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De acordo com relatórios confidenciais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foram identificados os supostos responsáveis pelos atos intervencionistas que resultaram em ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro. O grupo é composto por produtores rurais e indivíduos considerados “instigadores” dos ataques, conforme informações divulgadas pelo jornal O Globo.

Um relatório intitulado “Participação de Lideranças do Agronegócio em Atos Antidemocráticos e Contestação do Resultado Eleitoral” detalha a atuação do Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), formado por produtores rurais, durante os atos golpistas.

Segundo um dos documentos, membros do MBVA lideraram bloqueios de caminhoneiros em novembro de 2022, nas regiões de Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Roraima, com o objetivo de contestar, sem provas, a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas últimas eleições.

A Abin afirma que o grupo possui “recursos econômicos para financiar o transporte de manifestantes e ações extremistas, como as ocorridas em 8 de janeiro”, sendo liderado por Antonio Galvan, presidente da Aprosoja, que já foi alvo de um inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto apoio a atos golpistas e também de um mandado de busca e apreensão em 2021.

Além de Galvan, a Abin menciona outro “líder ideológico” do movimento, o advogado e produtor rural Jeferson da Rocha, que publicou nas redes sociais um manifesto defendendo a anulação do segundo turno das últimas eleições e divulgou uma carta pregando a imposição de “freios” aos membros do STF.

Outro relatório da Abin, intitulado “Segurança Institucional – Intervenção Federal/Detenção não Identificada até 26 de janeiro”, identificou um segundo grupo suspeito de estimular os atos terroristas. O documento destaca a participação de Marcelo Soares Correa, conhecido como cabo Correa, um reservista do Exército.

No dia dos ataques, Correa afirmou que “o limite do pacífico acabou”. Segundo a Abin, ele é um dos líderes dos “Boinas Vermelhas”, uma associação composta por reservistas autônomos que compartilham ideias políticas semelhantes, adotam um discurso radical de deslegitimação das instituições e demonstram propensão à violência.

Symon Albino, também conhecido como Symon Patriota, e Ana Priscila Azevedo são mencionados no relatório da agência como outros principais “instigadores” dos atos. Symon gravou diversos vídeos convocando a população antes dos ataques ocorridos em 8 de janeiro, incitando as pessoas a “se prepararem”.