Rios Vermelhos: thriller francês emocionante protagonizado por dois policiais desajustados

23 outubro 2022 às 00h00

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Mariza Santana
Especial para o Jornal Opção
Dois policiais desajustados. Um deles, o comissário de polícia Pierre Niémans, praticamente massacra um torcedor inglês hooligan que comete um crime em Paris, na saída do estádio Parc des Princes. O outro é Karim Abdouf, de origem árabe, criado na violência dos guetos e autor de métodos não convencionais. O primeiro é encarregado de investigar um crime hediondo em uma cidade-universitária: o bibliotecário da instituição de ensino é encontrado morto na franja de uma montanha em posição fetal, com sinais de tortura e os globos oculares arrancados. Já Karim, em outra jurisdição, investiga a profanação do túmulo de um garoto e o arrombamento de uma escola, onde só foram furtadas as fichas dos alunos de duas turmas.

“Rios Vermelhos”, o thriller do escritor francês Jean-Christophe Grangé, é um daqueles livros cuja narrativa o leitor lê com sofreguidão. É uma obra de fôlego, digna da britânica Agatha Christie, conhecida como a rainha do mistério. E como um bom romance do gênero, não faltam assassinatos em série, ambiente universitário envolto em segredos, testemunhas suspeitas e muitas pistas que parecem não ter nenhum sentido e não apontar para nenhuma conclusão concreta. Mas, à medida que as investigações dos dois policiais seguem paralelas, e também em localidades diferentes, elas vão convergindo para um passado tenebroso dentro da comunidade universitária local.
Jean-Christophe Grangé aborda os temas polêmicos da eugenia e da tese nazista de superioridade racial que seria demonstrada em disputas de modalidades esportivas olímpicas. Também fala de manipulação genética. E de um grupo de radicais que pretendem manipular as vidas das famílias da cidade-universitária, a serviço de seus interesses funestos. Contar mais do que isso seria tirar o efeito surpresa do enredo, tão bem elaborado pelo escritor francês.

À medida que as investigações dos policiais vão avançando, os indícios levam os dois a se encontrarem e começarem a atuar em conjunto para desvendar as mortes, a violação do túmulo e o sumiço das fotos de uma estudante de todos os registros escolares. Essa última medida teria o objetivo de roubar a identidade e a história de uma pessoa que já tinha morrido. O desfecho é surpreendente, embora o leitor acabe desconfiando da identidade do assassino, assim que começa a compreender qual seria sua motivação.
Jean-Christophe Grangé é escritor, jornalista e roteirista francês, nascido em Bolougne-Billancourd em 1961. O livro “Les Riviéres Purples” (“Rios Vermelhos”) tornou-se um best-seller internacional e depois filme, com o mesmo nome, lançado em 2000.
Mariza Santana, crítica literária e jornalista, é colaboradora do Jornal Opção.