Ex-aliados do PL divulgam supostas ameaças e Frederick Wassef reage com acusações de extorsão
19 novembro 2025 às 11h30

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O advogado Frederick Wassef, conhecido por defender a família Bolsonaro, trava um conflito com ex-aliados do PL em Atibaia (SP), que já virou caso de polícia. Um dos ex-aliados é Júnior Humberto de Oliveira, o “Juninho do Cachorro Quente”, que acusa Wassef de ameaçá-lo por telefone e WhatsApp, com mensagens em que o advogado afirma que irá matá-lo ou o incentiva a cometer suicídio. Wassef nega as acusações e registrou boletim de ocorrência afirmando ser vítima de perseguição, extorsão e disseminação de fake news.
Juninho já foi preso por atirar contra o então vice-prefeito da cidade, Fernando Batista de Lima (PL), após ser agredido por ele em uma discussão registrada por câmeras de segurança.
O ex-policial rodoviário federal e advogado Edevaldo de Oliveira, que já foi próximo de Wassef e defendeu Juninho no passado, também rompeu com o advogado bolsonarista. Oliveira ficou conhecido por ter cedido a casa onde Fabrício Queiroz foi preso em 2020. Por influência de Wassef, ele chegou à presidência do PL de Atibaia, tendo Juninho como vice — arranjo desfeito nos últimos meses.
De acordo com Juninho e Oliveira, o rompimento ocorreu após divergências sobre a nomeação de um secretário com histórico criminal na gestão do prefeito Daniel Martini (PL). Wassef, porém, afirma ser alvo de ameaças e perseguição por parte do suplente de vereador.
No último domingo, 16, Juninho divulgou em suas redes sociais áudios atribuídos a Wassef. Em um deles, o advogado diz: “Eu vou dar tiro na cara de vocês […] põe arma na boca e puxa o gatilho”. Ele também exibiu uma foto em que Wassef aparece com uma arma apontada para a própria cabeça, supostamente enviada junto com mensagens para que ele se matasse.
Juninho afirma que o conflito começou quando tentou impedir que Wassef indicasse o russo Alessander Rossa — seu cliente — para a Secretaria de Turismo. Rossa já havia sido investigado por lavagem de dinheiro, mas teve o caso arquivado pelo STJ a pedido do próprio Wassef. A tentativa de barrar a nomeação teria irritado o advogado, que passou a ameaçá-lo.
Em outro áudio divulgado por Juninho, Wassef afirma: “Juninho, no dia de hoje você entrou no meu radar […] eu vou atirar de volta, forte”.
Os áudios foram divulgados pelo Portal Metrópoles.
Político conhecido na cidade, Juninho recebeu 712 votos para vereador em 2024 e ocupa a suplência. Ele voltou a ser alvo do Ministério Público após se aproximar de uma secretaria municipal, o que violaria uma decisão judicial relacionada ao caso do tiro contra o ex-vice-prefeito. No entanto, nesta segunda-feira, 17, o MPSP retirou o pedido de prisão, citando “animosidade política mútua” na cidade.
A disputa também envolve acusações de violência física. Juninho afirma que, durante uma discussão, Wassef exigiu seu celular para investigar vazamentos e teria disparado dois tiros próximos a seus ouvidos, deixando-o momentaneamente surdo. Em outro áudio, o advogado ameaça: “Se você falar que seu telefone quebrou, foi furtado ou roubado, você morreu”.
Ambos registraram boletins de ocorrência. Wassef afirma ser alvo de “tortura psicológica”, chantagem e manipulação de áudios com uso de inteligência artificial. Ele acusa Juninho de operar com um “grupo de jornalistas cooptados” para destruir sua imagem.
O que diz Frederick Wassef
Wassef afirma que é vítima de ameaças de morte e extorsão promovidas por Juninho e por Edevaldo de Oliveira. Diz que ambos fabricam áudios, vídeos e fotos com uso de inteligência artificial para criar escândalos e tentar obstruir investigações. Ele desafia os ex-aliados a apresentarem as gravações originais e os celulares à perícia.
O advogado também acusa os dois de terem histórico criminal e de simularem um papel de vítimas para manipular a opinião pública.
