13 poemas da vertente mais minimalista do russo Iúri Tatarenko
01 março 2025 às 21h00

COMPARTILHAR
Astier Basílio
De Moscou
Conheci Iúri Tatarenko em Kaliningrado. No Festival Voloshin de Literatura. Em tom de brincadeira, haviam proibido o bardo de participar de um concurso no qual se elegiam os melhores poemas que eram escritos quase de improviso. Iúri Tatarenko havia vencido duas vezes seguidas.
Nascido em 1973, Iúri Tatarenko é poeta, prosador e dramaturgo, além de crítico e tradutor.
Colaborador atuante da “Literaturnaya Gazeta”, um dos jornais de literatura mais tradicionais da Rússia, Iúri Tatarenko é vencedor de alguns prêmios literários e publicou em importantes revistas literárias da Rússia, Ucrânia, Estados Unidos, Alemanha e França.
Seus poemas já foram traduzidos para as línguas altaica, khakas, tuvana e espanhola. Iúri Tatarenko mora na Sibéria.
Sua produção poética, disposta em 13 livros, é diversa e variada. Traduzo 13 poemas da vertente mais minimalista da poesia de Iúri Tatarenko.

1
As gralhas voaram
Pra perguntar
Daqui pro cosmos demora
2
Sempre esqueço de perguntar
Onde foi que o céu pegou
Este bronzeado azul-azul
3
Nó das estrelas
Atado perpétuo
No céu à noite
Uns mil lembretes:
Tu não regressarás
4
Pela janela fiquei olhando
Todo ouvido ao canto dos pássaros
Duas coisas úteis em sequência
Feitas por mim
O dia foi salvo
5
Bétulas depois da chuva
Como antes creem no seu molhado deus
Que faz de tudo
Para que eles nunca vejam
O depósito de lenha atrás da casa
6
Terminei de contar sete cicatrizes
Do mesmo cumprimento
Enquanto crianças sorriam: arco-íris
7
Cai a chuva aos meus pés
E ainda assim fica tentando
Me dar uma bofetada
8
Como descobrir com as flores
Qual é o cheiro
Do sovaco das borboletas!
9
Queimo cartas
Toco fogo no papel
E não há nada mais em nossa casa
Que possa pegar fogo
10
Na parte de trás
Da certidão de dissolução legal do casamento.
Eu não escrevi
nenhum poema sequer
11
Um sorriso tranquilo
É
Para toda a morte
12
O vento antes de me golpear com o punho
Me golpear o rosto
Anuncia: “Também tenho 52”.
E isto é tudo o que sei sobre poesia.
13
Quatro versos sobre a poesia contemporânea
)
)))
)
)))
Astier Basílio, jornalista e escritor. Doutorando em literatura russa, no Instituto Górki, de Moscou. É colaborador do Jornal Opção.
