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Ainda hoje existe em Goiás dúvida sobre as ações de Pedro Ludovico Teixeira como interventor (de 1930 a 1945) e governador de Goiás. Era violento? Mandava matar? Perseguia?

Na minha família existe a história de que ele teria mandado matar meu avô, o deputado estadual oposicionista Joviano Rincon. Realmente, vovô levou cinco tiros em Pires do Rio, de um simpatizante do governador. Sobreviveu.

Em minhas pesquisas descobri o livro do advogado Guimarães Lima, “Goiás Libertado”, que conta sobre a campanha de Jerônimo Coimbra Bueno para governador em 1946. O autor se dedica a revelar o “verdadeiro” Pedro Ludovico.

Este livro se perdeu na historiografia goiana, mas é importante. Jerônimo Coimbra Bueno era primo de Pedro Ludovico e recebeu deste o título de “Construtor de Goiânia”. Depois brigaram por causa do acerto das obras da capital, Coimbra Bueno disputou a governadoria contra o candidato de Pedro, Juca Ludovico, e venceu.

“Goiás Libertado” mostra que Pedro Ludovico foi apenas um homem de seu tempo. As acusações são muitas, mas fracas, lembrando que com Pedro Ludovico fora do poder, houve espaço para averiguar todos os seus atos com liberdade.

Assassinato em Formosa

A denúncia mais grave do livro trata de um assassinato na cidade de Formosa durante as eleições. O crime foi cometido por simpatizantes de Pedro Ludovico. O comandante do avião da campanha situacionista era o mesmo comandante do avião do Estado.

Pedro Ludovico empregavas diversos familiares. Usava os rigores da lei contra os inimigos sem piedade. Mas daí a dizer que matava ou concordava com as violências é um evidente exagero. Nem seu inimigo e autor do livro, Guimarães Lima, conseguiu provar.

O fundador de Goiânia foi um homem do seu tempo, quando todas as pessoas andavam armadas e muitas vezes cumpriam a lei apenas se desejassem. Nepotismo era comum, tanto que o então interventor contratou o primo Jerônimo Coimbra Bueno para as obras da capital, em 1936.

Ninguém nessa história é santo, mas também passam longe de ser demônios. A função do historiador não é, necessariamente, produzir vítimas e/ou culpados, e sim contar uma história nuançada, com suas contradições. Ele pode até “julgar”, mas, antes, é preciso mostrar os lados da questões.