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Os Estados Unidos decidiram reforçar sua presença militar na América Latina e no Caribe com o envio de mais de 4 mil fuzileiros navais e marinheiros, em uma ação que o governo Donald Trump classifica como estratégica para combater cartéis de drogas considerados ameaça à segurança nacional.

De acordo com informações da emissora CNN, que ouviu três funcionários do Departamento de Defesa americano, a mobilização inclui o deslocamento do Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima e da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais para o Comando Sul (Southcom). O reforço é acompanhado de outros recursos militares de peso: um submarino de ataque nuclear, aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon, além de contratorpedeiros e um cruzador de mísseis guiados.

O alvo: cartéis classificados como terroristas

A medida tem como objetivo enfrentar organizações narcoterroristas. Em fevereiro, o governo Trump havia elevado o tom contra o crime organizado ao classificar como grupos terroristas seis cartéis de drogas mexicanos – entre eles, o Cartel de Sinaloa e o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG). Também foram incluídos na lista o grupo venezuelano Tren de Aragua e a gangue salvadorenha Mara Salvatrucha (MS-13).

Fontes do Pentágono afirmam que os recursos adicionais permanecerão mobilizados “ao menos pelos próximos meses”, enquanto a Casa Branca avalia a evolução da operação.

Pressão internacional

O anúncio ocorre em meio a um contexto de escalada no discurso de Trump contra o narcotráfico, especialmente no hemisfério ocidental. Em março, os EUA já haviam enviado contratorpedeiros para áreas próximas à fronteira mexicana como parte da missão de reforço do Comando Norte, voltada ao controle da entrada de drogas e imigrantes ilegais.

Na semana passada, o jornal The New York Times revelou que Trump teria assinado uma diretiva autorizando o uso de força militar contra cartéis em território estrangeiro. A possibilidade gerou forte reação no México, cujo governo descartou a presença de tropas americanas em seu solo, reforçando que qualquer ação deve respeitar a soberania nacional.

O que está em jogo

Para Washington, os cartéis latino-americanos deixaram de ser apenas um problema policial e se tornaram uma ameaça direta à segurança nacional. Ao classificar as facções como narcoterroristas, o governo Trump busca justificar o uso de instrumentos de guerra, como operações militares internacionais, inteligência avançada e alianças estratégicas.

Especialistas, porém, apontam que a medida pode aumentar tensões diplomáticas na região. A presença de tropas e embarcações de guerra americanas no Caribe e na América Latina reacende debates sobre a influência dos EUA no hemisfério, em um momento em que o continente enfrenta instabilidade política e crises de segurança.

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