Uma quadrilha de engenheiros, empresários e servidores públicos foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 6, por realizar fraudes com o objetivo de invadir e desmatar terras da União. A corporação estima que o grupo tenha “grilado” cerca de 22 mil hectares que, em boa parte, foram objeto de desmatamento para a inserção de gado. 

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O grupo é ligado ao agropecuarista Bruno Heller, conhecido por ser o maior desmatador da floresta amazônica. A PF cumpre 11 mandados de busca e apreensão no Pará e no Mato Grosso. Entre os alvos estão duas empresas de regularização fundiária e o escritório de uma advogada que teria acesso privilegiado a autuações e embargos realizados por uma autarquia ambiental federal.

A advogada, inclusive, também é investigada por negociar o pagamento de propina a servidores públicos estaduais que teriam flagrado o desmatamento ilegal. Durante as investigações, a PF identificou que empresas, por meio de seus sócios e funcionários, teriam fraudado cadastros de áreas públicas da União através da inserção de dados falsos em sistemas e falsificação de documentos. 

Os funcionários das empresas atuavam, ainda, no planejamento e acompanhamento em tempo real do desmatamento. A Justiça Federal decretou o sequestro de aproximadamente R$ 116 milhões, nove imóveis, além do afastamento das funções dos servidores públicos e da advogada. Cerca de 80 policiais participam da operação.

A primeira fase da operação foi deflagrada em agosto deste ano. À época, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão nos municípios de Novo Progresso (PA) e Sinop (MT), sequestro de veículos, cerca de 20 imóveis, sendo 11 fazendas, bem como a indisponibilidade de 10 mil cabeças de gado.