo, com uma gestão impopular e inoperante, a candidatura de Agenor Rezende é vista como desesperadora, podendo decretar seu sepultamento político.

Na oposição, o nome mais consistente é da ex-prefeita Neiba Barcelos (PSDB). A tucana foi candidata a deputada estadual em 2014 e obteve pouco mais de 11 mil votos. Mesmo sem ter sido eleita, seus correligionários e apoiadores vem costurando alianças para que tenha consistência eleitoral em 2016. Os aliados preferenciais são PSD e o PP do vice-governador José Eliton. Outro tucano que pode entrar na jogada é o vereador Marcelo do Vale. Ele afirma que se o projeto de Neiba não engatar, seu nome é um dos primeiros da lista a ser talhado para a tarefa de derrotar o PMDB nas urnas.

Apesar de sua legenda ter se aliado ao PMDB nas eleições estaduais de 2014, o Solidariedade de Armando Vergílio deve lançar dra. Flávia Vilela como candidata à prefeitura de Mineiros. A dentista, que foi eleita vereadora em 2012 pelo PSDB, foi secretária municipal de Saúde na gestão de Neiba Barcelos, conseguindo angariar bases eleitorais neste período.

Outra candidatura que tem ganhado corpo é a de Ivane Campos Mendonça (PT). A petista, que é cirurgiã plástica, concorreu à prefeitura nas eleições municipais de 2012 terminando derrotada com pouco mais de 8 mil votos. Ela também foi candidata a deputada estadual em 2014 e terminou o pleito com apenas 9.498 votos. A expectativa, segundo conversas de bastidores, é de que ela possa vir com estrutura adequada em proveito do cenário mais favorável.

Santa Helena e Quirinópolis: retorno do “alcidismo” e repetição de 2012

Em Santa Helena, o prefeito Judson Lourenço (PMDB) deve mesmo tentar a reeleição. Ele desconversa dizendo que ainda é cedo para definir nomes e candidaturas, mas não há outro nome do PMDB em condições de viabilizar projeto político. O peemedebista deverá enfrentar o filho do ex-governador Alcides Rodrigues, o médico João Rodrigues, que tem recebido apoio da ex-prefeita e mãe, Raquel Rodrigues. Ainda não se sabe qual será a legenda do herdeiro do “alcidismo”, porém sua candidatura é dada como certa. Pelo PSDB, o jovem vereador Erick Itacarambi tem sido sondado. Mas o partido deve definir nomes após série de reuniões e encontros.

Apesar de não se situar na região Sudoeste, mas no Sul Goiano, a política de Quirinópolis merece destaque. O prefeito Odair Resende (DEM) vai a reeleição e os eleitores locais poderão ter uma repetição de 2012. Isso porque o deputado estadual Paulo Cezar Martins (PMDB) deve mais uma vez concorrer ao pleito municipal. A última eleição foi marcada por fortes emoções quando o peemedebista, até os momentos finais da apuração esteve na frente, sendo superado pelo adversário por pouco mais de dois mil votos. Apesar de integrar o DEM de Ronaldo Caiado, Odair José é alinhado com a base governista.