Nilson Jaime

Em 2024 será reeditado o romance “O Tronco”, edição comemorativa de 70 anos. O livro encontra-se esgotado há vários anos. Seu autor é o escritor Bernardo Élis (1915-1997).

Confira acima o leiaute da nova capa do livro, em processo de construção.

O utensílio escravocrata que dá nome à obra atravessa toda a capa e “sangra” o livro, inclusive a lombada. O instrumento “torquemádico” virá em alto relevo, sensível ao tato.

A peça de tortura medieval na capa é uma aquarela da artista pirenopolina Wal Curado, realizada a partir da fotografia de uma réplica existente em Dianópolis (TO) — a antiga São José do Duro (terra do magistrado Abílio Wolney) —, onde ocorreu a chacina de nove pessoas presas ao tronco, no ano de 1919, conforme relatado no romance. (Como se sabe, a história começou a partir do inventário de Vicente Belém — parente do editor-chefe do Jornal Opção, Euler de França Belém. Rosa Belém, a viúva, procurou um advogado e a crise começou.)

O vermelho (embora não tão carmesim, por motivos estéticos) remonta ao sangue derramado das vítimas inocentes.

Na quarta capa, uma charge de Jorge Braga, com os chacinados presos pelos pés, tal qual relatado no romance. O chargista autorizou sua utilização.

A edição histórica de 70 anos (que só ocorrerá em 2026) será antecipada para 2024, a fim de não ser eclipsada pela efeméride do heptagenário aniversário de dois outros clássicos regionalistas: “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, e “Vila dos Confins”, de Mário Palmério, ambos cerratenses, como Bernardo Élis, sendo este goiano (de Corumbá) e aqueles mineiros.

A “edição histórica 70 anos” virá com uma nova versão da biografia de Bernardo Élis e sua fortuna crítica completa — redigida pelo autor deste texto [Nilson Jaime] —, incluindo livros, dissertações, teses, entrevistas, antologia, coletâneas, coleções e filmografia.

Previsto para o primeiro semestre de 2024, será editado pela Pyreneus Editorial.

Nilson Jaime é escritor e doutor em Agronomia.