“Extremamente violento”, conta delegado da PCGO sobre suposto serial killer de Rio Verde

29 setembro 2025 às 13h37

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A Polícia Civil de Goiás (PCGO) apresentou nesta segunda-feira, 29, os detalhes sobre a prisão e as investigações envolvendo Rildo Soares dos Santos, 33 anos, apontado como suposto assassino em série em Rio Verde, no sudoeste goiano. Até o momento, ele é suspeito de três feminicídios, três estupros e diversos crimes patrimoniais. Ele foi preso no último dia 12 de setembro, logo após ser flagrado na cena de um dos crimes.
Segundo a PCGO, o investigado também é suspeito de envolvimento no desaparecimento de outras duas mulheres no município. O perfil traçado pela investigação indica que ele seria extremamente violento e praticava agressões desproporcionais e desnecessárias. Além disso, teria usado fogo com frequência em seus crimes e guardava objetos das vítimas como lembrança.
“Ele é extremamente violento, sem empatia ou remorso, e comete agressões desproporcionais e desnecessárias. Apresenta ainda um fascínio por fogo, que utilizava em alguns crimes, além de levar bolsas das vítimas como lembrança. Na casa dele foram encontradas várias bolsas femininas e até bonecas, embora não convivesse com mulheres ou crianças”, relatou o delegado Adelson Candeo, titular do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Rio Verde.
As investigações também apontaram que o suspeito teria cometido crimes na Bahia, seu estado natal, incluindo dois homicídios, um estupro, um roubo e uma tentativa de violência doméstica. Apesar desse histórico, mantinha com a atual esposa uma fachada de normalidade. “Nunca levantou a voz, nunca discutiu. Pessoas que o conheciam relatam que ele parecia um homem comum, trabalhador, que até dava conselhos”, afirmou o delegado sobre os relatos colhidos no estado baiano.
Segundo a delegada Fernanda Simão, o suspeito não demonstrava remorso com os crimes enquanto era questionado em interrogatório. “Percebemos que, em nenhum momento, ele demonstrou arrependimento. Pelo contrário, sentia prazer em reviver a cena do crime. Essa era uma vaidade pessoal dele: retornar ao local para observar todo o trabalho da polícia técnica e científica, da Polícia Civil, o isolamento da cena”, contou.
Dinâmica dos crimes
De acordo com Candeo, as investigações apontaram que Rildo abordava suas vítimas próximo a terrenos baldios, principalmente no bairro Popular, em Rio Verde. Os homicídios e desaparecimentos investigados ocorreram entre março e setembro, em bairros próximos, incluindo o Martins e Universitário, todos em um raio de cerca de 500 metros da casa do suspeito.
“Entre as vítimas confirmadas e potenciais, estão mulheres que circulavam sozinhas à noite ou de madrugada, em situação de vulnerabilidade”, contou o delegado. Ele citou, por exemplo, o caso de uma dependente química de 28 anos, desaparecida desde o dia 29 de agosto. “Ela era dependente química, mas todos os dias ia até a casa da mãe. Desde essa data, nunca mais apareceu nem movimentou sua conta bancária. O celular dela foi localizado a apenas 20 metros do ponto onde sabemos que outra vítima desapareceu. Questionado, ele não nega, apenas diz que não se lembra. Tudo leva a crer que ela seja mais uma vítima, embora o corpo ainda não tenha sido encontrado”, relatou.
Segundo a investigação, o suspeito utilizava um uniforme de empresa de limpeza pública, embora não tivesse vínculo com ela. “Ele mesmo disse que essa roupa facilitava a abordagem, pois as vítimas paravam para ouvi-lo, além de dificultar a ação da polícia durante a madrugada. Esse é um padrão de criminosos em série: manipulação, simulação e comportamento aparentemente normal no convívio social”, pontou Candeo.
Candeio também relatou que o suspeito havia sido preso na Bahia suspeito de furtaro veículo da empresa que trabalha, posteriormente ele ainda ateou fogo ao veículo. No entanto, a juíza responsável pelo caso liberou ele sob pagamento de fiança.
“No dia 10 de maio, ele teria cometido um crime contra o patrão. O indivíduo furtou o veículo do empregador e estava circulando com ele. Durante o trajeto, ele parou e roubou o celular de uma mulher vítima. Em seguida, ateou fogo no carro. Ele foi autuado pelo crime de furto, pelo crime ambiental em razão do incêndio e, posteriormente, respondia por outros atos criminosos. Em investigações anteriores na Bahia, não havia registros de acidentes criminais envolvendo ele”, relatou o delegado.
Prisão
Rildo foi preso pela PCGO e confessou os crimes na última semana para a PCGO. Segundo o delegado, ele foi preso após ser flagrado rondando o local de um dos crimes que teria cometido. “Policiais o reconheceram pelas imagens e ele tentou fugir no meio da multidão, mas foi alcançado por um agente. Com ele, estava o cartão de crédito de uma vítima cujo corpo estávamos retirando naquele momento. Inicialmente disse que havia apenas encontrado o cartão, mas logo confessou o homicídio”, relatou.
Uma força-tarefa coordenada pela 8ª Delegacia Regional de Rio Verde, com apoio do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) e do Grupo Especial de Repressão a Crimes Patrimoniais (Gepatri), havia sido criada para localizar o suspeito.
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