3 poemas do russo Leonid Kostiukov traduzidos em português

31 maio 2025 às 21h00

COMPARTILHAR
Astier Basílio
De Moscou
Leonid Kostiukov é prosador, poeta, jornalista. Nasceu em Moscou, em 1959.
Kostiukov é formado pela Faculdade de Mecânica e Matemática da Universidade Estatal de Moscou (MGU) e pelo Instituto Literário Maksim Górki.
Os artigos, ensaios, poemas e prosa de Kostiukov foram publicados em revistas como “Arión”, “Vopróssy Literatury”, “Drujba Naródov”, “Znamia”, “Inostránnaia Literatúra”, “Interpoézia”, “Nóvoe Literatúrno”, “Obozrénie”, “Nóvaia Iunost”, “Nóvyi Béreg”, “Nóvyi Mir”, “Oktiabr”, entre outras.
Foi finalista do Prêmio Yuri Kazakov (2000), vencedor do concurso literário online Ulov (2000), laureado com o prêmio da revista “Drujba Naródov” (2000) e do prêmio Poesia com Sinal de Mais (2020).
Kostiukov é autor de dez livros, metade dos quais prosa e a outra metade poesia. Seu último trabalho foi publicado mês passado: “Prezados Passageiros” (“Uvajaemye Passajiry”), de qual foram traduzidos os dois poemas finais desta seleta.
1
Padrinho
Jamais faça perguntas sobre o meu trabalho
Jamais faça perguntas sobre o meu trabalho
Tudo bem — pela primeira e última vez —
tu podes me fazer perguntas sobre meu trabalho
No azul do ar a última se evade uma nota
no campo há quem o ouro do ceral ensaque
Exaustos estão saindo de um trabalho que importa
quem os vai conduzindo é um grande Cadillac
Muito sangue ruim terá que se verter
Melhor afastar-se do fluxo dessa trilha
Jamais una-se com alguém a menos que
a menos que seja da família.
E enquanto a lua dos teus olhos estiver viva
ao receber a resposta, repita-a tal e qual:
Isto é importação de azeite de oliva
São só negócios mesmo. Nada pessoal.
2
Nadando na escuridão
Eu tinha um conto sobre um amor feliz
bem, era um conto, os personagens que fiz
na noite do sul com a escuridão caindo,
eles fizeram sexo, resumindo.
De manhã o personagem na praia passeou
mas sem achar aquela com quem se deitou
e amor diurno, como todo bem que se quis,
acabou sendo pra ele o mais feliz.
3
Se a primeira chance foi felicidade
uma segunda,
não darão
Tua perspectiva é retrospectiva — suave
outono da estação
Não mire o que está pra lá
não acenda os olhos
quem é que decifrará
o que virou espólio?
É tão bom ficar com uma esperança:
ele não exige nada.
É tão bom se perder entre as camas
do mundo com um lugar
pra cada.
Isso tudo é tão belo, não é verdade?
Se a primeira chance foi felicidade
embale-a, de mão beijada.
Astier Basílio, escritor, tradutor e crítico literário, é colaborador do Jornal Opção.