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Astier Basílio

De Moscou

Leonid Kostiukov é prosador, poeta, jornalista. Nasceu em Moscou, em 1959.

Kostiukov é formado pela Faculdade de Mecânica e Matemática da Universidade Estatal de Moscou (MGU) e pelo Instituto Literário Maksim Górki. 

Os artigos, ensaios, poemas e prosa de Kostiukov foram publicados em revistas como “Arión”, “Vopróssy Literatury”, “Drujba Naródov”, “Znamia”, “Inostránnaia Literatúra”, “Interpoézia”, “Nóvoe Literatúrno”, “Obozrénie”, “Nóvaia Iunost”, “Nóvyi Béreg”, “Nóvyi Mir”, “Oktiabr”, entre outras.

Foi finalista do Prêmio Yuri Kazakov (2000), vencedor do concurso literário online Ulov (2000), laureado com o prêmio da revista “Drujba Naródov” (2000) e do prêmio Poesia com Sinal de Mais (2020).

Kostiukov é autor de dez livros, metade dos quais prosa e a outra metade poesia. Seu último trabalho foi publicado mês passado: “Prezados Passageiros” (“Uvajaemye Passajiry”), de qual foram traduzidos os dois poemas finais desta seleta.

1

Padrinho

Jamais faça perguntas sobre o meu trabalho

Jamais faça perguntas sobre o meu trabalho

Tudo bem — pela primeira e última vez —

tu podes me fazer perguntas sobre meu trabalho

No azul do ar a última se evade uma nota

no campo há quem o ouro do ceral ensaque

Exaustos estão saindo de um trabalho que importa

quem os vai conduzindo é um grande Cadillac

Muito sangue ruim terá que se verter

Melhor afastar-se do fluxo dessa trilha

Jamais una-se com alguém a menos que

a menos que seja da família.

E enquanto a lua dos teus olhos estiver viva

ao receber a resposta, repita-a tal e qual:

Isto é importação de azeite de oliva

São só negócios mesmo. Nada pessoal.

2

Nadando na escuridão

Eu tinha um conto sobre um amor feliz

bem, era um conto, os personagens que fiz

na noite do sul com a escuridão caindo,

eles fizeram sexo, resumindo.

De manhã o personagem na praia passeou

mas sem achar aquela com quem se deitou

e amor diurno, como todo bem que se quis,

acabou sendo pra ele o mais feliz.

3

Se a primeira chance foi felicidade

uma segunda,

não darão

Tua perspectiva é retrospectiva — suave

outono da estação

Não mire o que está pra lá

não acenda os olhos

quem é que decifrará

o que virou espólio?

É tão bom ficar com uma esperança:

ele não exige nada.

É tão bom se perder entre as camas

do mundo com um lugar

pra cada.

Isso tudo é tão belo, não é verdade?

Se a primeira chance foi felicidade

embale-a, de mão beijada.

Astier Basílio, escritor, tradutor e crítico literário, é colaborador do Jornal Opção.