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A Polícia Civil de Goiás (PCGO), com apoio da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, deflagrou na manhã desta quarta-feira, 26, a Operação Viagem de Papel, em Campo Grande (MS). A ação mira um grupo que, segundo as investigações, aplicava golpes com pacotes turísticos e passagens aéreas há quase uma década. Durante a ofensiva, foram cumpridos cinco mandados de prisão temporária, três de busca e apreensão e determinado o bloqueio de bens avaliados em R$ 300 mil. A operação é conduzida pelo delegado Thiago César de Oliveira Silva.

Foram cumpridas 10 medidas cautelares, dentre elas 3 buscas domiciliares, 5 prisões temporárias e medidas de quebra de sigilo.

Esquema mirava viagens ao Japão

As investigações começaram em julho de 2025, após vítimas relatarem perdas que ultrapassaram R$ 90 mil em uma única família que tentou comprar pacotes para o Japão. Conforme o trabalho avançou, a polícia descobriu que o golpe atingiu dezenas de pessoas em vários estados, revelando uma engrenagem criminosa ampla e bem estruturada.

O grupo se apresentava como dono de uma agência de viagens e oferecia pacotes com valores muito abaixo do mercado. Para convencer os compradores, afirmava trabalhar com milhas e acordos especiais com companhias aéreas. Além disso, utilizava indicações de pessoas próximas às vítimas, incluindo empresários do setor esportivo. Após fechar o negócio, os clientes eram orientados a pagar via PIX para contas de terceiros.

Quando as datas das viagens se aproximavam, surgiam desculpas — atraso na emissão das passagens, falhas técnicas ou problemas com as companhias aéreas. Em seguida, os golpistas paravam de responder, bloqueavam contatos e desapareciam com o dinheiro, que rapidamente era distribuído entre diversas contas bancárias.

Grupo familiar e histórico de golpes

A PC identificou que os suspeitos têm laços familiares e empresariais. O líder do esquema utilizava um pseudônimo e mantinha um CNPJ ativo no ramo de viagens. Seu cunhado era o principal recebedor dos valores desviados. A esposa do líder também possui histórico de fraudes semelhantes, tendo administrado no passado uma agência que acabou encerrada.

O principal investigado acumula antecedentes criminais em Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro, todos ligados ao mesmo tipo de golpe. Segundo a polícia, o grupo operava há quase dez anos repetindo o mesmo método e enganando vítimas em diferentes regiões do país.

Crimes e continuidade das investigações

Os envolvidos devem responder por estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O material apreendido passa por análise, e a Polícia Civil segue trabalhando para identificar outras possíveis vítimas e rastrear o caminho do dinheiro desviado, buscando evitar que mais pessoas caiam no golpe.