Alimentação natural é mais saudável do que ração para pets, dizem especialistas
29 outubro 2021 às 18h35

COMPARTILHAR
Diferente do que se pode pensar, a alimentação saudável e o estilo de vida fitness, que visa proporcionar maior qualidade ao organismo, não são apenas para humanos. A alimentação natural para animais domesticados, na verdade, vêm sendo uma tendência adotada por diversos tutores que têm a intenção de retirar as rações do cardápio dos pets e introduzir comidas sem conservantes ou qualquer tipo de processamento.
Caso muito comum é iniciar esse tipo de alimentação quando os animais, sejam eles gatos ou cachorros, têm algum tipo de doença ou alto ganho de peso, com a intenção de controlar o quadro. Em quase todos os casos, o objetivo é alcançado com sucesso. Esse foi o caso da Capitu, uma Dachshund preta com caramelo que emagreceu cinco quilos em sete meses que teve seu cardápio alterado por Vanise Mateucci, sua tutora.

Vanise explica que, para Capitu, perder e controlar o peso era praticamente uma urgência, uma vez que, além da predisposição em ganhar peso, a cadela passou por uma cirurgia de hérnia de disco na região cervical e recebeu a orientação de que o aumento de peso poderia colaborar para o surgimento de novas hérnias. Em seu auge, a balança chegou a apitar 13 quilos com Capitu, que hoje permanece na faixa dos oito quilos.
Isso só foi possível, no entanto, por meio de uma dieta balanceada recomendada por um veterinário endocrinologista. “Ele disse que por mais que eu desse uma ração específica para perda de peso ou para controle, ela possui conservantes e sal, fazendo com que ela ganhe peso do mesmo jeito”, relatou Vanise. Capitu, é claro, não achou nada ruim, já que hoje se delicia e em poucos minutos devora a marmita de frango com cenoura e beterraba. “Se ela falasse, ela falaria: deixa eu comer só mais um pouquinho?”, brinca a tutora, que é profissional de Educação Física.

O que talvez Capitu não imagine são os benefícios que a introdução desse tipo de alimentação pode trazer ao organismo de um animal. A médica veterinária Luísa Rizzini, por exemplo, que apesar de especialista em clínica e cirurgia de pequenos animais, também estudou e atua na área de alimentação natural terapêutica para cães, explica que os benefícios são muitos e que podem fazer a diferença na qualidade de vida dos animais. Entre esses benefícios, a profissional menciona o controle de peso, a melhora na absorção de nutrientes, a diminuição do volume e odor das fezes e até a diminuição de problemas urinários e renais.
Já a veterinária Moara Gomes Lopes, que também faz atendimento especializado em alimentação natural para cães e gatos, justifica que esses benefícios ocorrem devido ao fato de a ração tradicional não consistir em um alimento biologicamente apropriado quando se trata da alimentação de animais carnívoros ou onívoros, pela própria composição pobre de proteínas desse tipo de comida. “Também tem a questão da contaminação pela composição de grãos transgênicos das razões e de ser um alimento desidratado. A longo prazo, isso pode interferir na saúde urinária e renal dos animais porque eles não ingerem a quantidade de líquido que deveriam e que existe em um alimento natural”, complementa Moara.

De forma ilustrativa, o sócio da Bonapetti, empresa que comercializa suplementos e marmitas congeladas e balanceadas para animais, e administrador, Bruno Tomás, compara as rações comuns vendidas no mercado como alimentos industrializados e fast-foods que são consumidos por humanos. “Qual é mais fácil para nós? Fazer uma comida natural ou ir ao McDonald ‘s? Eu considero que comer sanduíche seja mais fácil, mas se só comermos isso, com certeza teremos problemas de saúde”, opina Bruno.
Alimentação caseira x alimentação natural
Com a alimentação natural, Moara explica que a intenção é fazer com que a refeição esteja cada vez mais próxima do esses animais encontrariam na natureza, quanto a nutrientes. “Quando um lobo ou um felino abate um coelho na natureza, por exemplo, ele come todas as vísceras: sangue, pelos, unhas… então é uma refeição completa. Então só de desossarmos a carne, já tiramos parte dos nutrientes que uma dieta crua teria, por exemplo”, esclarece a veterinária.

Assim, a especialista ressalta a importância do acompanhamento do animal e, especialmente, da suplementação da alimentação, para que não haja falta de nutrientes e o objetivo principal da alimentação natural seja alcançado. “Comida caseira não orientada é muito perigoso. Eu atendo muitos pacientes com carências e deficiências nutricionais graves em decorrência de alimentação caseira e não alimentação natural”, explica.
A veterinária Luisa Rizzini concorda. Para ela, a alimentação natural, assim como qualquer dieta, deve ser calculada especificamente para cada objetivo. Para isso, são necessários alguns exames para checar o organismo por inteiro, além da observação do histórico do animal quanto a própria alimentação, da ocorrência de alergias, vômitos, diarréias e outros. A comida caseira, segundo ela, só pode ser ofertada aos pets caso seja balanceada conforme orientação do médico veterinário e com cuidado em relação às quantidades.
Ainda que isso não descarte a crucialidade do acompanhamento com um médico veterinário, a realização de cursos específicos para que o balanceamento das dietas seja aprendido é uma opção interessante para quem deseja aplicar a alimentação caseira ao animal. Essa, por exemplo, foi a escolha da farmacêutica e bioquímica Silvana Veloso, que hoje é sócia da empresa Bonapetti, juntamente com Bruno, que comercializa suplementos e marmitas congeladas e balanceadas para animais.

Antes de iniciar os trabalhos na Bonapetti, seu interesse pela alimentação natural animal veio do desejo de dar maior longevidade e qualidade de vida ao seu labrador, o Jorge. Ao apresentar constantes crises de otite, que são inflamações no ouvido, Silvana saiu em busca de soluções alternativas para solucionar o que nem remédios estavam resolvendo. Em seus estudos constantes, encontrou a alimentação natural. Com a intenção de entender mais sobre esse universo, durante três anos saiu de Goiânia e realizou cursos na área para que pudesse implementar o novo cardápio nas refeições de Jorge.
E não deu outra: o resultado veio. “É uma coisa nítida. Em menos de trinta dias você nota a diferença na qualidade de vida”, comemora Silvana. Entre os aspectos observados em Jorge, a farmacêutica destaca as pelagens, que são constantemente elogiadas por todos que veem o labrador, a redução do odor das fezes e, é claro, o esperado fim das otites.

Para a própria veterinária Luisa Rizzini a experiência com o mundo da alimentação natural foi iniciado a partir de uma situação pessoal, no momento em que se colocou em uma constante busca pelo fim das recorrentes infecções que suas três Yorkshire Terriers sofriam, devido ao excesso de cristalúria na urina. Para saber como ministrar os alimentos, também realizou cursos – em específico, o curso chamado Cachorro Verde, também feito por Moara – e foi acompanhando os resultados através de exames de rotina. “Não existe sensação melhor no mundo do que você melhorar muitos problemas mexendo somente na alimentação do animal”, desabafa a veterinária.
Quando se fala de alimentação saudável, no entanto, a primeira preocupação a vir à cabeça, além da necessidade de preparação dos pratos, é o preço dos alimentos. No entanto, caso o tutor escolha alimentar o animal com a opção de refeições cruas, ao invés de cozida, a alimentação natural pode sair pelo custo de um terço do que seria gasto com o saco de ração tradicional, informa Moara.
O que animais precisam ou podem comer?
Para ser balanceado, o prato de um animal como um gato ou um cachorro precisa ser composto de proteínas de origem animal, carboidratos e fibras, gorduras e óleos, minerais e vitaminas. Como cada alimentação varia das necessidades de cada animal, por sua raça, peso, altura e outras condições como alergias – que, por vezes, podem ser desconhecidas aos donos – alguns locais que comercializam marmitas voltadas a animais só vendem caso os tutores apresentem dietas receitadas por veterinários.

É o caso de Grace Kelly, que também vende marmitas naturais para cães, mas somente sob instruções de um médico veterinário sobre a dieta. “Tem cachorro que não pode comer nada que venha da terra, outros não podem comer carnes vermelhas por algum processo de alergia, então é preciso que se conheça o organismo de cada um animais antes de alimentá-los”, explica Grace.
Outros, como a própria Bonapetti, além de possuírem parceria com veterinários, realizam a própria ‘triagem’ dos animais, para que possam entender o perfil de cada um de seus ‘clientes de quatro patas’. Para o atendimento, Silvana explica que os tutores recebem um questionário onde precisam preencher todas as informações básicas sobre o pet, como raça, porte, se está dentro, abaixo ou acima do peso, se possui alguma patologia ou observação e se a dieta é ou não prescrita.
Apesar de existir alimentos não recomendados para a ingestão desses animais, como chocolate, cebola, carambola, uvas ou algumas outras frutas e castanhas – com exceção às particularidades de cada um – o leque de possibilidades de consumo é muito maior. Aposentada, além de vender marmitas para animais, Grace também alimenta seus animais com refeições naturais. Dois cachorros, inclusive, Maria Júlia e Kadu, mesmo com cinco anos de idade, nunca provaram ração.
Para ela, o gosto dos pets por esse tipo de alimentação é de encantar qualquer pessoa. “É muito gratificante ver eles comendo legumes que nem eu mesma como, como brócolis, couve-flor”, comemora. Atualmente, Grace vende marmitas para apenas dez tutores, mas permanece na busca por aumentar sua clientela canina.
Encomende marmitas para seus pets
Bonapetti
Instagram: @bonapetti
[email protected]
Grace Kelly
E-mail: [email protected]
Instagram: @gracekellylopes