Polícia detalha fraude em contrato da gestão Rogério Cruz; empresa “achada na internet” recebeu R$ 11,6 milhões em 35 dias
18 novembro 2025 às 13h17

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*Colaboração de Cilas Gontijo
A Polícia Civil de Goiás revelou novos detalhes sobre a Operação Pagamento Imediato, deflagrada nesta terça-feira, 18, que investiga supostas irregularidades em um contrato firmado durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz, na Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, sob comando do então secretário Wilson Pollara. O acordo, assinado em 2024 com o Instituto Idesp, de Palmas (TO), previa serviços de modernização administrativa.
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Cleybio Januário, o contrato estabelecia que o serviço deveria ser executado ao longo de 24 meses, com pagamentos divididos em 12 parcelas. Entretanto, a Polícia Civil identificou que R$ 11,68 milhões foram pagos em pouco mais de 35 dias, sem comprovação da prestação dos serviços.
“Foi verificada uma discrepância muito grande entre o que constava no contrato e o que ocorreu na prática”, afirmou Cleybio ao Jornal Opção. Além disso, a empresa contratada não tinha especialização na área de modernização administrativa, sendo voltada a atendimento médico em Palmas. Segundo os investigados, o instituto teria sido simplesmente “encontrado na internet” antes de ser contratado sem licitação pela gestão municipal.
Ao Jornal Opção, a assessoria de Rogério Cruz destacou que ele não figura entre os alvos da operação desta terça-feira, 18, e que está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento e colaboração com as apurações referentes a condutas individuais de ex-servidores.
A reportagem procurou a defesa de Pollara, advogado Thiago Peres, mas ele ainda não se manifestou sobre o caso. O espaço segue aberto.
Apreensão de carros de luxo e bloqueio de bens
Durante o cumprimento dos 13 mandados de busca e apreensão — em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Distrito Federal, São Paulo e Palmas — a polícia localizou um dos investigados em uma residência de luxo, onde foram apreendidos cinco veículos avaliados em mais de R$ 400 mil cada, além de computadores e documentos.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de valores e sequestro de bens para garantir o ressarcimento aos cofres municipais.
Crimes investigados e situação dos alvos
A Polícia Civil apura indícios de fraude contratual, contratação direta ilegal, associação criminosa, corrupção ativa e passiva. Os nomes dos investigados não foram divulgados, mas a corporação confirmou que o ex-prefeito Rogério Cruz não é investigado neste procedimento. Sobre Wilson Pollara — que foi preso no fim de 2024 por outra operação envolvendo a Saúde — o delegado afirmou que não pode confirmar nem negar se ele é alvo da ação atual.
“Os investigados devem responder pelos crimes identificados e ressarcir o dano causado ao erário. Estamos falando de quase R$ 12 milhões pagos sem comprovação de serviço”, destacou o delegado.
Recursos retornam à gestão atual
Caso haja recuperação financeira, os valores retornarão aos cofres da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, já sob a administração do prefeito Sandro Mabel. A atual gestão afirma colaborar integralmente com as autoridades e reforça que o contrato alvo da investigação foi celebrado integralmente na administração anterior.
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