Base aliada se fortalece, oposição bate cabeça

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O martelo das coligações para o governo do Estado só vai ser batido no meio do ano, mas até agora a base aliada estadual consegue se fortalecer enquanto as oposições continuam no lenga-lenga das indefinições
Afonso Lopes
Um rápido comparativo entre as manchetes políticas desta mesma época no ano passado mostrava que a linha dorsal da base aliada estava com algumas falhas e faltava maior musculatura. Na outra trincheira, entre os oposicionistas era comum o noticiário sobre flertes com os partidos integrantes da base que ainda não se alinhavam em termos de unidade. Os nomes até então colocados são os mesmos de agora: José Eliton, pela base, Daniel Vilela, pelo MDB, e Ronaldo Caiado, pelo DEM. Com o corte para os dias atuais, esse noticiário mudou bastante. Pelo menos em uma das trincheiras.
Enquanto na oposição o ano começa exatamente como no ano passado quanto à definição de candidaturas, a base aliada apresenta agora uma linha central sem falhas e até com acréscimo na musculatura. Na semana passada, por exemplo, o próprio José Eliton esteve em Brasília para conquistar o apoio do PDT de Carlos Lupi, comandado em Goiás pelo casal George Morais e a deputada federal e candidata à reeleição Flávia Morais.
Pacificou
No início de 2017, as grandes lideranças do PSB, partido sempre segue parceria com o PPS local quase se confundindo em um só, PSD, PTB e PR andavam de lero-lero com Ronaldo Caiado, do DEM, e Daniel Vilela, do PMDB, quando não com ambos. Pois o PSB, da senadora e candidata à reeleição Lúcia Vânia, e o PPS, do deputado federal e sobrinho dela Marcos Abrão, igualmente candidato à reeleição, se distanciaram de Caiado o suficiente para entrarem de vez na órbita do grupo governista estadual, onde sempre estiveram, por sinal. O maior problema aí era o devido espaço para a recandidatura de Lúcia Vânia ao Senado por uma base que chegou a ter seis pretendentes para somente duas vagas, sendo uma delas naturalmente reservada para o governador Marconi Perillo.
Já o PTB, que ganhou o reforço do ex-senador Demóstenes Torres, que se livrou de todas as encrencas na Justiça, mas ainda precisa recuperar os direitos políticos suspensos por decisão do Senado, em 2012, e de Roberto Naves, a mais nova estrela do partido após vencer as eleições em Anápolis, em 2016, ainda pretende reivindicar vaga na chapa majoritária, mas deixou de fazer desse pedido uma exigência tipo cavalo de batalha. Os tempos de prosa com partidos fora da base ficaram no passado. Esse é outro grupamento político importante na soma geral que sempre esteve dentro da base aliada, e pelo jeito vai continuar.
O PSD tem problema interno. O presidente, e ex-secretário de Estado Vilmar Rocha, se mantém irredutível na sua decisão de disputar mais uma vez uma vaga para o Senado, após a derrota, em 2014, para Ronaldo Caiado, seu velho companheiro e rival desde os tempos em que o DEM ainda se chamava PFL. Ficou meio rebelde sem causa coletiva ao se deparar com as demais lideranças do partido, que reafirmaram a tendência interna de integrar a base aliada estadual. Se insistir em frequentar a seara oposicionista pode acabar sozinho. Os deputados federais Thiago Peixoto e Heuler Cruvinel, além de outras estrelas do PSD, estão na base. Além disso, o presidente nacional da sigla, ministro Gilberto Kassab, também já demonstrou que prefere apoiar a base aliada estadual em Goiás do que qualquer nome da oposição.
O PR andou distanciado da base em razão da deputada federal Magda Mofatto firmar posição em torno de candidatura ao Senado. Como são apenas duas vagas, chegou-se a especular que ela levaria seu PR para o campo oposicionista. Seu reposicionamento, de candidatar-se à reeleição para a Câmara dos deputados aplainou todos os problemas. Já não se especula mais sobre a possibilidade da deputada federal e o PR abrirem dissidência.
A última incógnita sobre os grandes partidos de atuação na base aliada igualmente parece resolvida. O PP, presidido pelo senador Wilder Morais, tem sofrido duríssima resistência interna dos setores tradicionais do partido, especialmente do deputado federal Roberto Balestra. Nas últimas semanas, abriu-se mais um leque de resistência no PP com a especulada filiação do ministro e deputado federal Alexandre Baldy. Isso sedimentou o isolamento político interno do senador Wilder, que causou todo esse bafafá para se impor como candidato à reeleição. O resultado é que o PP é mais um que parece estar definitivamente somando dentro da base aliada.
O cenário atual, repita-se, ainda não é definitivo, mas representa que um enorme caminho foi percorrido ladeira acima pela base aliada estadual, enquanto DEM e MDB permanecem correndo ladeira abaixo atrás de uma cada vez mais distante e complicada união de suas candidaturas ao governo.