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O Jornal Opção está publicando uma série de depoimentos de personalidades da cultura de Goiás sobre a Casa de Bariani Ortencio. Qual a importância da Casa de Bariani Ortencio e do escritor para a cultura goiana? O poder público deveria adquirir o imóvel para transformá-lo num espaço cultural de todos os goianos?

Claudia Machado

Psicanalista e escritora

Claudia Machado Foto Divulgação 300 por 300
Claudia Machado | Foto: Divulgação

Bariani não morre. Porque a poesia não morre. Nesse contexto é importante lembrar que o menino Badu se negava a rezar na Ave Maria o verso que diz: “… na hora da nossa morte…”.

O que hoje fica tão claro, já que existem duas mortes: a primeira, a nossa própria que devemos entregar como paga à vida e a segunda, a morte do nome.

E nisso todos podem gritar em alto som que Bariani lutou bravamente para evitar a segunda, já que a primeira é inevitável, fazendo livros, criando comissões de folclore por todo estado, coletando palavras pelo cerrado para guardar em dicionários, salvando cantigas em livros, criando telha para servir peixe, construindo piscina só para passarinho se refrescar, reconhecendo novos nomes no cenário da literatura, da música, da pintura, ou da escultura e criando uma casa/instituto salvaguarda da arte.

A Casa/Instituto Bariani Ortêncio não é um simples bem de partilha, mas antes é um bem imaterial que mora no bem material que pertence a vida de todos nós. É preciso haver indignação e palavras de rigor nesse momento em que se faz urgente colocar as coisas em seu devido lugar. 

Todos nós precisamos da história vivida num antes, precisamos dela para fazermos e mantermos a nossa própria vida. Mesmo quando todos podem achar que a poesia e as palavras são inúteis. 

Claudia Machado é membro da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás (Aflag).