Trump diz que Rússia e Ucrânia estão na fase final das negociações por acordo de paz
28 dezembro 2025 às 19h07

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo, 28, que Rússia e Ucrânia chegaram ao estágio final das negociações para a implementação de um plano de paz que possa encerrar a guerra. A declaração foi feita ao lado do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pouco antes de uma reunião entre os dois para tratar do tema.
Ao receber Zelensky na Flórida, Trump disse acreditar que há disposição dos dois lados para um acordo e destacou o papel da Europa na tentativa de viabilizar um cessar-fogo. Segundo ele, as conversas são complexas, mas avançaram de forma significativa nas últimas semanas.
“Estamos na fase final das negociações. Ou isso termina agora ou vai se arrastar por muito tempo, com milhões de pessoas morrendo”, afirmou o presidente americano. “Acho que podemos avançar rapidamente.”
Trump ressaltou que não há um prazo definido para a assinatura de um acordo de paz, mas afirmou que está em discussão um “forte acordo de segurança”, que também traria benefícios econômicos para a Ucrânia no pós-guerra.
Zelensky agradeceu a mediação dos Estados Unidos e disse que a equipe ucraniana trabalha intensamente tanto no texto do acordo quanto nas garantias de segurança. Diante de jornalistas, o presidente evitou comentar se Kiev estaria disposta a ceder territórios à Rússia, um dos pontos mais sensíveis da negociação.
Antes do encontro, Zelensky afirmou que pretendia discutir com Trump o futuro da região de Donbas, no leste da Ucrânia, além de outros temas ligados à segurança nacional. Após a reunião, ele deve manter contatos telefônicos com líderes europeus.
As conversas ocorrem após semanas de articulações diplomáticas envolvendo Estados Unidos e países da Europa, que buscam assegurar compromissos de segurança para a Ucrânia no cenário pós-guerra. No sábado, 27, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que a Rússia seguirá com o conflito caso a Ucrânia não aceite um acordo em curto prazo.
Pouco antes do encontro com Zelensky, Trump revelou ter tido uma ligação telefônica “muito produtiva” com Putin, com duração de pouco mais de uma hora. Ele não deu detalhes sobre o conteúdo da conversa, mas disse que um novo contato com o líder russo deve ocorrer após a reunião deste domingo.
O Kremlin informou que Trump e Putin não apoiam a proposta europeia de um cessar-fogo temporário antes de um acordo definitivo. Moscou também voltou a defender que a Ucrânia tome uma “decisão ousada” em relação aos territórios em disputa.
Impasses centrais
A Ucrânia afirma já ter concordado com a maior parte do plano de paz proposto pelos Estados Unidos. Zelensky disse na sexta-feira, 26, que o documento está 90% concluído, mas o principal entrave continua sendo a definição territorial.
A Rússia exige controle total de Donbas, enquanto a Ucrânia defende o congelamento das linhas de frente atuais. Entre as propostas em discussão estão a criação de uma zona econômica livre na região e o controle compartilhado da usina nuclear de Zaporizhzhia, embora ainda não haja consenso sobre como essas medidas funcionariam.
Atualmente, Moscou controla a Crimeia, anexada em 2014, além de cerca de 12% do território ucraniano, incluindo grande parte de Donbas e áreas de Zaporizhzhia, Kherson, Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk, segundo estimativas russas. Putin sustenta que qualquer acordo deve se basear nas condições apresentadas por Moscou em 2024, que incluem a retirada ucraniana dessas regiões.
Outro ponto central é a exigência russa de que a Ucrânia abandone o plano de adesão à Otan. Zelensky e aliados europeus temem que concessões excessivas à Rússia fragilizem a segurança regional e deixem a Europa responsável pela reconstrução do país.
Autoridades ucranianas e líderes europeus avaliam que a guerra representa uma tentativa de expansão territorial russa e alertam que uma vitória de Moscou na Ucrânia poderia abrir caminho para novas ameaças a países da Otan no futuro.

