A ausência do presidente Lula da Silva (PT) na inauguração da estação de tratamento secundário da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Dr. Hélio Seixo de Britto, nesta sexta-feira, 17, em Goiânia, foi vista pelo Palácio das Esmeraldas como um recuo do presidente, para não antecipar um enfrentamento público com o governador Ronaldo Caiado (UB) no palanque. O petista sabia que seria cobrado publicamente — e de forma dura — pelo governador, em solo goiano. Representando o governo federal, coube ao ministro Jader Filho (Cidades) ouvir as críticas de Caiado à postura de Lula.

O governador foi incisivo. Reclamou que Goiás sofre perseguição do governo federal, que cortou verbas da saúde e de obras, e que o PT atua no Supremo Tribunal Federal para travar os projetos de infraestrutura em andamento no Estado.

Reclamou ainda que o governo de Goiás teve que multiplicar em quase dez vezes o repasse estadual para a conclusão da ETE, que se arrastava desde 2013, e lembrou que os projetos prioritários do PAC para Goiás estão completamente paralisados há dois anos.

“O governo Lula não tem o direito de prejudicar o Estado de Goiás por causa de disputa eleitoral. Se quiserem atacar, não ataquem os goianos; ataquem a mim, que eu enfrento de peito aberto”, disse Caiado, que lamentou a ausência de Lula. “Queria falar isto tudo para ele.”

O cerimonial da Presidência chegou a confirmar, um dia antes do evento, a vinda de Lula, mas depois avisou que ele não participaria da agenda. “Lula e o PT entraram totalmente no modo eleitoral e estão jogando duro contra Goiás para prejudicar Caiado. É uma posição nem um pouco republicana e que só prejudica o povo do Estado. Lula desistiu de vir de última hora porque caiu a ficha de que ia ouvir tudo isso do governador. Ia ser cobrado ali, publicamente, pelas retaliações que vem fazendo contra Goiás, e isso ia chamar a atenção da imprensa nacional para o que vem acontecendo aqui”, avaliou uma fonte do Palácio das Esmeraldas com vivência em Brasília.

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