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Salatiel Soares Correia

Especial para o Jornal Opção

O Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Goiás (IHGG), sob a presidência do promotor de Justiça Jales Guedes Coelho Mendonça, marcou um verdadeiro golaço ao sediar o VIII Colóquio Nacional de Institutos Históricos Estaduais, evento que reuniu representantes de vinte unidades da federação. A presença de diretores e presidentes de Institutos de todo o Brasil em solo goiano consagrou o prestígio nacional que Jales Mendonça conquistou entre seus pares — prestígio este alicerçado em competência, erudição e profundo amor pela História de Goiás e do Brasil.

Ao lado de Jales, destaca-se outro nome que honra a intelectualidade goiana: Nilson Jaime, presidente do Instituto Cultural e Educacional Bernardo Élis (Icebe). A credibilidade e o entusiasmo dessa dupla formam um eixo de força que atraiu para Goiás os mais expressivos historiadores do país. Vindos de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Paraíba, Ceará e outros Estados, os participantes trouxeram pesquisas e reflexões sobre o legado do maior estadista da história brasileira: o imperador Dom Pedro II.

Durante o colóquio, estudiosos apresentaram o resultado de suas investigações sobre as viagens imperiais e seus reflexos nos diversos rincões do país. No Piauí, por exemplo, as pesquisas revelaram a atenção do imperador às potencialidades agrícolas e ao ensino, tendo visitado escolas e se reunido com lideranças locais para discutir educação e infraestrutura. No Maranhão, o monarca foi recebido com entusiasmo pela elite intelectual, incentivando a criação de academias de letras e reforçando o intercâmbio cultural com o restante do império.

Nilson Jaime e Jales Mendonça: intelectuais que contribuem para a renovação dos estudos históricos e literários em Goiás e no Brasil | Foto: Divulgação

Em Pernambuco, Dom Pedro II interessou-se vivamente pelos avanços técnicos da época, visitando engenhos e dialogando com cientistas e engenheiros locais. Já em São Paulo, sua presença simbolizou o impulso ao progresso industrial e científico: visitou instituições de ensino, discutiu a expansão ferroviária e apoiou projetos de eletrificação, deixando marcas profundas no desenvolvimento da província. Em Santa Catarina, sua passagem serviu para consolidar a integração nacional, reconhecendo o valor estratégico e econômico da região Sul e incentivando a colonização e o desenvolvimento portuário.

Os historiadores destacaram que imaginar o imperador cruzando o Brasil da década de 1880 — ainda carente de infraestrutura — é testemunhar um feito de coragem e espírito cívico. Dom Pedro II atravessou o sertão a cavalo, dormiu em casas de palha, como em Paulo Afonso e nas regiões inóspitas do Nordeste, e esteve junto às tropas brasileiras nos campos da Guerra do Paraguai.

Jales Mendonça: presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás | Foto: Divulgação

As discussões alcançaram também a dimensão internacional do imperador, destacando seu prestígio junto a gigantes da cultura e da ciência mundial, como Victor Hugo e Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica. O espírito científico de Dom Pedro II foi exaltado como herança viva no país, lembrando-se de marcos como a Usina de Marmelos, em Juiz de Fora — a primeira produtora de eletricidade do Brasil — e a introdução do telefone, tecnologia que ele pessoalmente trouxe.

Devido à limitação de espaço, foi possível destacar apenas alguns dos brilhantes pesquisadores que participaram do colóquio. A riqueza dos debates e a profundidade das análises comprovaram que o evento se tornou um divisor de águas para os estudos históricos brasileiros.

Os participantes foram ainda recebidos em um almoço especial pelo governador Ronaldo Caiado, que ressaltou a importância de Goiás no cenário intelectual nacional.

O colóquio também serviu para iluminar um debate antigo: quem teria sido o maior estadista do país? Embora Getúlio Vargas tenha sido fundamental na construção do Estado moderno brasileiro, o consenso entre os estudiosos foi claro — Dom Pedro II ocupa um patamar acima, pois foi o construtor da alma nacional, aquele que moldou o espírito científico, cultural e moral de uma nação em formação.

O legado dos doutores Jales Mendonça e Nilson Jaime é igualmente grandioso. Ambos vivem o sonho de ampliar o entendimento sobre nossa história, levando Goiás a um novo patamar de protagonismo cultural. O Instituto Histórico e Geográfico de Goiás deixou de olhar apenas para dentro de si mesmo e passou a dialogar com o Brasil e com o mundo.

Essa transformação é obra de dois homens apaixonados por sua terra e convictos de que o conhecimento histórico é a base da identidade de um povo. Jales Mendonça e Nilson Jaime, cada um à sua maneira, reafirmam que compreender o passado é o caminho mais seguro para construir o futuro.

Salatiel Soares Correia, escritor, ensaísta e crítico literário, é colaborador do Jornal Opção.