PMs afastados por suspeita de contrabando e agiotagem levavam estilo de vida “incompatível” com os salários que recebiam
04 novembro 2025 às 12h35

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Colaboração de Amanda Costa
Os policiais militares que foram afastados após suspeitas de envolvimento em corrupção, facilitação de contrabando, descaminho, lavagem de dinheiro, agiotagem e extorsão levavam um estilo de vida “incompatível” com o salário que recebiam, segundo o coronel Marcelo Granja, durante coletiva sobre a Operação Scutum, deflagrada em conjunto com a Polícia Federal e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/GO) nesta terça-feira, 4. Ainda de acordo com a PM-GO, moradores de Mineiros e Jataí – cidades onde atuavam os militares afastados – desconfiaram de festas financiadas por pessoas ligadas ao esquema.
A investigação se estende a outros agentes e envolve ainda terceiros que teriam funcionado como “laranjas” para movimentações financeiras suspeitas. Os militares afastados estão atuando apenas em funções administrativas. Segundo o coronal Marcelo Granja, os policiais suspeitos teriam facilitado a entrada de mercadorias contrabandeadas e produtos irregulares, incluindo eletrônicos, cigarros e agrotóxicos, principalmente por rodovias federais na região de Mineiros e Jataí. Algumas cargas, segundo a corporação, não seguiam os procedimentos legais, sendo desviadas para revenda irregular na região.
“O esquema envolve milhões em movimentações financeiras ao longo do tempo, com transações semanais incompatíveis com os rendimentos declarados dos policiais”, afirmou o coronel.
Investigação e inteligência
A investigação começou com denúncias da própria população local sobre desvios de conduta e foi reforçada por levantamentos de inteligência da PM, que monitorou viaturas georreferenciadas em abordagens irregulares de cargas. “Quando verificamos que certas cargas não seguiam para a Polícia Federal ou Polícia Civil, todas as informações foram repassadas para que o inquérito avançasse”, explicou o coronel.
A operação contou com o apoio da Polícia Federal, Polícia Penal Federal, Polícia Penal do Distrito Federal e Polícia Civil de Goiás, permitindo a integração entre órgãos e a análise de crimes que combinam fraudes financeiras e uso da estrutura pública para proteger redes criminosas.
Até o momento, não houve prisões, mas as investigações seguem em andamento e podem resultar em novas medidas judiciais. A PM reforçou que manterá transparência com a sociedade e que continuará a tomar providências para coibir qualquer desvio de conduta de profissionais da corporação.
Procedimentos adotados
A PM informou que os afastamentos ocorreram há cerca de seis meses, como medida preventiva para que os policiais não tivessem contato com atividades operacionais enquanto durassem as apurações. Todos os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, incluindo a coleta de celulares, computadores e documentos, que agora estão sendo analisados pela Polícia Federal.
O comando reforçou que a PM-GO acompanha de perto o caso, ressaltando que a corporação mantém postura rigorosa contra desvios de conduta. Os policiais podem responder a inquérito policial militar e procedimento administrativo disciplinar (PAD), podendo resultar em expulsão da corporação, dependendo das provas.
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