Diretor goiano lança documentário sobre sincretismo musical no Brasil

05 janeiro 2024 às 15h49

COMPARTILHAR
O diretor goiano, Fred Le Blue, lança neste sábado, 6, às 16h, o documentário “Nascimento in Sepultura 1: um natimorto matusalém (*Nascimento)”. A produção cinematográfica procura contar um pouco da história da música mineira, em um sincretismo que vai desde o carioca mineral, Milton Nascimento, à banda metaleira mireira, Sepultura.
“O filme trata-se de uma pesquisa que tenho feito sobre música mineira, uma espécie de fechamento da minha vivência cultural de Minas”, explica o cineasta.
Ele conta que a ideia parte do surgimento do Clube da Esquina, em Belo Horizonte. Nos anos 60, surgiu na capital mineira o católico Bairro de Santa Tereza, onde Milton Nascimento liderou o nascimento de um dos maiores movimentos musicais da MPB e do rock brasileiro, com artistas como Lô Borges, Beto Guedes e 14 Bis.
Ao longo do documentário, o diretor explora o surgimento de outros movimentos musicais e culturais, como o surgimento, em 1983, no mesmo bairro, a banda metaleira Sepultura. Assim como Minas, a banda passou a exportar o black metal brasileiro.
Com integrantes como Paulo Xisto e Jade Guedes, mineiros, e os irmãos paulistanos Max e Igor Cavalera, vizinhos da casa da Família Borges – ancoradouro afetivo dos membros do Clube da Esquina – BH tornou-se um local para os amantes do metal, contribuindo para sua transformação em capital do black, death e thrash metal no Brasil.
O documentário é da série “Terra-Pia Musi-Caos”, e explora fragmentos do arquivo público virtual sobre o (re)nascimento e “sepultamento” da banda Sepultura e suas raízes e rejeitos sagrados, revelando uma brasilidade também rítmica e folclórica afroindígena pós-colonial, como celebrado no disco “Roots” (1996), com a participação do baiano Carlinhos Brown, ex-Timbalada.
Nesse sentido, o diretor procura unir essa tradição de um bairro católico no surgimento de uma música mais leve, como o MPB, e a posterior criação de uma banda mais “undergound”, como o Sepultura, trazendo os rejeitos do metal mineiro-paulistano.
O objetivo, segundo Fred Le Blue, é provocar um debate filosófico e teológico sobre a complementaridade dos arquétipos do sagrado (católico) e profano (satânico) no inconsciente coletivo.
“Eu vi que o Sepultura é um grupo mal dito, ou mal explicado, e tentei fazer um esforço de imersão na obra para tentar percorrer as origens e os desdobramentos da banda. A origem vem um pouco desse meu conflito que tenho vivido como rockeiro”, pontua Fred, que também é compositor, cantor e baterista.
O filme, conforme o diretor, destaca a possibilidade de integração de lealdades e conflitos simbólicos e políticos entre gerações e sons tão distintos, mas conectados, embevecidos por um mesmo espaço cultural, que é Minas Gerais.
A íntegra do documentário está disponível no YouTube neste link, bem como o trailer. No próximo sábado, 13, também às 16h, será lançado o “Nascimento in Sepultura 2: um natimorto matusalém (+ Sepultamento)“. O trailer está no link do canal de Le Blue.
Leia também: