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Após registrar ao menos 19 violações de seu espaço aéreo por drones durante um ataque em larga escala da Rússia contra a Ucrânia, a Polônia convocou, nesta quarta-feira, 10, seus 31 aliados da Otan para discutir os desdobramentos da crise.

O primeiro-ministro Donald Tusk afirmou no Parlamento que “não há motivo para dizer que estamos em um estado de guerra”, mas alertou que a situação atual “é significativamente mais perigosa do que as anteriores” e que o risco de um conflito de grande escala “está mais próximo do que em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial”.

Varsóvia e o presidente Karol Nawrocki decidiram acionar o artigo 4º da Carta da Otan, que prevê consultas entre os membros quando a soberania de um país da aliança é violada. Foi a oitava vez que o dispositivo é usado desde 1949. Embora não tenha havido vítimas ou danos graves, os destroços de drones caíram em diferentes regiões do país.

Pela primeira vez desde o início da guerra, caças da Otan dispararam contra aeronaves não tripuladas russas. F-16 poloneses e um F-35 holandês participaram da operação, além de aeronaves de apoio da Holanda, Alemanha e Itália. Aeroportos em Varsóvia e em outras cidades chegaram a ser fechados temporariamente.

A Rússia negou responsabilidade. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que “os europeus sempre acusam Moscou de provocações”, e o encarregado de negócios em Varsóvia alegou que “os drones vieram da Ucrânia”. Já a União Europeia e líderes ocidentais classificaram o episódio como “ataque deliberado” e “absolutamente irresponsável”. Até mesmo o premiê húngaro Viktor Orbán, aliado de Vladimir Putin, reconheceu a gravidade da violação.

O temor é de que o episódio provoque uma escalada indesejada entre Moscou e a Otan. Analistas levantam a hipótese de que o desvio de drones para a Polônia tenha sido um teste às capacidades de defesa da aliança militar, ou até mesmo um recado diante da pressão dos EUA para ampliar sanções contra compradores de petróleo russo.

O incidente ocorre às vésperas do exercício militar Zapad, que a Rússia promove em parceria com Belarus. Embora neste ano o número de soldados mobilizados deva ser menor, o treinamento incluirá simulações de ataques nucleares táticos — o que aumenta ainda mais as tensões no Leste Europeu.

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