Mais de duas décadas depois, festival goiano se mantém vivo, mesmo com estrutura menor à dos tempos de glória, apoiado à imagem de defensor do rock independente

https://www.facebook.com/GoianiaNoise/videos/1828487100576499/

O Goiânia Noise Festival sobreviveu ao tempo. É verdade que aos trancos e barrancos. Mas continua a existir. Alguns dirão que respira com a ajuda de aparelhos se comparado ao tempo das vacas gordas dos grande patrocinadores e leis de incentivo. Praticamente sozinha, a Monstro Discos resolveu manter o festival, que para a cena independente brasileira se tornou um ponto de encontro do que era produzido na música, e realiza a edição número 24 do Noise na sexta-feira (10/8), sábado (11) e domingo (12) no Centro Cultural Martim Cererê.

Os tempos de glória, vividos na primeira década dos anos 2000, ficaram para trás. Mas o nome Goiânia Noise ainda é muito forte. Quando Leo Bigode e Márcio Júnior ampliaram o time da Monstro com Fabrício Nobre e Leo Razuk, o Brasil se voltou para Goiânia. Hoje, o Noise se pauta pela resistência, como um defensor do rock independente, do barulho, da inquietação e a transgressão como ponto fora da curva.

Dos quatro, continuam à frente do Goiânia Noise Bigode e Razuk. E são os dois os responsáveis por manter viva a história de 24 anos de um festival que ainda tenta desafiar a regra e trazer outras possibilidades na música a Goiânia. Justamente no ano em que o selo Monstro Discos completa 20 anos de existência, o festival se reencontra com o espaço que é considerado pelos saudosistas a casa da música independente na capital.

O Centro Cultural Martim Cererê receberá 46 shows de 47 artistas diferentes nas três datas deste final de semana. As atrações que fecham as apresentações da sexta-feira são a mineira Don Dillinger e o cantor paulistano Supla, que sobem juntos ao palco do teatro Yguá, e os goianos da Violins, que voltam à ativa com o recém-lançado disco “A Era do Vacilo”, no teatro Pyguá. O sábado tem como artistas principais os pernambucanos do Mundo Livre S/A no Pyguá e o punk britânico da Toy Dolls no Yguá. No domingo, as bandas goianas Mechanics (Yguá) e Aurora Rules (Pyguá) encerram o Noise.

https://www.instagram.com/p/BmQc97EFfV1/?taken-by=monstrodiscos

Por um repasse do poder público que acabou por não acontecer, a Monstro Discos foi obrigada a cancelar o show do grupo paulistano Pavilhão 9. De acordo com os organizadores do Noise, havia a expectativa de contar com um apoio da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), que seria usado para trazer o Pavilhão 9 e outras atrações. Mas como não houve acordo entre Seduce e a Monstro, o show da banda precisou ser retirado da programação. “Sendo assim, fomos forçados a cancelar o show dos caras”, informou o selo.

Com todas as dificuldades e sem apoio, 24º Goiânia Noise será realizado em um novo formato, quase igual ao circuito Cidade Rock, também realizado pela Monstro Discos. Com o pátio do Martim Cererê liberado com entrada gratuita, a pessoa que for ver os shows só precisará apresentar o ingresso ou passaporte na hora de entrar nos teatros. Nas edições do Cidade Rock os shows são gratuitos. Cada dia do Noise tem um preço (confira mais informações no final do texto).

Assim, que não for ao Noise para ver os shows poderá aproveitar as atrações do Obsoleto Soudsystem, com um time de quatro DJs a cada dia do festival. Se apresentam no pátio do Cererê de graça Segundo, Juliana Franco, Ulisses H. e Maycon P. na sexta, Glaukushi, Wendell, Alexandre Perini e Cecília Simão no sábado e Ivan Pedro, Camillo, SirCoe e Maurício Motta no domingo. Tudo regado a chope Astúria, feira de comida e outros produtos que estarão a venda no Mercado das Coisas. “Curtiu? Ao invés de sentar num bar… vai pro Noise! Sujeito à lotação do espaço, claro!!! Então, chegue cedo”, convidam os organizadores.

A corrida da sobrevivência do Noise ganha ainda mais apelo à resistência em uma cidade que tem uma pluralidade de opções muito maior do que em 1995, ano da primeira edição do festival. A luta da Monstro Discos para atrair público enfrenta a concorrência de outros shows que serão realizados nas mesmas três datas, como o lançamento de “Tônus”, terceiro disco da banda Carne Doce, no sábado, além do show do Massacration no Bolshoi Pub, Maurício Pereira no Cafofo Casa Estúdio, Desastre, Sky Down e Lava Divers no Shiva alt-bar e Silva no Teatro Sesi, tudo no domingo.

Para isso, a Monstro tem tentado até criar promoções. Como domingo é dia dos pais, se o pai estiver acompanhado do filho os dois só pagam um ingresso para conferir os shows da programação do Noise na terceira noite do festival. “Seu pai é roqueiro? Ou você tem filho que curte rock? No domingão do dia dos pais é assim: você leva seu pai roqueiro ou, se você for pai, o seu filho roqueiro e paga só um ingresso!! Sacou? Pai acompanhado de filho, paga só 1 ingresso dos shows! Lembrando que tem de ter documento comprovando, ok?”

https://www.instagram.com/p/BmB2c4lhtJT/?taken-by=monstrodiscos

Atração do sábado, a Mundo Livre S/A agora faz parte da Monstro Discos, que lançou no final de julho o disco “A Dança dos Não Famosos”, com arte de capa feita em cima da imagem do estudante Mateus Ferreira sendo agredido por um policial militar na Praça do Bandeirante, em Goiânia. Representante do manguebeat, o grupo pernambucano virá a Goiânia para lançar seu novo álbum, como teor contestador e inquietante.

No mesmo dia, os ingleses do Toy Dolls fecham a noite de sábado com seu punk clássico, irreverente e engraçado. Vindos de Sunderland, o grupo formado em 1979 e liderado pelo guitarrista e vocalista Michael Algar, conhecido como Olga, desembarca na sexta em Curitiba, com ingressos esgotados, em seguida em Goiânia e no domingo na capital paulista. Em São Paulo, os ingressos para ver os Toy Dolls ao vivo vão de R$ 200 a R$ 400. No Noise, o valor do segundo lote é de R$ 60 e o último R$ 80. O passaporte para as três noites do festival custa R$ 80 para ver 47 bandas.

Arte: Kin Noise

“Porque nós somos rock!” E vai ser assim que a Monstro Discos continuará a defender o Goiânia Noise Festival, que chega nesta sexta-feira à sua 24ª edição. São 31 bandas goianas, com duas delas fechando a primeira noite (Violins) e a última (Aurora Rules). Os outros grupos vêm de Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Santa Catarina e Pará. E há os argentinos da Translucido, além dos ingleses da Toy Dolls. A Monstro Discos tem a mesma idade, por exemplos, dos brasilienses da Macacongs 2099, representante do hardcore do Distrito Federal, que tem tanta história no cenário alternativo quanto a PUS, que também vem de Brasília e voltou a ativa recentemente.

Segundo a Monstro, não existe Goiânia Noise sem o som sujo e pesado da Mechanics, do ex-sócio do selo, o vocalista Márcio Júnior. “Mas nem só de medalhões vive o Goiânia Noise. Afinal, estamos falando de um festival que é inquieto e que busca sempre o novo. Nesse critério entram atrações como os paranaenses do Machete Bomb, os santistas do The Bombers, os argentinos do Translucido, os catarinenses do Variantes e o Cérebro de Galinha, banda vinda de Marabá, no Pará, e que ficou conhecida depois que um vídeo deles ensaiando de forma tosca e improvisada numa obra abandonada viralizou pela internet.”

Além das atrações destacadas pelos organizadores, bandas goianas mais novas como Urumbeta do Espaço, Branda, Almost Down, Distorce, Bad Distortion, Sixxen e Desert Crows ganharam espaço na programação ao longo dos três dias do Noise. Faltará uma presença maior de mulheres no palco. Há quem questione inclusive o uso da imagem feminina na arte de divulgação festival como uma demonstração da ideia ultrapassada de ligar automaticamente o rock a mulheres praticamente sem roupa em poses sensuais. Com espaço às críticas, que devem existir, a readaptação do Goiânia Noise à realidade se faz necessária para que o festival não acabe e siga como uma resistência, seja ela do rock ou da música independente.

Programação completa

Sexta-feira (10/8) 
1h10 – Violins (GO)
0h30 – Don Dillinger (MG) & Supla (SP)
0h00 – Ressonância Mórfica (GO)
23h30 – Machete Bomb (PR)
23h00 – Macakongs 2099 (DF)
22h30 – Translucido (ARG)
22h00 – Mugo (GO)
21h30 – Branda (GO)
21h00 – Diego Mascate (GO)
20h30 – Almost Down (GO)
20h00 – Sixxen (GO)
19h30 – Lobinho e os 3 Porcão (GO)
19h00 – Urumbeta do Espaço (GO)
18h30 – SC 16 (GO)
18h00 – Blowdrivers (GO)

Sábado (11/8)
1h00 – Toy Dolls (UK)
0h00 – Mundo Livre S/A (PE)
23h30 – The Galo Power (GO)
23h00 – Sheena Ye (GO)
22h30 – Linguachula (SP)
22h00 – Drakula (SP)
21h30 – Volúpia de Baco (GO)
21h00 – Diablo Motor (PE)
20h30 – Variantes (SC)
20h00 – Killah (SP)
19h30 – Desert Crows (GO)
19h00 – Chef Wongs (GO)
18h30 – Corja (GO)
18h00 – Ustads (GO)
17h30 – Templates (GO)
17h00 – Bad Distortion (GO)
16h30 – Casulo Fantasma (GO)
16h00 – Distorce (GO)

Domingo (12/8) 
22h00 – Aurora Rules (GO)
21h30 – Mechanics (GO)
21h00 – Cérebro de Galinha (PA)
20h30 – PUS (DF)
20h00 – Half Bridge (GO)
19h30 – The Bombers (SP)
19h00 – Armun (GO)
18h30 – River Phoenix (DF)
18h00 – Pedrada (GO)
17h30 – Rural Killers (GO)
17h00 – WxCxMx (GO)
16h30 – Ilizarov (GO)
16h00 – Krakkenspit (GO)

Ingressos
Primeiro lote:
Passaportes: R$ 80,00 (meia) – Limitados em cem unidades
Sexta-feira: R$ 20,00 (meia)
Sábado: R$ 50,00 (esgotado)
Domingo: R$ 20,00 (meia)

Segundo lote:
Sexta-feira: R$ 30,00 (meia)
Sábado: R$ 60,00 (meia)
Domingo: R$ 30,00 (meia)

Terceiro lote:
Sexta-feira: R$ 40,00 (meia)
Sábado: R$ 80,00 (meia)
Domingo: R$ 40,00 (meia)

Meia social
Meia-entrada válida conforme a lei e mediante a doação de 1 quilo de alimento não-perecível

Pontos de venda
Hocus Pocus (Av. Araguaia esquina com Paranaíba, Centro)
Tribo Restaurante (Rua 36, St. Marista)
Harmonia Musical (Rua 4, Centro)
Loja do Ervilha (Rua C-30, nº 34, Jardim América)
Woodstock Bar (Av. D, Setor Oeste)

Venda online
https://meubilhete.com/goianianoise2018 (clique aqui)

Classificação indicativa
Proibida a entrada de menores de 18 anos desacompanhados