COMPARTILHAR

Enquanto o senador Wilder Morais articula com a oposição, a senadora do PSB se torna favorita na disputa interna por vaga na chapa ao Senado

Se a oposição, representada principalmente pela dupla PMDB/DEM, nem ao menos iniciou o processo de escolha para as duas candidaturas ao Senado no ano que vem, a base aliada está envolvida numa grande disputa interna por causa do grande número de pretendentes. São pelo menos cinco nomes de olho nessas vagas. É claro que uma delas está destinada, se for o caso, para o governador Marconi Perillo, que já anunciou que deixa o cargo no início de abril. Ele, por sinal, é a única grande unanimidade dentro da base aliada estadual. A senadora Lúcia Vânia, presidente regional do PSB, é a favorita atualmente para ocupar a segunda vaga.

O problema na oposição é excesso de candidatos ao governo do Estado, com Daniel Vilela ou Maguito Vilela, pelo PMDB, e o senador Ronaldo Caiado, presidente regional do DEM, e duas vagas para o Senado que ninguém até agora reivindicou. A base aliada, ao contrário, está fechada em torno do vice-governador José Eliton, que será governador em pleno período eleitoral, mas tem grande disputa pelas vagas de senador.
Ao contrário das regras eleitorais dos demais cargos no Brasil, a eleição no Senado tem duas particularidades. A primeira delas é a duração do mandato, oito anos e não quatro. A segunda é o sistema de renovação de mandatos. São três senadores por Estado, mais o Distrito Federal. Se numa eleição a composição é renovada em um terço, na próxima vão ser dois terços do total de senadores. Na eleição de 2014, existia somente uma vaga em disputa. Agora, em 2018, vão ser duas.

Apesar do assunto não explodir de vez oficialmente, a base aliada está fervilhando intensamente com a movimentação dos pretendentes. E só tem peso-pesado nessa disputa do ponto de vista partidário. Todos eles são presidentes estaduais de seus partidos. Lúcia Vânia, o PSB, Wilder Moraes, do PP, Vilma Rocha, do PSD, e Magda Mofatto, do PR. Candidato à reeleição, o deputado federal Jovair Arantes, presidente do PTB de Goiás, chegou a pedir uma vaga de senador para indicação do seu partido, mas aceitou compor até com uma candidatura a vice-governador.

No ano passado, a corrida interna era francamente favorável ao senador Wilder, e ele até recebeu apoio declarado do governador Marconi Perillo numa festa de aniversário. Daí em diante o quadro mudou bastante. Wilder, que herdou o mandato após a cassação de Demóstenes Torres, não tem tanta intimidade assim na diversificada e multipartidária base aliada. Aliás, ele enfrenta problemas até dentro do seu próprio partido, o PP. Recentemente, Roberto Balestra, o mais longevo deputado federal do Estado e fundador do PP em Goiás, fez críticas duríssimas ao senador pepista.

Wilder amealhou uma fortuna respeitável na iniciativa privada como dono do grupo empresarial Orca, que entre outras atividades explora a construção civil. A maior parte do faturamento da empresa veio da construção de inúmeros hipermercados da rede francesa Carrefour. Ele tem condições de bancar sua candidatura e de outros candidatos, provavelmente sem abalar suas finanças pessoais seriamente. A questão é que posições políticas não são conquistadas com dinheiro, mas com vivência política e convivência partidária. São dois quesitos vitais que o senador, que estreou na eleição em 2010 como primeiro suplente na chapa liderada por Demóstenes Torres, não tem.

Já Lúcia Vânia é professora no assunto. Ela foi deputada federal por vários mandatos, disputou e perdeu uma eleição para o governo, em 1994, e já está em seu segundo mandato como senadora. Com um detalhe importante: em todas as eleições, ela sempre integrou o mesmo grupamento político. Ou seja, ela conhece não somente a cúpula da base aliada estadual como sabe de cor e salteado o nome e a importância local de centenas de lideranças do grupo. E o oposto também é verdadeiro: Lúcia é a mais conhecida dentre todos os pretendentes da base, com exceção de Marconi, obviamente. Isso tem potencializado a sua tentativa de se candidatar para um terceiro mandato.

O secretário estadual Vilmar Rocha também está na fila, mas sabe que sua grande oportunidade de chegar ao Senado, após passar pela Assembleia Legislativa e pela Câmara dos Deputados, foi em 2014, quando enfrentou um favorito Ronaldo Caiado, seu então colega — e adversário interno — de partido, o DEM. Vilmar deixou a legenda de vez quando Caiado resolveu romper definitivamente com a base aliada, e fundou o PSD em Goiás, ao lado de outras lideranças, como o deputado federal Thiago Peixoto, ex-peemedebista. Vilmar tem afirmado que irá disputar um cargo majoritário no ano que vem, de senador ou de governador. Tem trabalhado com esse objetivo.

A deputada federal Magda Mofatto também quer ser senadora. Ela foi eleita em 2010 e reeleita em 2014. Nas eleições municipais de 2016, Magda abrigou dentro do PR o também deputado federal Delegado Waldir, que disse se sentir preterido no PSDB na disputa interna para prefeito de Goiânia. Waldir, na época, aparecia muito bem nas pesquisas. Se ele tivesse conseguido vencer a eleição, Magda esperava um bom reforço para ela própria agora, com a disputa interna pela vaga ao Senado. Deu zebra nesse plano estratégico, como se sabe. Sem contar com boa estrutura de coligação, sem militância, sem recursos financeiros básicos, Delegado Waldir viu o apoio que as pesquisas de opinião registravam derreter. Com a queda, os erros da própria campanha se multiplicaram, e a votação obtida por ele nem de longe se aproximou da perspectiva que existia na pré-campanha.

Lúcia Vânia tem a preferência neste momento dentro da base aliada estadual, e soma todas as condições para confirmar candidatura à reeleição. É claro que ainda falta muito para definição dos candidatos, mas sua reaproximação com a cúpula da base, de onde ela havia se distanciado desde a sua saída do PSDB para assumir o comando do PSB estadual, a fortaleceu extraordinariamente nessa disputa. Se a fila não andar, seu posicionamento atual, de favorita, tem tudo para se confirmar em meados do ano que vem.