Duas substâncias encontradas em colírios e soros para congestão nasal foram encontradas pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica (SPTC) nos cosméticos e seringas usadas nos procedimentos estéticos de pacientes de Goiânia, Aparecida de Goiânia e  de outros estados. As pessoas que se submeterem aos procedimentos, inclusive, passaram mal depois do uso. A goiana Betânia Lima, por exemplo, foi parar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Segundo a delegada Emília Podestá, os laudos apontaram que as substâncias Lidocaína e Nafazolina, que não estavam na bula, foram encontradas nas amostras trazidas pelas profissionais, tanto as manipuladas, quanto as lacradas. A polícia trabalha com duas hipóteses: a de que a empresa não realizou a higienização das máquinas utilizadas para a produção de colírios e soros nasais ou se os produtos foram acrescentados de forma proposital.

“A amostra trazida pela empresa foge do padrão das outras amostras. A Polícia Civil investiga essa cadeia de custódia. O número de lote trazido por eles é o mesmo que o apresentado pelas profissionais, mas a amostra apresentada por eles não veio com o manual que vem em todas as caixas”, disse. 

Ainda há a possibilidade, de acordo com a delegada, mesmo que remota, das profissionais terem aplicado os cosméticos de forma incorreta. A possibilidade de culpa por parte das clínicas de estética, no entanto, é quase nula visto que as profissionais seguiram de forma quase idêntica entre si, o que a bula indicava. 

“Tenho profissionais com muito pouca habilitação, mas tenho profissionais com nível de mestrado. O perfil das profissionais é muito diferente, mas a técnica utilizada por elas é a mesma, com a quantidade de produtos utilizada sendo quase a mesma. Eles só usam soro fisiológico para dissolver o produto, como indicado na caixa, e lidocaína que é usado para fazer o primeiro furo na pele. Neste caso, a qualificação delas não influenciou em nada”, concluiu. 

Emilia disse que aguarda o resultado dos exames do Instituto Médico Legal  (IML)  para investigar se houve uma contaminação cruzada ou intencional na indústria. Em nota, a empresa Cosmobeauty disse que “o produto InduMAX Fluido Dermo Bioestimulador e Preenchedor Filler-CA Harmony não deve ser associado a outros fármacos como lidocaína”. 

Além disso, a empresa falou que o frasco lacrado da fabricante “não consta nenhuma das duas substâncias” e que “não forneceu nenhuma amostra para teste, sendo que as amostras enviadas ao IML foram apresentadas pela revendedora local após recolhimento com clientes”. (veja nota na íntegra abaixo)

Produto utilizado nas vítimas. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Veja nota na íntegra:

“Desde o dia 29 de junho, quando foi veiculada a primeira reportagem envolvendo a Cosmobeauty, empresa que está há 23 anos na busca constante por inovações tecnológicas com desenvolvimento de produtos de alta performance, a marca dedicou o seu corpo jurídico para prestar os devidos esclarecimentos necessários em relação ao incidente envolvendo as vítimas, e se manteve também totalmente a disposição das autoridades e da mídia.

Ainda assim, também esclarece, conforme nota enviada a imprensa no dia 4 de julho que o produto InduMAX Fluido Dermo Bioestimulador e Preenchedor Filler-CA Harmony não deve ser associado a outros fármacos como Lidocaína, diferentemente do laudo que veio a público no último dia 13 de julho em que consta justamente o uso tanto da Lidocaína como da Nafazolina. O frasco lacrado não consta nenhuma das duas substâncias.

A marca informa que não forneceu nenhuma amostra para teste, sendo que as amostras enviadas ao IML foram apresentadas pela revendedora, local após recolhimento com clientes. As amostras NÃO FORAM FORNECIDAS PELA MARCA, e sim por uma REVENDEDORA LOCAL, conforme consta no depoimento da representante.

Quanto as amostras apresentadas pelas investigadas/esteticistas, estas não podem ser avaliadas como íntegras, pois todas sofreram algum processo de manipulação.

Reforça também, novamente, que a aplicação feita nas pacientes não seguiu a recomendação de não aplicação em forma injetável e foi feita, inclusive, por profissionais não habilitadas para atuação como esteticistas, de acordo com nota de esclarecimento da ANESCO – Associação Nacional dos Esteticistas e Cosmetólogos.

A Cosmobeauty continuará acompanhando as investigações até o final, e tem a mais absoluta certeza que ficará demonstrado que nem a marca, e nem o fabricante, tiveram qualquer responsabilidade com o ocorrido e segue a disposição para todos os esclarecer todas as dúvidas a cerca deste caso”.