Celso Sabino busca apoio no União Brasil para permanecer no governo e aposta na COP30 como trunfo eleitoral

05 setembro 2025 às 08h52

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O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), intensificou nas últimas semanas as articulações políticas para tentar permanecer no cargo, mesmo após a decisão da federação União Progressista — formada por União Brasil e Progressistas (PP) — de desembarcar do governo Lula (PT). Sabino, que é deputado federal licenciado e presidente estadual do União no Pará, vê na sua permanência na Esplanada uma oportunidade para fortalecer a pré-candidatura ao Senado em 2026.
Pressão do partido
A decisão anunciada no início da semana pelas cúpulas do PP e do União Brasil determina que detentores de mandato, como Sabino e o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), deixem os cargos até o fim de setembro, sob pena de expulsão. A medida, no entanto, não atinge outros quadros indicados por parlamentares das duas siglas que não possuem mandato.
Na quarta-feira, 3, a executiva nacional do União Brasil ratificou a saída do governo. O pré-candidato à disputa presidencial, Ronaldo Caiado (UB), comemorou a decisão.
Sabino não participou do encontro, mas, no mesmo dia, almoçou no Palácio da Alvorada com o presidente Lula, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e os ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
Segundo relatos, Sabino manifestou o desejo de continuar no cargo e recebeu sinalização positiva de Lula, que teria reforçado a exigência de lealdade e compromisso de quem optar por permanecer na gestão.
Alianças em disputa
Além de Alcolumbre, considerado um dos principais aliados do governo no Congresso, Sabino tem buscado apoio em diferentes frentes. Ele se reuniu com ACM Neto (União-BA), presidente da Fundação Índigo e voz da oposição no partido, e tem mantido contato diário com o presidente nacional da legenda, Antonio Rueda, e com o líder da bancada na Câmara, Pedro Lucas (MA).
Nos bastidores, aliados acreditam que Alcolumbre pode atuar para evitar a saída de Sabino, embora a hipótese seja vista como improvável, já que a cúpula do União é majoritariamente contrária à permanência no governo. Uma alternativa cogitada seria a licença de Sabino do partido até abril de 2026, prazo de desincompatibilização para quem disputará as eleições, mas a proposta enfrenta resistências internas.
Aposta na COP30
Enquanto busca apoio político, Sabino tem usado como argumento central o protagonismo do Ministério do Turismo na preparação para a COP30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA). Ele afirma que abandonar o cargo neste momento comprometeria o planejamento do evento e reforça que sua atuação trará visibilidade para sua base eleitoral no Pará.
Interlocutores próximos dizem que Sabino aposta na COP para projetar sua imagem nacionalmente e consolidar sua candidatura ao Senado. Além disso, tem prometido entregas da pasta até abril, além de liberação de emendas parlamentares, como forma de garantir ganhos políticos aos aliados.
Futuro indefinido
Apesar da pressão da federação União Progressista, Sabino segue no comando do Turismo e mantém a estratégia de se equilibrar entre as exigências do partido e o aval de Lula. Até o momento, não há definição sobre seu futuro. O que está claro, porém, é que o ministro vê na permanência no cargo um caminho para viabilizar sua candidatura em 2026 — e na COP30, seu principal palanque.
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