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Integrantes da cúpula militar brasileira preveem que a Venezuela invadirá pelo mar, e não por terra. O Essequibo, região em disputa territorial, representa mais de 70% do território da Guiana. Para invadi-lo por terra, Nicolás Maduro teria que necessariamente passar pelo território brasileiro, o que embora seja possível, não parece provável no contexto atual.

Segundo o coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, a fronteira entre Venezuela e Guiana é predominantemente formada por selva, o que impede o deslocamento de colunas de viaturas blindadas e dificulta o deslocamento de tropas a pé, assim como o envio dos suprimentos necessários à manutenção das tropas em combate. Por outro lado, na fronteira com Roraima, a vegetação de campos gerais é adequada ao movimento das tropas.

A Venezuela é o 6º país que mais investe na área militar no mundo, enquanto a Guiana está apenas na 152ª posição, segundo o The World Factbook, da CIA, a agência de inteligência americana.

O Exército brasileiro enviou 20 blindados para Pacaraima, em Roraima, em resposta à tensão na fronteira decorrente da disputa territorial entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo, conhecida por sua riqueza em petróleo. A expectativa é de que a situação não se deteriore, mas a instituição está se preparando para fortalecer sua presença no local.

O ministro da Defesa, José Mucio, afirmou que o deslocamento das unidades já estava planejado para apoiar operações de combate ao garimpo ilegal. No entanto, os blindados também podem ser empregados para garantir a segurança na região.

Território em vermelho é a região do Essequibo. | Foto: BBC News

Invasão por vias terrestres

A fronteira entre Venezuela e a região de Essequibo é predominantemente formada por floresta densa, o que dificulta o deslocamento de tropas e viaturas blindadas.

“A fronteira entre a Venezuela e a Guiana é muito grande, mas uma parte substantiva dela consiste em floresta, com poucas regiões de acesso com característica de cerrado”, disse Augusto Teixeira, professor visitante do Departamento de Estudos da Guerra da King’s College London, à BBC News.

Segundo o especialista, as poucas áreas que estariam disponíveis na divisa para uma incursão venezuelana permitem apenas o uso de poucas forças de infantaria a pé.

Por isso, uma ação mais ampla teria que passar pelo território brasileiro, onde há rodovias que permitiriam a locomoção.