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Filiação da senadora tucana deve garantir chapa de vereadores um pouco mais competitiva para o socialista em Goiânia

Montagem
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Afonso Lopes

O desembarque da ex-senadora tucana Lúcia Vânia no PSB deve reforçar a candidatura do ex-prefeito de Senador Canedo e ex-candidato ao governo do Estado Vanderlan Cardoso, no ano que vem, em Goiânia. A principal deficiência de Vanderlan é exatamente a falta de uma boa estrutura de candidatos a vereador, fato que poderá ser modificado com a forte presença da senadora no PSB. Isso, obviamente, não faz dele favorito para a disputa, mas pelo menos abre a perspectiva de que sua candidatura tenderá a ser mais competitiva.

Se Vanderlan ganha de imediato um pouco mais de fôlego, a base aliada e especialmente os tucanos não perdem tanto assim em nível municipal. As bases de Lúcia, embora numerosas o suficiente para reforçar Vanderlan, não abalam o conjunto da base, que é muito abrangente. O prejuízo maior talvez se verifique no PMDB, de Iris Rezende, que vê um bom discurso de oposição migrar, se não inteiramente para o governo estadual, pelo menos para uma área menos conflituosa.

Hoje, Iris Rezende e o deputado federal Delegado Waldir Soares (PSDB) são frequentemente apontados como os candidatos com maior potencial de largada para as eleições de Goiânia. Esse quadro, evidentemente, ainda não é definitivo, mas apenas uma sensação inicial. Em tese, ambos devem correr na mesma raia do eleitorado, especialmente os residentes nos bairros mais afastados da região central. Vanderlan terá que apostar então exatamente no eleitorado não preferencial de Iris e Waldir já que a tendência é que ambos devem travar uma interessante disputa, provavelmente sem permitir espaços para a entrada de um terceiro competidor, na periferia.

Embora aparentemente a tarefa de Vanderlan se torne inclusive muito mais simples, pelo fato de que ele vai remar praticamente sozinho numa larga faixa do eleitorado enquanto os principais rivais dele se desgastam numa outra faixa, é ilusório acreditar que Iris e Waldir não vão migrar naturalmente durante a campanha também para as regiões centralizadas.

Esse quadro inicial mostra inclusive a diferença básica entre esses três candidatos. Vanderlan precisa se consolidar no centro para depois avançar para a periferia. Iris e Waldir devem trilhar caminho exatamente inverso, da periferia para o centro. Esse cenário é bastante provável graças à tendência histórica do eleitorado goianiense de se dividir entre três grupos — ao contrário do que ocorre no Estado, onde a eleição é disputada por dois eixos políticos.

É nesse aspecto que a chegada de Lúcia Vânia deve ampliar as possibilidades de Vanderlan Cardoso. A senadora tem uma boa rede de apoio em Goiânia, inclusive nos setores periféricos.
É certo que esse batalhão eleitoral vai arregaçar as mangas para suprir a grande deficiência que as candidaturas de Vanderlan sempre apresentaram: a falta de sustentação. Nas eleições para o governo do Estado no ano passado, esse problema ficou bastante evidente, quando o empresário do PSB começou a campanha com bons índices nas pesquisas e definhou ao longo do tempo. A luta dele no ano que vem em Goiânia será evitar que esse problema de falta de estrutura nas chapas proporcionais mais uma vez liquide com suas chances.

Um outro grupamento que poderá receber algum prejuízo direto com o reforço da candidatura de Vanderlan Cardoso é o PT. O partido sempre foi muito forte eleitoralmente em Goiânia, mas o futuro de uma candidatura petista no ano que vem é uma incógnita. Em primeiro lugar, há o fato inegável de que a administração Paulo Garcia passou por desgastes bastante sérios, e ainda não se recuperou completamente. Isso, evidentemente, acaba contaminando negativamente os candidatos apoiados por ele.

Por fim, o governo Dilma Rousseff também deve puxar a candidatura do PT em Goiânia para baixo. Sem uma terceira candidatura competitiva, ainda assim um candidato petista teria condições de ficar entre as três grandes frentes. Vanderlan quebra essa possibilidade. Até pelo fato de que ele também vai brigar inicialmente por um eleitorado centralizado, que é tradicionalmente de onde parte inicialmente a força eleitoral do PT nas disputas goianienses. Vanderlan vai para a campanha praticamente sem maiores desgastes, enquanto o candidato petista vai começar, nesse sentido, devendo.

De qualquer forma, a questão principal esta na filiação de Lúcia Vânia ao PSB e, mais do que isso, quanto ela vai conseguir arrastar para o seu novo partido. Se ela desembarcar sozinha, o quadro não mudará. Se, ao contrário, sua tropa de choque a seguir, então Vanderlan passa a forte candidato. Em outubro, no prazo final das filiações, já vai se ter uma melhor ideia do que será.