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O primeiro-ministro do Nepal, K.P. Sharma Oli, renunciou nesta terça-feira, 9, após dias de intensos protestos anticorrupção que desafiaram um toque de recolher e resultaram em confrontos com a polícia. A crise política ocorre um dia depois de 19 pessoas morrerem e mais de 100 ficarem feridas durante manifestações contra a proibição temporária de redes sociais.

O governo havia suspendido a restrição na segunda-feira, 8, após os protestos se intensificarem e a polícia usar gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter manifestantes que tentaram invadir o Parlamento. A violência, segundo autoridades, é a mais grave em décadas no país himalaio, que enfrenta instabilidade política e econômica desde a queda da monarquia em 2008.

Em carta ao presidente Ramchandra Paudel, Oli afirmou ter renunciado “para facilitar a solução do problema e ajudar a resolvê-lo politicamente de acordo com a Constituição”. O assessor de Paudel confirmou que a renúncia foi aceita e que já foram iniciadas consultas para a escolha de um novo líder.

O Exército do Nepal publicou mensagem em rede social pedindo moderação da população diante da crise.

Aos 73 anos, Oli estava em seu quarto mandato como premiê, iniciado em julho de 2024, e era o 14º chefe de governo desde a transição política de 2008. Dois ministros já haviam deixado seus cargos na segunda-feira, alegando razões morais para não permanecer no gabinete.

Mais cedo, Oli havia convocado uma reunião com todos os partidos, defendendo o diálogo pacífico e lamentando as mortes nos protestos, que classificou como resultado de “infiltração de diferentes centros egoístas”. Ele, no entanto, não respondeu diretamente às acusações de corrupção feitas pelos manifestantes.

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