Quase uma semana depois de serem evacuados por conta do desmoronamento de uma rua, em Goiânia, os moradores do edifício Catas Altas, no Setor Marista, começaram a retornar aos apartamentos. Alguns imóveis voltaram a ser ocupados já na última sexta-feira, 19, após três laudos afirmarem que era seguro o regresso. 

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Dos três documentos, dois foram realizados a pedido da Incorporadora Opus, responsável pela obra onde ocorreu o acidente. O terceiro foi feito pelos próprios condôminos. Os moradores estavam hospedados em um hotel desde o desmoronamento no dia 15. 

“Os laudos atestam que existe uma mínima possibilidade de acidente, mas ela não é nula. Quando voltamos para o prédio, teve obras na sexta e no sábado até por volta das 23h da noite. Estavam trabalhando fora do horário”, relatou o terapeuta Wander Bueno.

Por não estarem conseguido descansar, alguns moradores, sendo a grande maioria idosos, têm enfrentado problemas com o barulho das construções fora do horário. A construção civil só é permitida em horário comercial, ou seja, das 8h às 18h. 

Wander afirmou que os moradores já procuraram a empresa para que o barulho fosse cessado, mas que nada adiantou. O Jornal Opção visitou a obra nesta terça-feira, 23, que estava operando de portas fechadas.

“No Edifício Vila Lobos eles estão reforçando a cortina de contenção. Se era cem por cento seguro, porque estão reforçando? Eles falaram que quanto antes terminarem a fundação do prédio, menos riscos ficam para os moradores. Mas isso não justifica trabalhar até tarde e fora da legislação”, argumenta.

Construção segue a portas fechadas | Foto: Pedro Moura/Jornal Opção

Sem medo 

O engenheiro agrônomo, Emílio Castro, contou que como os laudos apontaram que não existe risco ao edifício, ele não teve medo de voltar a ocupar o apartamento. Ele foi um dos moradores que voltaram ao prédio ainda na sexta-feira, 19.

As partes internas do condomínio, principalmente a garagem, sofreram rachaduras devido ao desmoronamento. A Incorporadora Opus, de acordo com os condôminos, afirmou que vai arcar com os custos do reparo.

“Quando houve a desocupação não estava aqui, mas fui avisado pela síndica sobre a evacuação. Aparentemente está tudo normal, não vi nada que chamasse atenção no meu apartamento. E eu não me sinto em situação de risco”, reforçou o engenheiro. 

Laudo

Procurada, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA) informou que aguarda o laudo da Superintendência de Polícia Técnico Científica (SPTC), que deve ficar pronto nos próximos dias. A especializada, porém, adiantou que à princípio foi identificado crime por parte da empresa. 

Engenheiro agrônomo, Emílio Castro | Foto: Pedro Moura/Jornal Opção