PF mira esquema de comércio clandestino de ouro e lavagem de dinheiro em Goiás e 4 estados
25 novembro 2025 às 08h52

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A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira, 25, a Operação Provérbios 22:1 para desarticular uma organização criminosa suspeita de comercializar ilegalmente ouro extraído de forma clandestina na região Norte do país. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará.
Segundo a PF, o objetivo da fase atual é coletar novas evidências que reforcem os elementos já levantados ao longo da investigação. O grupo é apontado como responsável por adquirir, transportar e vender ouro ilegal, além de movimentar milhões de reais em um esquema de lavagem de dinheiro que envolvia a compra de veículos, imóveis e outros bens para mascarar a origem do lucro.
Investigação começou após flagrante com 5,5 kg de ouro em Goiás
De acordo com o delegado Sandro Pais Sandri, chefe da Delegacia de Meio Ambiente da PF em Goiânia (DMA), a investigação teve início após a prisão em flagrante de um homem interceptado pelo Comando de Operações de Divisas (COD) de Goiás.
“Essa pessoa foi flagrada transportando clandestinamente aproximadamente 5,5 kg de ouro em barras, escondidas no engate de uma caminhonete que vinha do Amazonas. O destino final era Goiás”, explicou Sandri.
A análise dos dados do celular do suspeito permitiu à Polícia Federal identificar a estrutura da quadrilha. “Conseguimos mapear uma verdadeira organização criminosa, especializada na aquisição, no transporte e na comercialização clandestina desse ouro”, afirmou o delegado.
Ouro saía do Norte, passava por Goiás e era distribuído no Sudeste
A investigação aponta que o ouro era extraído ilegalmente no Amazonas e no Pará. Goiás funcionava como ponto de transição para redistribuição às regiões econômicas mais fortes do país.
“Tinha como entreposto o estado de Goiás e era distribuído para Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente para transformação em joias”, detalhou Sandri.
Quadrilha atuava também com lavagem de dinheiro
Além da usurpação de patrimônio da União e receptação qualificada, o grupo teria movimentado valores significativos com o objetivo de ocultar o lucro das operações ilegais.
“A origem é clandestina. Para dar aparência de legalidade ao lucro, eles adquiriam imóveis, veículos e outros bens. Essa era a forma de tentar apagar o rastro do dinheiro”, explicou o delegado.
Segundo ele, apenas o ouro apreendido no flagrante — 5,5 kg — equivale a cerca de R$ 1,7 milhão no valor atual. No total, o grupo teria movimentado cerca de R$ 7 milhões com a compra e venda do mineral.
Ação simultânea em seis estados e bloqueio de bens
A operação mobilizou 56 policiais federais, divididos em equipes nos estados do Amazonas, Pará, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 5ª Vara da Justiça Federal em Goiás. Não houve prisões nesta fase.
Além das buscas, a Justiça também determinou:
- sequestro de bens móveis e imóveis;
- bloqueio de veículos pelo sistema Renajud;
- indisponibilidade de valores em contas bancárias;
- afastamento de sigilos fiscal e bancário dos investigados;
- solicitação de relatórios financeiros ao Coaf.
A PF pretende cruzar dados bancários e fiscais para encerrar o rastreamento financeiro das transações ilícitas.
Próximas fases
O delegado Sandro Sandri afirmou que o material apreendido nas buscas e os relatórios financeiros devem aprofundar o rastreamento da atuação da quadrilha.
“Vamos cotejar todos esses dados para fechar o ciclo financeiro dos investigados”, destacou.
A Operação Provérbios 22:1 segue em curso e novas fases não estão descartadas.
