Sheikh Hasina é condenada à morte por crimes contra a humanidade em Bangladesh
17 novembro 2025 às 08h26

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A ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi condenada à morte nesta segunda-feira, 17, por crimes contra a humanidade. O Tribunal de Crimes Internacionais de Daca concluiu que ela ordenou a repressão violenta aos protestos estudantis de 2024.
O juiz Golam Mortuza Mozumder afirmou que “todos os elementos do crime contra a humanidade foram comprovados” e impôs a pena máxima. O veredito foi anunciado sob forte segurança e sem a presença de Hasina, que fugiu para a Índia em agosto de 2024. Ela ainda pode recorrer à Suprema Corte.
A condenação ocorre mais de um ano após as manifestações da Geração Z contra o sistema de cotas que favorecia parentes de veteranos de guerra. A repressão deixou mais de mil mortos e milhares de feridos, segundo a ONU, no episódio mais violento no país desde a independência, em 1971.
Hasina classificou a decisão como “enviesada e politicamente motivada”. Ela alegou que o governo perdeu o controle da situação, negou ter ordenado ataques deliberados contra civis e afirmou não ter tido acesso pleno à defesa. Representada por um defensor público, contestou todas as acusações.
A sentença é anunciada a poucos meses das eleições parlamentares, marcadas para fevereiro. O partido da ex-premiê, Liga Awami, está impedido de participar do pleito, e o veredito deve intensificar tensões políticas.
Hasina, de 78 anos, governou Bangladesh de 2009 a 2024. Inicialmente vista como uma líder pró-democracia, passou a ser criticada pela repressão à oposição e por violações de direitos humanos. Ela deixou o país durante a escalada dos protestos estudantis, que exigiam sua renúncia. Desde então, Bangladesh é administrado interinamente pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus.
Durante o julgamento, promotores afirmaram ter provas de que Hasina ordenou o uso de força letal. A ONU estima que até 1.400 pessoas foram mortas entre 15 de julho e 5 de agosto de 2024, principalmente por disparos das forças de segurança.
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