Mulheres vítimas de violência obstétrica vão se reunir nesta quarta-feira, 4, na Câmara dos Deputados, em Brasília, para uma audiência pública que busca diminuir as sequelas e a mortalidade infantil e materna.

Parlamentar ressalta importância de ouvir as vitimas. Foto: divulgação

A reunião é uma iniciativa da deputada Federal Silvye Alves (União-GO), vice-presidente da Comissão de Violência Obstetrícia e Morte Materna. A parlamentar ressalta que é preciso ouvir vítimas desse tipo de violência para definir parâmetros que impossibilitem a continuidade desses casos.

Entre as mulheres a serem ouvidas está a maquiadora Juliana Gomes Campos, de 37 anos, mãe do pequeno Caetano Campos Oliveira, de 4 anos. A mulher e a criança, que possui paralisia cerebral, foram vítimas de violência obstétrica.

Juliana conta que ficou 24 horas em trabalho de parto e mesmo sentindo dores e contrações, a médica não quis fazer o parte cesariano, visto que queria insistir no parto normal. A insistência, porém, fez com que Caetano passasse da hora de nascer, o que ocasionou a paralisia cerebral. 

“Foi tudo particular. A médica que realizou o parto me acompanhou no pré-natal e chegou a subir na minha barriga para forçar o parto. Senti uma dor cinco vezes maior do que as contrações que estava sentindo neste momento. Ela ainda falava que tinha que fazer força, que estava com medo. Não sabia que aquilo era violência obstétrica, fiquei me culpando por muito tempo”, explicou. 

A maquiadora diz que ficou cerca de dois anos se culpando e que até hoje imagina como seria o filho se não tivesse sofrido a violência. Caetano é cadeirante e não consegue se comunicar, além de ter dificuldades motoras no manuseio das mãos. 

“Quando estava em trabalho de parte, meu marido, que estava no quarto comigo, viu uma mancha no lençol e avisou a médica. Ela falou que era sangue e que era normal, mas ele a questionou e depois viu que era mecônio, que é quando o bebê está em sofrimento e faz coco. Estava na cara dela e ela não viu”, afirmou.

Além de Juliana, outras quatro mulheres goianas vítimas de violência obstétrica também serão ouvidas. A reunião está prevista para começar às 15h. 

A audiência pública terá a participação de outras vítimas. No caso de Maryanna, houve óbito neonatal por medicação excessiva e ausência de monitoramento, com suposta falsificação de prontuário em uma maternidade renomada de Goiânia. Ela contará ainda que foi dopada sem o consentimento.

Outro caso gravíssimo será o relato por Ellen. Seu bebê foi a óbito e ela contará que sofreu racismo obstétrico, omissão em prontuário, violação do luto gestacional, silenciamento da dor (dopada sem o consentimento). Foi prescrito abandonar a parturiente pra domar a “preta raivosa” e nisso ela sangrou até quase morrer. Teve que receber 5 bolsas de sangue. Atualmente está grávida e tem passado por situações parecidas.